Sabe, às vezes,
diante do caos da realidade, me bate um desânimo imenso e essa sensação melancólica
de falta de perspectiva de mudanças e melhores condições de vida costuma me
incentivar o isolamento, atitude tal que me afasta de ser mais constante no
blog. Mas, quando tudo parece estar perdido, sempre surge uma luz – e não a luz
de mais um trem de frustrações para nos atropelar novamente, é a luz da arte,
sim, só a arte e a luta pela sobrevivência dela salvam, amigos leitores. Num
desses períodos, fui privilegiado pela mensagem-surpresa pelo facebook de uma
antiga artistamiga que há tempos não vejo: era Marcela Nascimento Mello, minha
conhecida de Valença/RJ – por intermédio do artistamigo Anderson da Silva Thomé,
a conheci quando ela estava envolvida na apresentação de meu sexto livro “Diários
de Solidão”, em 2010, com o grupo teatral Companhia Artística Phoenix em
parceria com o Grupo Arte-Ofício; algum tempo depois, veria Marcela novamente
em outras apresentações do primeiro grupo citado, entre elas, a fodástica
história de um fantasminha medroso, adaptação teatral de um famoso livro
infantojuvenil (a memória me trai, não me lembro do nome da peça), apresentada
na Casa Léa Pentagna -, bem, até as mensagens mais recentes, só conhecia as
incursões de Marcela no mundo teatral, qual não foi minha grata surpresa ao
saber que ela também é uma fodástica escritora.
Nos últimos
tempos, Marcela me compartilhou o segredo de seus escritos e vem me enviando
fodásticos contos e prosas poéticas de sua autoria, Até o momento, mesmo com
uma certa insistência minha, ela resistiu em revelar sua veia literária aos
demais leitores, mas, finalmente, amigos, recebi uma mensagem de Marcela,
dando-me permissão de postar um de seus contos!!! E hoje tenho a sublime honra
de estrear e compartilhar minhas solidões poéticas com o fodástico conto “O
professor”, da jovem e hipertalentosa escritoramiga Marcela Nascimento Mello! O
conto de Marcela é uma versão com olhar inverso de meu conto “A última poeta” (publicado
no livro “Diários de solidão” [2010] e já postado aqui no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2011/10/poema-letivo-ultima-poeta.html); em sua
emocionante narrativa, temos olhar da aluna para o professor (no meu conto, o
olhar é do professor para a aluna) numa escrita bastante lírica e
excelentemente bem elaborada.
Emocionemo-nos,
amigos leitores, com o emocionante conto “O Professor”, da fodástica
escritoramiga valenciana Marcela Nascimento Mello!
O Professor
Sempre
gostei de chegar mais cedo no colégio, pois sempre ajudava o inspetor de aluno
a apagar os quadros e colocar giz nas salas.
Gostava
de ser a primeira aluna a quem o professor visse, adorava quando elogiava meu
empenho na aula.
Sempre
admirei meu professor de português, adorava o jeito que me ensinava, os
escritores que ele me apresentava em suas aulas, a forma como ele me
incentivava a escrever poesias e outras minhas redações, adorava quando tirava
notas altas, pois sempre queria que meu professor ficasse feliz. Não gostava
quando meus amigos tiravam notas baixas, pois ele ficava
chateado.
Era
uma sexta feira quando fui me despedir do meu professor, pois iria me mudar de
escola, me mudar de cidade.
Não
gostei desse nosso último encontro... Ele ficou triste e me deu um adeus sem
futuro, não tinha mais a certeza se um dia eu o veria de novo. Com medo de
jamais voltar a vê-lo, deixei-lhe uma carta:
Adeus, meu
professor,
Continuarei a
gostar de poesia, mas te prometo, você foi e será meu único professor favorito
de versos e prosas.
Um dia tenho
certeza que irei te encontrar, meu querido professor, pois quero te mostrar
tudo que aprendi com você e quero te mostrar que virarei uma escritora como
você me ensinou a ser.
Beijus,
Sua eterna poeta
Depois
disso, nunca mais vi aquele que fez encantar-me por poesia e literaturas. Será
que ele leu a carta? Preciso voltar e lhe perguntar...
Muito bom. Abraços
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