domingo, 19 de dezembro de 2021

A SuperAgente Lírica Duda Ventura está de volta para salvar a melancólica alegria poética sublime perdida de nossa gente cansada dos dias nublados e sem poesia

“Oi, Carlos. Acho que você me inspirou esses dias que te vi. Fazia dois longos anos que não escrevia nada e hoje consegui escrever um pouco. Espero que você goste’: esta foi a mensagem da outrora poetaluna premiada, hoje em dia poetamiga teresopolitana de ouro, Duda Ventura, que, mesmo nos nublados dos dias, trouxe iluminações poéticas magníficas de volta a minha vida. Andava meio desanimado, com o peso de um fim de ano letivo meio desgastado e bastante desgastante (cabe destacar que não pelos artistalunos que continuam brilhando – verão em futuras postagens, amigos leitores - contra quaisquer intempéries dos tempos, mas por lamentações de encerrar um ciclo conturbado com as turmas com as quais estive presencialmente por pouco tempo [aquela sensação de que houve um trabalho bom, alguns tropeços que não me perdoo por tropeçar [sim, me cobro pra karaio e nem me venham com aconselhamentos de mudança de postura, vou continuar me cobrando pra karaio], um ano de conquistas na maioria legais nas produções textuais, mas, que, pelo potencial espetacular deles, deixa a impressão de que podíamos ir muito mais além, entendem?], estava um bagaço física e emocionalmente quando recebi a mensagem de Duda Ventura e os poemas, uau, que poemas (ela me mandou o mais recente e o último que ela escreveu antes da longa pausa [segundo ela destacou em mensagem posterior, mesmo com a separação temporal, advindos da mesma fonte de inspiração]), me fizeram esquecer, durante os instantes da leitura e fascinação, os (agora gloriosos) fracassos diários, e todo cansaço e desânimo transformou-se em inspiração e fascinação. Sim, a arte salva, ex-artistalunos, artistalunos e artistalunas, artistalunes, artistamigos, artistamigas, artistamigues salvam; como idealizou Bukowski, o ideal seria ter um poeta em cada esquina pra sobrevivermos ao caos cotidiano de nossa existência, da falta de sentido na vida tão mal sentida. Seja em qual momento for, mas principalmente em contextos opressivos como os nossos, precisamos de poesia (parodiando o refrão de Cazuza, “Poesia, eu quero uma dúzia por dia pra viver, pra viver, sobre-viver”]. Por tudo isso, hoje compartilho minhas solidões poéticas com a mais-que-fodástica super-ultra-mega-magnífica poetamiga teresopolitana Duda Ventura.
O primeiro poema (segundo que eu li nas mensagens, mas, por ordem cronológica, o mais antigo e o último de Duda Ventura, antes da longa pausa), “Recusa”, traz o eu lírico devastado em negação a uma ruptura amorosa anunciada, é melancólico, dolorido, mas apaixonado, intenso, sublime: é formidável como uma dura recusa traz consigo um conjunto de tristes afirmações e saudosas (e macias – quem ler o poema, entenderá) confirmações. O segundo poema, sem título (por isso cabe nomeá-lo pelo primeiro verso – bastante revelador da pausa poética – “Sem você eu não consigo escrever”), é um poema sobre perdas e amores contidos nas incontidas memórias resgatadas. Destaco o sublime jogo de palavras entre “agente” e “a gente”, cujas grafias são constantemente confundidas (assim como o passado ade encontros e o presente de ausências se confundem no coração do eu lírico).
Deixo os dois maravilhosos poemas para vocês contemplarem e, como eu, se fascinarem com a a mais-que-fodástica super-ultra-mega-magnífica poetamiga teresopolitana Duda Ventura (não estou exagerando – leiam e confirmem). Diferente de quando compartilho meus poemas, não direi “Espero que gostem”, pois tenho certeza de que irão amar, adorar! #fãclubedudaventura #obrigadodeusesdapoesiaportrazeremdudaventuradevolta


Recusa

Eu me recuso a pensar em você.
Recuso pensar em como seu lábio é macio
Como as minhas mãos passam em seu cabelo quando estamos nos beijando
Quando estamos fazendo amor. o quanto eu adoro te ver se enchendo de prazer
Às vezes eu espanto os pensamentos para que eu não me lembre de como era bom repousar minha cabeça em seu peito
Choro todas as vezes que lembro das nossas brincadeiras
Eu me recuso a pensar que está perto de acabar e que eu não seria mais o seu lar.

Duda Ventura

Quadro "Arrufos" (1887),´óleo sobre tela, de Belmiro de Almeida



Sem você eu não consigo escrever
O que antes era um mar de amor intenso hoje me engole como uma areia movediça
Eu parei de ler, de escrever e até de comer
As minhas paixões foram embora junto contigo

Você era meu abrigo diante das minhas tempestades
Até hoje a sensação que aquele dia me proporcionou me invade

Aquela sensação de ter o que eu nunca pensei que terei
De sentir o que eu pensei que nunca sentiria

Ando nostálgica pensando na gente
E dói mais ainda pensar no "a gente"
Esse "agente" que era tão junto e às vezes bagunçado
Está cada vez mais afastado

Sei que nosso a gente nunca mais vai voltar
Porém não consigo parar de imaginar
Junto com aquela sensação onde o nosso a gente ia nos levar

Duda Ventura






2 comentários:

  1. Parafraseando Lulu Santos "a gente sempre espera alguma coisa..." algum resquício que nos salve da concreticidade do não absoluto. Ventos de esperança que nos devolvam a glória da perfeição nos encontros amados. Então a arte se move dentro da gente e resgata a poesia dormente, a arte guardada junto com as inúmeras lágrimas e, nos salva. A sua arte, Duda, é intensamente linda e refinada, pois é genuína. Não mente e nem mede emoção. Continue escrevendo e criando linguagens para a saudade, para as novidades e outras vindouras paixões. Parabéns pelos poemas, são belíssimos!
    Esse blog é encantado, faz mágica com as emoções da gente. Obrigada, Carlos Brunno, por trazer tão belas obras para o domingo. Para o dia que as postagens chegam, independente do dia da semana. Beijos

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  2. Para tempos em que Muitos malditos vírus estão no ar nos tirando o prazer de respirar sem medo, a poesia nos salva e permitem que os alvéolos pulmonares da alma respirem profundamente.

    Parabéns Duda e Carlos Brunno!

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