Hoje compartilho minhas solidões com mais um grande poetamigo que conheci no grupo do facebook "prana puro" (mais conhecido como "uma espécie de oficina poética do Kareca" - eterno artista plástico de Valença/RJ); hoje quem aceitou o convite de trazer um novo olhar poético para a solidão é Arrthur Leite. Carioca, crescido em Valença/RJ, Arthur declara ser "uma pessoa comum", informação autodescritiva questionável quando nos deparamos com os poemas deste fabuloso escritor. Segundo o autor, o poema compartilhado aqui foi escrito há algum tempo; porém Arthur Leite nos promete novos poemas: "Penso em escrever algo novo mas preciso algum
tempo para amadurecer a ideia em mim." Torçamos, leitores, pela continuidade e multiplicação dessas solidões poéticas coletivas:
Avesso
Por que me sinto assim tão alheio, impertinente, avesso
Que lugar poderá me acatar? E o que há não me olho lá
Se não sei o querer de mim, se sou o revés do espelho
Ao mesmo tempo, ir-me querendo, deixar-se ir me virar
Brincando de ser deus, Eu. E brincar de ser um mesmo
Não me cobre posições também não tente me demostrar
Se até Deus sabe que desse jeito vão bem vejo e creio
Que não há verdade que se mostre crua, nua a olhar
Menos pelo avesso, e não me escondam os desejos
Caminhos se inventam, pelos olhos, os meus poros
Mesmo cerrado, o que deixa crescer desvela ensejo
Esse saber que deixa a vida nua a cobrir-se seu colo
Quanto mais se mostra, mais intrincado me entrevejo
Deixo a quem queira encontrar sentido a meu modo
Que posso dizer mais
ResponderExcluirque doeu?
Então eu amadureceu
cresceu
morreu
Deu seu lugar
pra mim
Alguém tão perto
sem que soubesse
Assim, completo
posso esperar por você
Num dia como esse
Para sermos gente no plural
Todo dia é a mesma luta
Insisto em ter esperança
por falta de opção
É pra rir
Arthur Leite