Não sei se já lhes contei, amigos leitores, mas meus pais foram hippies
(não daqueles convictos, digamos que foram pseudo-hippies rs) em sua juventude –
talvez por isso minhas inspirações e lirismo surjam de forma tão alucinógena e
psicodélica. Baseado nos mais-que-fodásticos artistas (Cazuza, Cecilia Meireles
e Eric Clapton) que serão homenageados no próximo Sarau Solidões Coletivas, que
acontecerá no próximo sábado, dia 28/03, às 17:30h, na Biblioteca Municipal D.
Pedro II, no Centro de Valença/RJ (em frente ao Shopping 99) e super-inspirado
nos mais-que-fodásticos poemas de Lisérgio Virabossa (alter ego de Alexandre
Fonseca, autor do blog “Algum canto em meu sorriso”), me veio a proposta
poética louca de, ao invés de homenagear cada artista com um poema – como o
Mestre Alexandre Fonseca já fez primorosamente -, misturá-los como loucos
personagens de um poema-pseudoquaseantiépico-festivo.
Peço que me perdoem a psicodelia, amigos leitores, é que minha loucura
lírica possivelmente vem de berço...
Quando Cazuza beijou Cecília (ou Eduardo e Mônica em versão cazuzística
com o ritmo de Cecilia e solos de Clapton)
Anjo de asas feridas,
fatigada de amores suicidas,
Cecília era um misto
de tristeza incontida
com ares inconfidentes
de pequenas alegrias.
Conheceu Cazuza numa festinha
de poetas loucos e princesas vadias.
Rapaz burguês mendigando orgias,
Cazuza lhe parecia um maior abandonado,
capaz de largar todo dinheiro herdado
por mais uma dose de poesia.
Cada vez mais próximo de Cecília,
Cazuza bebia com seu amigo Eric
uns drinks de blues
misturados com cocaína.
Fã de todas as liberdades
ainda que tardias,
Cecília não os condenava,
Cecília nada dizia.
Nem homem, nem mulher,
Cecília instigava Cazuza
a imaginar ousadias:
no vazio de anseios femininos ou masculinos
daquela senhora tão menina,
ele podia inventar todas as fantasias.
Teria os prazeres de homens, mulheres,
sapatões e bichas
na viuvez sexual rebelde
da andrógina Cecília.
Exagerado, jogou mil rosas roubadas
no colo ardente da amena Cecília,
seu novo vício,
sua mais pura heroína.
Enquanto isso, seu amigo Eric
em outro canto, fazia
poções de rock
em caldeirões de psicodelia.
Então Cazuza finalmente beijou Cecília
e, a partir daquela delícia, toda poesia explodiria
em flits paralisantes de festiva melancolia.
As juras de amor eterno
que ambos fizeram naquela noite
duraram apenas até o raiar do dia.
Cecília se sentia lua adversa
e Cazuza era doente de boemia,
porém o beijo deles
guardaria implacavelmente
a eternidade prometida:
Cecília sopraria pro vento
a efemeridade do tempo,
o derramar de amor
em cada despedida,
enquanto Cazuza a Eric confessaria
que com os outros transou
a morte e a vida,
mas somente com Cecília,
ele gozou poesia.
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