Hoje o blog inicia sua semana de comemorações e homenagens
ao Dia Internacional da Mulher. Por esse motivo, as postagens, a partir de
hoje, trazem aqueles encantos únicos que só as grandes poetas (e os olhos
fascinados pelo encantamento poético dessas sereias nos encontros das águas dos
mares oculares dos leitores e dos poetas, é claro) sabem dar.
Pra começar, compartilho pela primeira vez as minhas solidões poéticas com a fodástica
poetamiga Ágatha Barros, jovem escritora de Valença/RJ. Conheci a talentosa
poeta através da amiga Bia e de Luciane, mãe da poeta. Após alguns desencontros
(computador que pifa, etc) e alguma insistência, finalmente meus olhos tiveram
a oportunidade de prestigiarem a veia poética de Ágatha Barros. Descobri que
temos muita coisa em comum: amamos o mesmo estilo musical – yeah, viva o rock
nacional! – e atualmente ela faz o ensino médio no mesmo colégio onde cursei os
últimos anos do ensino fundamental e o ensino médio também: o histórico Colégio
Estadual Theodorico Fonseca.
Ágatha Barros, ao contrário de muitos outros jovens, nada
contra a corrente daquilo que chamamos ‘cultura de massa’ (os populares e
alienantes tchê tchê rê rês) e coloca seu eu lírico em defesa da literatura e
do rock nacional. É notável a quantidade de recursos expressivos e estilísticos
que a jovem poeta usa na construção de seu poema, Traz nos seus versos o ritmo
rockeiro nacional em rimas bem arranjadas, que, apesar de não serem
consideradas ricas (rima rica é quando são usadas palavras de diferentes
classes gramaticais com os sons finais iguais para a construção do ritmo),
casam bem com o estilo das bandas de rock nacionais das décadas de 1980 e 1990.
Além disso, Ágatha usa bem as anáforas (repetições de palavras e/ou expressões
em diversos versos do poema) para transformar o seu poema em um hit hipnótico
para o leitor; utiliza ironias para destacar suas críticas à alienação, faz uso
da aliteração (repetição de sons) em diversos momentos (a repetição do
melancólico som do /m/ nos primeiros versos e a repetição do sonoro /l/ no
verso “ler livros deveria ser lei”) e lapida alguns versos com o uso (um tanto incomum
em jovens poetas) do hipérbato, que é a inversão da organização natural de uma
oração (como no penúltimo verso “Sou eu apenas uma menina”, que inverte a ordem
natural da organização da oração, que seria ‘Eu sou apenas uma menina’), prova
de sua consciência quanto à necessidade do jogo das palavras para aprimoramento
do ritmo eletrizantemente suave do poema.
Em tempo: Ágatha Barros estreou e brilhou no mais recente
Sarau Solidões Coletivas In Bar, no Mineiru’s Bar, do dia 16 de fevereiro,
declamando o poema que compartilho hoje, e me prometeu retornar no próximo
Sarau Solidões Coletivas In Bar Especial da Mulher, do próximo sábado, dia 09
de março, na Cantina Água na Boca, na Praça XV de novembro, 452, no Centro de
Valença/RJ (na rua atrás da Catedral Nossa Senhora da Glória), às 19h.
Aplaudamos de pé esse novo talento, amigos leitores! E mais
uma vez gritemos: Viva Ágatha Barros!!! Viva o Rock Nacional!!!
Uma menina fora do padrão
Em um país onde as músicas
são baseadas em tchê tchê rê rê
e mulheres são nomeadas como frutas,
ler livros deveria ser lei
e um poeta deveria ser rei.
Em um país em que a pobreza
não importa tanto quanto a Copa
e beleza significa mais que caráter,
quem sou eu?
Uma menina fora do padrão
que ama Paralamas, curte Los Hermanos,
acha Cássia Eller sem igual;
que curte as músicas do Barão
e adora Capital Inicial.
Sou eu apenas uma menina
Que ama hoje e sempre o Rock nacional!
so vc msmo gatinha ...
ResponderExcluirt amo amo amo sdds e parabéns pelo sucesso ai ta rsrs