Inicio as
postagens de 2012 pedindo perdão aos leitores: meu temporário sumiço aconteceu
devido a viagem a São Pedro da Serra, distrito de Nova Friburgo/RJ, onde passei
o Réveillon. Essa parte turística da região serrana, na qual estive nos últimos
dias, me somou grandes e belíssimas imagens e aventuras poéticas, porém me
afastou dos meios virtuais, pois não havia conexão com a internet na área onde
eu fiquei hospedado (fator que gerou férias forçadas do blog). Como João de Santo
Cristo da canção “Faroeste Caboclo”, da banda Legião Urbana, conheci muita
gente interessante, muitos lugares líricos e agradáveis, mas, para viver tal
epopeia, sacrifiquei meu ambiente virtual, fato que não é pra se lamentar, e
sim para sorrir – só estamos bem no virtual, quando sabemos viver e conviver no
mundo real (meu Tio Jorge, dono de bar, já dizia: “Se estamos bem, está tudo
bem!”). Me desculpem pela ausência, amigos leitores, mas desapareci para o meu
bem, para a continuidade do blog, para o bem de nossa relação (às vezes,
leitores e escritores precisam dar um tempo pra se reavaliarem, sentirem
saudades e assim caminha nossa eterna relação amorosa pela leitura rs) e como
diria os Paralamas do Sucesso, eu estive fora uns dias e trouxe tanta novidade
(...)!!!
Sobre
previsões para este novo velho ano (os anos novos já nascem velhos de tantas
promessas impossíveis que a gente cisma de repetir sem convencer nem os nossos
próprios ouvidos), não as farei – deixo isso ao site do Kibeloco que já o fez
primorosamente (confiram no link:http://kibeloco.com.br/platb/kibeloco/2011/12/29/globo-com-2012/#.TvzIrQScPlI.facebook) e ao Dr. Lisérgio Virabossa (suas previsões estão
no blog do mestre Alexandre Fonseca: http://algumcantoemseusorriso.blogspot.com/p/previsoes-para-2012-pelo-dr-lisergio.html) . Não tenho a cara de pau dos videntes
para sempre profetizar fatos que raramente acontecerão da forma como são
previstos; nunca fui bom acertador de jogos de bicho, nem adivinhei os números
da Mega Sena da virada pra gastar minhas fichas nos dados viciados da roleta do
futuro. Do amanhã saberei quando ele tornar-se hoje.
Quanto às
velhas promessas de ano novo, ah! como todos, sigo esse tradicional e falho
ritual: após bilhões de juramentos na virada do ano, dormi o falecido 2011,
sonhando acordar 2012 com a beleza permanente de Tom Cruise com retoques de
photoshop e alma limpa como a de Gasparzinho; resultado: acordei pro espelho de
primeiro de janeiro com o mesmo rosto que eu tinha (talvez com uma ruguinha a
mais e aquela velha ressaca do novo réveillon) e meu espírito está longe de ser
um fantasminha camarada. Em resumo: amadurecemos a cada dia, amigo leitor, mas
não viramos totalmente outros só porque o ano virou – não se rasga uma
personalidade nossa só porque jogamos a folhinha do calendário passado por uma
nova; a confecção, os números com os quais simbolizamos os dias, os meses são
todos iguais; a essência é a mesma e a mudança é lenta; se queremos realmente
nos renovar, deixemos a hipocrisia pra trás: amadurecemos sim, mas não mudamos
totalmente. A vida não retoca e virada de ano não desenha um novo ser humano:
abrimos novas portas, mas os muros da individualidade – por mais que os
escondamos com poucos tijolos ou novas pinturas – permanecem ali, só podem ser
derrubados lentamente e não com um chute vão na efêmera euforia coletiva do fim
do ano.
Sobre o mundo
novo, ah! todos com “Imagine”, de Lennon, na cabeça, mas a canção sai quase
calada no elitismo estrondoso dos fogos de artifícios: mais cidades em estado
de alerta por causa da chuva (por sinal, Nova Friburgo é uma delas), os podres
poderes continuam inatingíveis pelas tragédias e por suas corrupções, o de cima
sobe e o de baixo desce, e tudo que digo não é pessimismo: é constatação, amigo
leitor, abra os olhos, o estourar de sidras e champagnes não vai mudar a
realidade se continuarmos achando que o mundo vai mudar porque embriagamos. Encaremos:
2012 só será diferente quando cuspirmos o pouco pão e renunciarmos ao
famigerado circo; enfim, vivas ao Novo Ano e vaias à Ultrapassada Ingenuidade
Festiva.
Resumindo,
amigos leitores, saúdo a todos por uma humanidade melhor, por um ano novo
melhor, mas lembro que continuo quase o mesmo (a mesma língua afiada na lábia
macia, ou a mesma língua macia na lábia afiada, ou sintetizando: o paradoxo
continua beijando os lábios da minha poesia) e nego a tradicional despedida do
ano velho: nada de “adeus, ano velho” - que ele fique em nossa memória pra não
nos tornarmos os novos e velhos babacas hipócritas de outroras. Que tudo se
reanalise no complexo divã do ano novo que já nasceu e que, sem dormirmos de
frente pro relógio psiquiatra dos tempos, nos tornemos seres humanos melhores
para o bem do consultório de nossas insanas almas. Que o próximo réveillon seja
apenas uma nova festa pra comemorarmos o que já mudou e não um rosário de
promessas velhas pra repetirmos o que nunca se realizou.
Impressionante como um simples diário de viagem se faz soar de forma poética e que prende a atenção até ao final.
ResponderExcluirConcordo contigo Carlos, jogar fora o ano velho é tornar-se tabula rasa. Não abdico de minhas experiencias vividas.
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