Hoje é o Dia do Trabalhador e, lembrando as palavras do sábio
historiador Lucimauro Leite, essa não é uma data para se festejar, e sim para
reivindicar melhores condições de trabalho. Por isso posto para os leitores um
poema escrito no ardor da juventude, quando eu trabalhava de ‘faz-tudo’ numa
editora. A mecanização do trabalho, a exigência de super-produção, a exploração
em massa, a miséria de sentimentos, fatores comuns no mercado de trabalho
industrial (vistos tanto na editora, quanto no trabalho de ajudante industrial
numa fábrica de papel, na qual trabalhei um tempo depois), somados às minhas aspirações neoconcretistas e influências grunges da época, contribuíram para a produção desse poema
autodestrutivo, uma triste reflexão sobre as relações anti-humanas trabalhistas
de ontem, de hoje e de sempre (enquanto houver ganância, não haverá relação
humana em nenhum trabalho). Foi publicado em meu terceiro livro "Note or not ser" (2001):
Homemáquina
Acordar
levantar
trabalhar
ir à escola
fugir da escola
amar quem não ama
odiar quem ama
ir pra casa
dormir.
Remela nos olhos
pés cansados
salário mínimo
inteligência
programada
um coração em
chamas
sem alguém pra
queimar
e um revólver
pra me
defender dos pesadelos.
O HOMEMÁQUINA
Aperte o botão
e eu bato meu cartão.
O HOMEMÁQUINA
Trabalho pra autodestruição.
Interesting, it does make you think:) Kind of sad though
ResponderExcluir