Além de artista incompreendido, Ozzy é atleta de esportes que só ele compreende |
Em tempos de coelhinhos de páscoa que botam ovos de
chocolate para crianças, compartilho minhas solidões poéticas com Ozzy, o
cachorro labra-latas de Isabel Cristina Rodegheri, mãe de minha namorada
Juliana Guida Maia. Já conhecido por seu temperamento anárquico e destrutivo (o
cachorro adora destruir vestes humanas, caixas de fósforos, cinzeiros, panos,
etc), Ozzy atualmente tem se dedicado a devorar cultura, ou seja, rasgar, comer
e triturar livros didáticos antigos. Boa observadora, Juliana Guida Maia
percebeu que o cachorro não destruía completamente os livros, deixando pequenos
fragmentos das páginas espalhados por toda casa.
Um dos poemas dadaístas produzido por Ozzy |
Lendo os pedaços deixados pelo inquieto cachorro artista,
descobrimos assim o novo talento de Ozzy: ele mostrou ter talento pra produzir
poemas dadaístas!!! O dadaísmo foi um movimento artístico que surgiu na Europa
(cidade suiça de Zurique) no ano de 1916. Possuía como característica principal
a ruptura com as formas de arte tradicionais. Portanto, o dadaísmo foi um
movimento com forte conteúdo anárquico. O próprio nome do movimento deriva de
um termo inglês infantil: dadá (brinquedo, cavalo de pau). Daí observa-se a
falta de sentido e a quebra com o tradicional deste movimento. Baseado nisso, Tristan
Tzara, criador do dadaísmo, pregou uma nova forma de se produzir um poema:
“Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a
seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam
esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do
saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma
sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.”
A matéria-prima dos poemas de Ozzy (os livros didáticos antigos de Português do Cereja são seus favoritos) |
Pois bem: observando o processo criativo do cachorro Ozzy,
em movimento de destruição de livros didáticos e construção de fragmentação das
folhas arrancadas, percebemos que o estilo do labra-latas, impossibilitado do
uso da escrita humana, aproximava-se da estética dadaísta. Se, ao invés de
recortar e escolher palavras aleatórias, o cachorro destrói o livro inteiro e
espalha pedaços, é porque Ozzy pratica um neo-dadaísmo, reflexo dos tempos
contemporâneos de insanidade e violência gratuitas. Ou seja, Ozzy está criando
um novo movimento artístico, um avanço do Dadaísmo!!!
Ozzy, compenetrado, produzindo novos poemas |
Yeah, Ozzy, além de anarquista, é um poeta, um artista
revolucionário, sem ter escrito uma linha sequer! Abaixo, deixo uma de suas
obras-primas, o que restou de uma página arrancada por ele, um pedaço de papel
encontrado por Juliana Guida Maia, um trabalho artístico que sobreviveu à
limpeza de Isabel Cristina Rodegheri, dona do cachorro-poeta, ainda incompreendido
em sua manifestação artística, assim como tantos outros artistas à frente de
seu tempo.
Quem disse que os cães não produzem poemas? O talentoso Ozzy
está aí pra provar o contrário!
Apenas um pedaço de papel
que meu cachorro não comeu
(Poema dadaísta latido)
o cesto de frutas
a cobra que se achata
que destila líquido
procedente do
vaso.
hahauhauhuahuhauhauhau! hauhauahuahuahuahuahuahah!uhauahuahuahuahuahauhuah!uahuahuahauhauhauhauahuahuahua!
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