Hoje, dia
31 de outubro, é um dia muito especial. E não é por causa do estadunidense dia
das bruxas (com todo respeito ao universalizado Halloween), nem por ser o Dia
do Saci (com todo respeito a uma das lendas maiores do folclore nacional). Não;
com todo respeito às demais datas, hoje, para nós, poetas ‘fãnáticos’ por
excelentíssima literatura, hoje é o dia que marca a data de nascimento de um
dos nossos maiores poetas, o Mestre Lírico Maior Mais Que Fodástico Carlos Drummond de
Andrade. Neste 31 de outubro de 2019, o fazendeiro do ar itabirano que carregava
a lírica e social rosa do povo até no brejo das almas, entre pedras no caminho
e claros enigmas faria 117 anos. Quem conhece a minha poética, sabe da imensa
influência que Drummond tem em minha poesia – tanto que já fiz, principalmente
em meu nono livro (“O nada temperado com orégano”, de 2016) e em meu quarto
livro (“O último adeus [ou O primeiro pra sempre]”, de 2004), tributos, odes,
homenagens, elegias e releituras líricas de diversos poemas dele. Hoje trago
mais um – este inédito - desses meus poemas carlosbrunnodrummondianos, especialmente
para os amigos leitores.
No meio
do caminho
(pós Claro Enigma)
No meio
do caminho
havia o
mi
quase mim
quase
oblíquo
inicial
de mil
(ou mil
do l invisível?)
fingida
monossilábica
nota
musical
que
antecipa(ria)
a nota
verdadeira
que
prefacia
o sol.
No meio
do caminho
assim impassível
e lírico
por
escrito
pedra não
mais haveria
- mal uma
vogal aberta a
de longínquo
parentesco.
Já a
outra pedra
a
figurada verdadeira
na qual
tantos tropeçaram
deixaria
pros outros
outrora
poetas
mais
poetas que eu
nem menor
nem maior
que o
mundo vasto mundo
visto e
revisto
pelas
retinas tão fatigadas.
Por mim
no meio
do caminho
ficaria
apenas o mi
sílaba de
letras pares
na
palavra ímpar.
No meio
do caminho escrito
ficaria
sempre com o mi
sempre o
meio
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