Hoje compartilho minhas solidões poéticas com um lado adolescente que a professora de Ciências Flávia Vargens, por muito tempo, ocultara entre um estudo de células e um aparelho respiratório científico e com poucos ares líricos. Viajante constante, eterna "on the road", Flávia Vargens conhece partes do Brasil e do mundo (Alemanha, Tchecoslováquia, França, Estados Unidos, etc) que muitos brasileiros sonham ir e conhecer. Porém, a viagem que Flávia fez para entrar neste blog, foi diferente de todas as outras: ela invadiu gavetas de sua história e, com o passaporte da memória, viajou no tempo e, em posse de antigos cadernos com escritos de sua adolescência, trouxe-me poemas produzidos na juventude.

Em meu julgamento das obras, não posso deixar de ser tendencioso e a favor dessa poeta adolescente guardada na Flávia Vargens adulta; afinal carrego em minha poética um pouco também de meu velho lirismo juvenil e deixo aos leitores a passagem livre pra essa viagem lírica pelos velhos poemas juvenis de Flávia Vargens, com o desejo de que a jovem escritora retorne na professora adulta (a própria autora me informa que continua escrevendo textos literários, agora mais voltados ao gênero crônicas de viagem). A viagem pelo universo lírico adolescente de Flávia Vargens começa hoje e prossegue amanhã. Boa viagem!
Gotas de lembrança
Olho pela janela
E só vejo as gotas de chuva
Que caem nela,
Gotas que me fazem viajar.
Entro nas gotas
E me pego a vagar.
Ando pelo mundo
E meu mundo é você.
Em sua forma perfeita,
Brilha sua essência
E lembro-me de sua ausência.
Que lembrança ruim!
Quero voltar,
Voltar pra dentro de mim!
(22/03/1997)
Tempo
Corre, anda depressa,
Pega o ônibus,
Cuidado com o trânsito,
Voa tempo.
Não vai dar,
Não vou chegar,
Não vai dar tempo,
Voa... voa tempo.
O tempo corre,
O tempo voa,
Vamos pegar uma carona
Para o paraíso,
O paraíso onde não há tempo,
Onde não se corre,
Onde não há atrasos,
Onde o tempo não voa,
Onde não há relógios,
Ponteiros, horas,
Minutos, segundos,
Para tudo dá tempo.
Não há pressa,
Há calma,
Amiga da perfeição.
(14/08/1997)
Desenho no papel
O dia em que você apareceu
Teço minha vida
Que não aconteceu.
Lembra? Pretendíamos
Caminhar juntos
Rumo a eternidade.
Vivo um sonho
Que agora é só meu
O dia já é noite
Agora que você me ESQUECEU...
(15/03/1998)
X da questão
Do meu conceito diminuí as dúvidas,
Somei outras possibilidades,
Dividi por novos caminhos.
Depois que resolvi meus parênteses, colchetes e chaves,
Encontrei o x da questão,
Descobri que o importante não é a solução
E sim a compreensão durante a alfabetização,
A matemática tem SOLUÇÃO!
(27/03/1998, em parceria com Gisela, Renata Michelle, Tatiana e Camila)
Visão adolescente
Vygotsky, Piaget, Freud?
Pra quê? Eu não sou maluca!
Situação de crise?
Freud explica...
Não sei o quê!
A bagunça da minha vida
Só eu consigo entender.
Análise, terapia,
Isso é coisa de maluco!
O vai e vem da vida
Meus amigos ajudam a entender.
O que dizer,
Fazer, pensar e vestir,
Meus amigos indicam.
A vida é um jogo de imitação,
Não há Freud que explique,
Piaget que desenvolva,
Vygotsky que reflita,
Pois quem compreende mesmo é
A Jô, ou então, a Lú,
Que dizem: Just do your best!
O Carlos Brunno, você é mesmo artista! Fazer a minha vidinha tão cotidiana e regradinha parecer muito interessante é coisa de artista. Muito obrigada por me fazer resgatar muitas coisas e lembranças "dos tempos que não voltam mais". E por enxergar beleza onde eu realmente não vejo! Bjs e ainda mando as narrativas das viagens para você rir um bocado! Flavia Vargens
ResponderExcluirAdorei o crítico literário ou diria crítico poeta????? Amei a professora séria,pontual, firme sempre em busca da perfeição mostrar sua "cara"... aguardo novas obras... bjus Carlos...bjus Flávai
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