sábado, 14 de dezembro de 2019

Oferendas líricas da aniversariante Maria Gabriela Ferreira Luz


Anteontem, quinta-feira, dia 12/12, voltando da escola na van escolar, a professoramiga Zilanda lembrou-me que há tempos não postava no blog (confesso que andei meio desiludido e cansado, sem vibrações líricas positivas nem vontade/fôlego/inspiração para postar há algum tempo). Depois de quase um mês de quase completa ausência em redes sociais virtuais, ao voltar pro facebook, ontem, sexta-feira, 13/12 (sim, era uma sexta-feira 13; Jason retorna!), um dos avisos que se repetia era a rede social virtual me lembrando que há tempos os seguidores da página do blog não recebiam nenhuma notícia. Eram mensagens demais me alertando e me estimulando a voltar às postagens do blog – ok, mensageiros reais e virtuais, estamos de volta! Ok, tomada a decisão de retornar ao blog, que está com uns bilhões de postagens guardadas/prometidas/atrasadas, veio outra questão: com que postagem retornar? Eis que me via envolvido nessa dúvida há pouco neste sábado, dia 14/12... Então o facebook – sim, de novo a plataforma virtual de Mark Zuckerberg – lembrou-me de que hoje marca a data de aniversário da formidável escritoraluna (quase ex-escritoraluna - pois está encerrando seu ciclo nas salas de aula onde leciono – e futura escritoramiga) multiartista teresopolitana, de escrita multifacetada, iluminada salva, salve Maria Gabriela Ferreira Luz.  Pois aqui vão alguns de seus maravilhosos e mais que fodásticos textos – do diário à poesia, essa jovem e talentosa artista brilha em todos os gêneros textuais (e também nos palcos e câmeras, pois também é brilhantíssima atriz).
Tenho certeza de que irão adorar, amigos leitores! Parabéns a Maria Gabriela Ferreira Luz, que continue sempre iluminada e iluminando esta estrada lírica e linda que ela traça em sua vida – a eternidade é caminho certo pra ela e pra sua madura e maravilhosa arte. E comemoremos com ela, através dos belíssimos textos de Maria Gabriela Ferreira Luz!

Poemas de Maria Gabriela:

Não sei o que faço

Não sei o que faço,
Não sei o que falo.
A chuva cai lá fora
Como quem chora em desespero.

Meus olhos também estão molhados,
Queria eu que fosse a chuva...
Cada lágrima que cai
É uma parte de mim.

Sinto saudade de quem se foi
E de quem está presente.
Sorrisos, abraços, paixões
Hoje são apenas lágrimas.

Desesperada para morrer,
Mas desejando viver;
Talvez isso passe...

******************

Estamos vivendo ou existindo?
Estamos sempre presos a uma rotina,
Estamos sempre em cima do prazo,
Sempre com pressa,
Sempre correndo para chegar a lugar nenhum.
Acorda cedo, dorme tarde,
Vê o pôr do sol da janela do escritório...
Olha: já são 20:48!
O dia já passou,
A semana já acabou,
A vida foi e a gente nem viu...



Luz e Escuridão – 
As Páginas de diário de Maria Gabriela

(28.02)

Se conheça de dentro para fora, saiba quem você é, conheça tua dor, medo, tristeza, cicatrizes e feridas abertas. E tenta para de olhar para o abismo, pare de olhar para o reflexo na água da banheira que encheu para sangrar até a morte. Pare de querer pular do abismo, para só para, sei que é difícil, a vontade morrer é grande, a vontade de sumir fica batendo na sua porta, sei também que você não consegue dormir, pois os pensamentos mais aleatórios estão passando na tua cabeça, e você tenta lutar contra eles, mas não dá. Me ouve, você é capaz de sair dessa prisão que você vive. Sei que você se sente sozinha, eu também me sinto, todos nós nos sentimos. Imagino que você tem um grito preso na garganta, mas não consegue soltar e ele te sufoca, como uma mão apertando o teu pescoço. Você vai e libertar disso tudo, essas correntes vão se quebrar. Mas você tem que ser forte e não se deixar ser um nada no meio disso tudo, não se perca, não perca a sua luz no meio dessa escuridão.

