22 de julho, véspera do aniversário do blog (amanhã, o “Diários de
Solidões Coletivas” fará 4 anos de existência, resistência e insistência) e
antecipadamente o blogueiro que vos fala já abre os presentes entregues ao meu
espaço lírico-virtual antes da data comemorativa. Hoje faço uma das coisas que
mais gosto de fazer desde quando criei este blog: compartilhar minhas solidões
coletivas com novos e antigos artistamigos. E, prestes a completar 4 anos, o
blog continua apresentando novidades fascinantes: hoje tenho o prazer de
dividir este espaço lírico-virtual com o muito-mais-que-fodástico (talento novo
no blog, elogio novo devido a grandiosidade do talento) jovem artistamigo Luca
Quitete, de São Gonçalo/RJ.
Conheci Luca Quitete em eventos do Feira Moderna Zine (os sempre
fodásticos Rock na Garagem e Sarau Feira Moderna), primeiramente, o conheci
como o vocalista e um dos compositores da fodástica e vibrantemente underground
Banda Embrião – ali percebi algumas influências do grunge, folk (sem ser Neil
Young; Luca Quitete sempre me lembra que o folk vai além de Neil Young) e de Radiohead; alguns eventos depois, conheci seu lado
poeta, tive a honra de dividir o palco poético do Sarau Feira Moderna com ele,
então percebi outras influências nele, um Poe misturado às extravagâncias dos
personagens de Oscar Wilde, a filosofia grunge beijando os lábios loucos de
Álvaro de Campos, heterônimo aflito de Fernando Pessoa. Conversar com Luca
Quitete é fazer uma tour esquizofrênica pela literatura – às vezes parece um
louco lúdico em nervosas calmarias, às vezes abraça escandalosamente
contradições como verdades sem explicações como um Kurt Cobain que desistiu de
se matar para estrangular a invencibilidade frágil da coerência e senso comum;
conversar com Luca Quitete é uma loucura fascinante, amizade delirantemente única
(ele já me adicionou e me excluiu de seu facebook, mesmo sem ter mudado sua
relação comigo no universo aparentemente real que vivemos; é assim, delírio
amigo, com muita admiração, mas sem nenhuma noção lúcida), poesia pura,
viciante, fascinante, perigosamente poderosa.
Os poemas de Luca Quitete não seguem uma linha de estilo única, seus
eus líricos dançam em labirintos poéticos, ora em versos longos e derramados,
ora em versos curtos e cortantes, denunciam caminhos tortos pela vida e pelos
passeios na literatura universal. Ler os poemas de Luca Quitete é uma
experiência única, uma viagem fascinante, amigos leitores. E, como comprovação de meus comentários,
trago, inicialmente, ao blog 2 poemas de
Luca Quitete (em breve, breve, trarei outras solidões compartilhadas com esse muito-mais-que-fodástico
poetamigo; até porque, para conseguir que ele cedesse seus poemas, tive que
insistir constantemente com o poeta).
Viajemos os olhos, amigos leitores, pelos desacatos sociais e pelas
notas póstumas do Sr. Gray de Luca Quitete. Boa leitura e Arte Sempre!
Desacato Social de Minha Integridade Imoral (mas ao mesmo tempo
passível e compreensível)
Medos e receios,
Timidez e visitas a sebos.
Toda essa história empoeirada,
Cansando meus olhos, já cheios de medo.
Repetitivos métodos não ortodoxos de aprendizagem
Cansam meu corpo e meus pés não reagem.
Inalo todo esse ar sujo e contaminado por chaminés industriais,
Mas não posso reclamar de nada, por estar fumando em um cais.
Fatias de sensações (se é que podem ser cortadas em pedaços como a
carne)
Que se resumem a simplesmente não ter definição do tarde.
Detrito hormonal, transformando-me em algo diferentemente podre,
Resultando em algo que mal se sabe do que é sobre.
(Cansado de tudo isso) Estou continuando,
Afundo a cada instante, traindo a mim mesmo e a minha estante.
Folheio revistas a procura de consolo (embora a busca só traga mais
desespero)
Rótulos comerciais do que se é belo,
Como se essas flores fossem simplesmente algo a ser deixado ao passado,
E que ninguém fosse lembrar-se delas sem ter se emocionado.
Trocas de olhares (que retratam oposição de um a outro)
Enjoos e dores no estomago (devido estar
inserido em situações desconfortáveis)
Olhando-me no espelho e com sono, somente vendo uma figura manchada,
Notas Póstumas do Sr. Gray
Tão belo.
Tão jovem.
Agora, jaz velho enrugado,
Irreconhecível ao chão.
Diz-me que não sou eu,
Embora saiba a verdade.
Não acredite na mentira,
Diz-me que fui teimoso,
E que de todos os gozos e deleites da vida,
Fui moderado.
E meu sótão, como ficará limpo?
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