Hoje compartilho minhas solidões poéticas com a professora e
amiga teresopolitana Maria de Fátima Pereira Machado. Após muita insistência minha (imenso
lirismo não deveria ficar escondido nas gavetas do esquecimento), Maria de Fátima
aceitou ceder um de seus poemas ocultos em seu armário lírico. Nesses tempos
chuvosos, a escritora declara que traz dentro de si “poemas em gotas” e busca
transmitir a todos alguma mensagem de solidariedade e esperança.
Em sua estréia
no blog, Maria de Fátima nos traz uma solidão pouco explorada ainda nessa seção:
a solidão do outro, a solidão daqueles que vivem ao relento e precisam de nosso
apoio, um grito sussurrado, um apelo para que nos tornemos mais humanos e menos
egocêntricos, um poema para ler e pensar:
Amigo, que fazes aí no sereno?
Não tens lar por isso fazes da rua tua casa?
A calçada-cama é desconfortável
Mas convidativa depois do trago fatal que te jogou aí...
O vento te nina.
Dormes encolhido como se tivesses medo de roubarem teu
sono...
ùnica coisa que tens.
Os homens bem vestidos não te admiram... te criticam
Não querem saber que tu és ser humano,
necessitando só de um apoio para te levantar.
Só hoje, amigo, pensei em ti demais.
Te tornando poesia integrante de uma vida que é minha,
mas é muito mais tua.
Eu falo de dor
E tua vida é uma ferida mal curada
que só uma gota de remédio pode sarar:
A compreensão...
Coitado de ti, amigo!
Que belo poema. "Coitado de ti, amigo!" é o sentimento que Fátima Machado tem por este anonimo amigo, mas é também o mesmo sentimento que sinto por cada um de nós por fomentar a permanencia desses amigos "invisíveis" ao largo da sociedade. Entre eles e nós, quem é mais digno de pena somos nós, pois aquele é coitado por circunstancias e nos por indiferença.
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