Começo de ano, verão, momentos calorosos em que todos mais
uma vez preenchem o calendário com desejos, pedidos e promessas. Aproveitando
esse período de reinícios, trago de volta da poeira do tempo um velho poema
juvenil, um dos primeiros que eu escrevi, cheio de anáforas, paradoxos e
desejos aborrecentes (tinha aproximadamente 15 ou 16 anos quando o escrevi).
Fala sobre o que queria e o que não queria na vida, na época, na eternidade de
minha poética. Evitei alterar qualquer coisa do original, algum tempo depois
publicado em meu primeiro livro “Fim do fim do mundo” (1997, edição
esgotada); deixo eu lírico adolescente e
solitário da forma como surgiu, romântico, paradoxal, usando e abusando das anáforas
(repetições), ainda meio ingênuo, ainda aprendendo a poetizar.
Que neste ano saibamos mais uma vez expressar nossos
desejos, nossos ‘quereres’ e ‘não quereres’, amigos leitores, sem perder nossas
raízes, sem perdermos jamais aquele olhar ardente adolescente, sem nos perdemos
jamais.
Só (não) quero
Só quero ir embora pra outra casa
Só quero ver o sol em outro muro
Só quero conhecer outro mundo
Só quero fugir pra outro refúgio
Só quero uma estrela
Feita de carne e osso
Que eu possa abraçar
Sem por isso ela deixar de brilhar.
Só quero ver o poço e não afundar
Só quero sair do vazio
Só quero perder o medo de tudo
Só quero a lua
Completamente nua
Sem roupas nem imagens
Pra intoxicar o meu amor.
Só quero fugir da dor
Só quero fugir do meu mundo
Só quero ter forças pra fugir
Através de outro mundo
Através de outro sol
Através de outro mal
Através de um absurdo
Através de uma mulher.
- Só quero não querer mais nada só.
Muito bom!
ResponderExcluirFeliz 2013 e sigamos juntos na poesia!
Com certeza, Helio! E prepare-se: no próximo sarau, vou declamar um poema seu!
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