Foi há um bom tempo bom atrás, na época em que eu
dava aula de Português na Escola Municipal Nadir Veiga Castanheira, em Três
Córregos, região rural de Teresópolis/RJ (sim, foi muito antes da tragédia das
chuvas de 2011, foi num tempo em que meus sonhos bailavam menos melancólicos)...
Naquela época, em nossa pequena imensa escola, eu via cotidianamente a jovem Sayuri
Taminato – as lembranças que tenho de sua imagem são sempre angelicais: ora
sorrindo com aquele sorriso sereno e iluminado que espantaria as nuvens mais
tenebrosas do céu, quase sempre do tipo quietinha, uma aluna aparentemente tranquila,
sempre trazendo aquela luz vital permanente, qualquer estrela por mais
brilhante admiraria o seu brilho humano e natural. Poucas vezes estive na sala
de aula com ela – era aluna das turmas nas quais a professoramiga Rosangela
Alves de Castro lecionava; estive apenas umas poucas semanas na turma de Sayuri
quando Rosangela esteve de licença médica, mas o pouco tempo não desfaz o muito
que sinto pela sua partida. Vinha acompanhando-a virtualmente, como seu amigo no
facebook e, nossa, tão jovem e já construía uma família imensa, unida e feliz,
como o tempo passa, Sayuri, e como o tempo para e inacreditavelmente mortalmente
nos transpassa sem sentido, sem explicar. Como a própria Rosangela citou,
Sayuri “morreu em uma circunstância que não cabe: dando a vida ao pequeno
Rafael”, seu 4.º filho (tão jovem e já construía uma família imensa, unida e
feliz, meu Deus!). E até o drama de sua partida comprova sua face de
super-heroína: Sayuri partiu nas complicações do parto, mas, mesmo assim, deu a
jovem vida pelo surgimento de outra nova vida (poucos conhecidos do nosso dia a
dia seriam capazes de encerrar uma trajetória de luz de forma tão heroica assim...).
Não sei se são os ares melancólicos do céu nublado em Teresópolis, não sei se é
a lembrança infinita do sorriso lindo dela, não sei se é a juventude que tive e
que Sayuri não mais poderá curtir, não sei se foi o inesperado, o
inacreditável, não sei o porquê, mas sua morte me tocou bastante, mesmo sem
conhecê-la tão profundamente. Como Rosangela disse, “a gente se afasta, mas não
deixa de amar essas pessoas que são parte da nossa construção como
profissionais, parte da nossa vida!” Como diria John Donne, " [...] a
morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por
isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti".
Não consigo evitar a canção elegíaca de Renato Russo nesse momento: “É tão
estranho... Os bons morrem jovens... Assim parece ser quando me lembro de
você...” Vai em paz e mantém a paz lírica que sempre transmitiste com teu
sorriso, jovem Sayuri Taminato... Vivemos tempos difíceis... Deus deve estar
precisando de anjos formidáveis e grandiosamente amorosos como você. Na
tristeza fúnebre deste momento, tento me confortar com a lembrança de teu lindo
sorriso, com a torcida pela vitalidade da família que deixas contra tua vontade, mas
não consigo evitar as lágrimas de lamentação por uma juventude iluminada que
inexplicavelmente de repente se apaga. Hoje o sol nem tentou dar as caras,
jovem Sayuri, escondeu-se em luto, lamentando a energia que os raios dele só
encontravam quando abraçavam um sorriso teu...
Olá, caros leitores, bem vindos ao blog daqueles que guardam um sorriso solitário no canto dos lábios que versam sonhos coletivos. Bem vindos ao meu universo virtual poético, bem vindos ao mundo confuso e fictício ferido de imortal realidade. Bem vindos ao inóspito ambiente dos eus líricos em busca de identidade na multidão indiferente, bem vindos ao admirável verso novo.
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