segunda-feira, 25 de julho de 2011

In memoriam: Delírios líricos com Bukowski

Segunda-feira cinza tem cara de Bukowski

Segunda-feira cinza... Este céu nublado, este ar preguiçoso de férias escolares me lembra poemas de Charles Bukowski – um poeta recomendado para leitores adultos e quase proibido em círculos de leituras estudantis (um livro de contos dele “A mulher mais linda da cidade e outras histórias” – o conto-título é fabuloso! – foi recolhido pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo após protestos de pais evangélicos [quem diria, o livro Fahrenheit 451 tinha razão: a censura aos livros aos poucos retorna ao nosso mundo ‘livre e moderno’]). Alguns me dirão que os poemas do velho Buck – como ele às vezes é intimamente chamado – não são poemas, e sim prosa em verso; não discutirei formatos e estilos – como diria o próprio poeta, ‘estou cagando pra isso’ -, sendo poemas autênticos ou não, seus textos estão impregnados de um lirismo cinza, ressaqueado e doloroso como essa segunda-feira de julho, cheia de expectativas frustradas e sonhos mal dormidos. O velho e safado Buck, seja em prosa ou poema, bêbado ou de ressaca, está neste céu de segunda-feira, eu sei, eu vi!

Francos-fragmentos-atiradores
Eis um poema do velho Charles Bukowski, traduzido por Manoel A. Domingos, encontrável no excelente blog http://oamorumcodoinferno.blogspot.com/:

verdade


uma das melhores passagens de Lorca
é
“agonia, sempre
agonia…”
lembra-te disso quando
matares
uma barata ou
pegares numa lâmina para
fazer a barba
ou acordares de manhã
para
enfrentar o
sol.

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