Quadro "Antropofagia", de João Carlos Marques |
Hoje compartilho mais uma vez minhas solidões poéticas com a
poetamiga valenciana Raquel Leal, que atualmente reside em Volta Redonda /RJ. E,
desta vez, a poeta nos revela sua face antropofágica: como Oswald de Andrade,
sua personagem deglute a arte ao seu redor e digere as suas influências numa
poética nova, num estilo todo próprio. Em tempo: esse poema foi declamado pela
própria Raquel Leal no último Sarau Solidões Coletivas In Bar Especial (o
“Sarau Punk Rock Noise Horror Show: O Halloween Lírico das Solidões Coletivas",
cujos vídeos estão disponíveis em postagem anterior do blog).
Vale a pena ler e reler o poema, saboreando-o ao som de
Caetano, Gil e outros tantos compositores de essência rara.
Que a Antropofagia Artística nos mantenha unidos, amigos
leitores!
Antropofagicamente sedenta
Acordou a mulher
Com desejos antropofágicos
Como os de Oswald.
Se lembrou que sonhou,
No sonho devorou o poeta
Como Caetano a Leonardo
Ao som de Easy.
Degustou-o coberto de sal
A beira-do-mar
Como Gil a sua sereia
E delirou com o sabor
Da essência rara
Sorvida do sangue
Do poeta distraído.
Sugou-lhe a artéria
Para beber-lhe bem quente
Sob o sol do meio-dia,
E celebrou seu banquete
Como uma Viking luxuriosa.
Dos lábios do poeta
Comeu todos os beijos,
Abriu-lhe o peito
E partiu carregando consigo
O coração vivo
Do poeta devorado.
Adorei, tudo tão literalmente visceral. Raquel parabéns!!!! Uma verdadeira Hannibal poética.
ResponderExcluirolá, acabei de visita-lo e adorei seu blog, semelhante ao meu. sucessão!!!! éeee... uma verdadeica canibal poética!!!!
ResponderExcluiroitentagraus.blogspot.com