Yeah, amigos leitores, hoje retorno com dois rock poemas inéditos,
inspirado no célebre álbum “The Dark Side Of the Moon”, da banda britânica de
rock progressivo Pink Floyd.
Produzido em 24 de março de 1973 (período em que o Brasil ainda [sobre]vivia
[a]os macabros anos de Ditadura Militar), o álbum “The Dark Side Of the Moon” marcou uma nova fase no som do Pink Floyd, com
letras mais pessoais e instrumentais menores, contendo alguns dos mais
complicados usos dos instrumentos e efeitos sonoros existentes na época,
incluindo o som de alguém correndo à volta de um microfone e a gravação de
múltiplos relógios a tocar ao mesmo tempo. Os temas explorados na obra são
variados e pessoais, incluindo cobiça, doença mental e envelhecimento,
inspirados principalmente pela saída de Syd Barrett, integrante que deixou o
grupo em 1968 depois que sua saúde mental se deteriorou.
“The Dark Side Of the Moon” foi um sucesso imediato, chegando ao topo
da Billboard 200 nos Estados Unidos e já fez mais de oitocentas e três
aparições na parada desde então, tendo vendido mais de quinze milhões de cópias
e estando na lista dos álbuns mais vendidos da história no país, também no Reino
Unido e na França, com um total de cinquenta milhões de cópias comercializadas
mundialmente até hoje. A obra também recebeu aprovação total dos fãs e
aclamação da crítica especializada, sendo considerado até hoje um dos mais
importantes álbuns de rock de todos os tempos. Tal aclamação já foi reafirmada
pelo famoso compositor, cantor e músico gaúcho Humberto Gessinger, que já
declarou que “tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim, com exceção dos LPs
do Pink Floyd, que tinham dois lados bons”.
A importância artística de “The Dark Side Of the Moon”, somado ao fato
que ele se tornou tema do primeiro Sarau “Poetizar”, organizado por Cíbila
Farani, Raquel Leal e outros fodásticos artistamigos, , que acontecerá hoje,
dia 14 de março, às 19:30h, no Billa’s Bar, no bairro Monte D’Ouro, em
Valença/RJ, me inspiraram a fazer (sub)versões poéticas de algumas canções do
aclamado álbum da banda Pink Floyd. Escolhi duas canções do álbum (na verdade,
3, pois uma tem o conteúdo parecido com outra): “Speak to Me" (muito
parecida com "Breathe") e “Time”. Para construir a subversão poética,
me baseei (como quase sempre faço) na melodia em detrimento do conteúdo das
canções. Nas minhas (sub)versões, coloquei como temática o contexto histórico do
Brasil de 1973, época na qual o álbum foi lançado (essa escolha não foi à toa,
visto que atualmente vemos diversos fanáticos, analfabetos funcionais de nossa
História, pedindo o retorno de um dos regimes mais macabros, autoritários e
sanguinários que o Brasil já teve). Para manter a atmosfera progressiva de
releitura, rebatizei o álbum de “O lado escuro de MUon” (o nome “MUon” é uma
corruptela do nome do popular jogo em 3D “MU Online”, ambientado numa atmosfera
medieval). O subtítulo inventado (“A ditadura dos Moobs”) segue a mesma lógica:
moobs são os montros que habitam o continente de MU. Os títulos dos poemas
foram inspirados em versos das canções que subverto: “Os conselhos do coelho
corredor” é inspirado no verso “Run, rabbit, run”, da canção “Speak to Me",
enquanto “O tiro da largada que nós perdemos” vem do verso “You missed the
starting gun”, de “Time”.
Como sempre, não sei se o resultado das minhas subversões poéticas
agradará aos amigos leitores, mas confesso que me divirto com essas brincadeiras
líricas, afinal fazer arte é experimentar as possibilidades infinitas da
escrita e tentar de, alguma maneira, viajar progressivamente em busca de uma
revolução na fazer poético. Espero que gostem, progressivos amigos leitores!
O lado escuro de MUon
(A ditadura dos Mobs)
I
Os conselhos do coelho corredor
Brinde, brinde o que não quer
Só vive aquele que o caçador bem quer
Minta, minta inclusive pra mim
Louve a sorte
De se dividir entre Grécia e Roma.
Agora você vive no high society
Sem que nenhum caçador o cace
Todos os demônios lhe tratam bem
O único problema é se tornar demônio também.
Dance, dance com quem roga a morte
Finja que há amor pelos que derramam sangue
Esconda os fatos, evite os danos
Pois só morre
O que se indigna com tanta falta de amor.
Agora você vive no high society
Sem que nenhum caçador o cace
Todos os demônios lhe tratam bem
O único problema é que agora é demônio também.
II
O tiro da largada que nós perdemos
Para ser lido ao som de "Time"
Eu sempre odiei aqueles momentos porcos em que me guardei
Frente a você deixando aqueles caçadores nos vencerem
Eu passava mal, mas pela paz do mal eu lhes pagava pau
E deixei que um por um eles tirassem todos nossos bens
Tarde demais, nenhuma chance
Eles levaram o bom em mim e em você
Os caçadores fazem novas bodas hoje
E riem de covardes como eu, como você
E ainda saboreiam a nossa carne
Nos seus churrascos de aniversário
Nós sempre os tolos e eles ganhando
Mais um governo, mais quatro anos
E ano após ano os caçadores sambam e fingem
Que são mui amigos e que só matam desertores e gays
Mas você sabe e eu sei o poço de sangue e de roubo
Que eles escavam toda vez que têm o que querem.
Mais uma vez os cínicos jogam
E sorriem cheios de vaidade
São os fingidos representantes do povo
Podem matar a humanidade mais à vontade
E roubam, roubam, pregando o ódio a desertores e suspeitos gays
É a velha gestapo com novas roupas
Se perdessem, tomariam o poder.
Rolo, rolo outra vez
Pelas altivas lápides do velho novo poder
E o antigo cão rosna como no passado
Escute todos os bons serem sacrificados
Os caçadores continuam aqui
Pintando de sangue o arrabalde
E você nada fez e eu nada fiz
E deixamos que o poço do caçador se esbalde.
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