(26.03)
Só de imaginar você indo dói, não te imaginar comigo machuca, você é a alegria dos meus dias mais sombrios. Você a pessoa que conhece meu lado mais puro e sincero. Você mesmo sem saber me mostrou que sei ser luz em meio a escuridão, você viu o meu lado mais sombrio e cheio de dragões, e continua aqui. Sabia que admiro a pessoa que você é, admiro a tua força a cima de tudo. Até as coisas que você faz e que me irrita e aprendi a amar, juro. Com você o tempo para e ao mesmo tempo voa, você é o motivo dos meus sorrisos mais idiotas, você é aquele tipo de amigo que posso ficar meses sem ver que, que nada vai mudar, vai ser as mesmas idiotices, é como se nada tivesse mudado e espero que nunca mude, talvez eu nunca ache adjetivo para te descrever e continue te descrevendo com palavras aleatórias, outra coisa que talvez nunca consiga é descrever o quanto eu te amo. Uma última coisa, obrigada por me fazer a pessoa mais feliz do mundo.

(30.03)
São 2h da madrugada, e eu estou sentada no chão do banheiro pensando em você, sim, pensando em você. Hoje faz 365 de longas conversas e risadas, eu não sei onde você está, e se lembra de mim ou ao menos desta data. Não sei onde você está, se tem dormido bem ou se aquele teu vazio foi preenchido, eu realmente não sei. Sinto tua falta, falta do teu abraço caloroso, do teu jeito meio sem jeito, e das coisas mais aleatórias que a gente conversava e das longas madrugadas falando sobre nada.
Tentei te esquecer, eu juro. Tentei te jogar no fundo do meu armário, mas não dá para esconder uma pessoa que viveu e viu o universo que sou, não dá apenas para esquecer a pessoa que trouxe cor pro meu mundo. Sempre vai haver um pequeno detalhe no mundo que vai me fazer lembrar de você, lembrar o quanto te amo, o quanto você me fazia bem mesmo em silencio. Agora estamos longe. Tenho tantas coisas para te contar, tantas novidades, tantas teorias sobre a vida, mas você não está aqui para ouvir, e ninguém e capaz de me entender como você, ninguém gosta tanto de me ouvir como você, nossa conexão é de alma.  E eu sempre vou estar aqui. Deixarei a porta aberta casa um dia você apareça. Enfim, espero que esteja bem.
Obs.: Depois das 2h vá dormir. As decisões que você tomar a essa hora são erradas.


Resenha literária de Maria Gabriela

As vantagens de ler (e ver) “As vantagens de ser invisível”
Por Maria Gabriela Ferreira Luz

Charlie é um adolescente de 15 anos que já passou por vários traumas em sua vida. Por exemplo, a morte da tia em um acidente de carro (que ele acaba se culpando por isso) e o suicídio do melhor amigo.
                Charlie está se recuperando de uma depressão, que lhe causou tendência suicida. No colégio, ele tenta se enturmar, porém os grupinhos já estão formados. Porém nem tudo está perdido para Charlie: Patrick e Sam são dois veteranos que o recebem em seu pequeno mundinho.
                Na versão cinematográfica desta história, Emma Whatson, Ezra Miller e Logan Lerman representaram maravilhosamente os seus papéis. A trilha sonora, cheia de rock alternativo dos anos 1970 a 1990, também agrada.
                O drama traz assuntos pouco abordados de forma direta ou implícita, como o abuso sexual, pedofilia e homofobia. Esta última ficou bem clara e se trata do pai do namorado de Patrick, que, quando descobre que o filho é gay, bate nele. A pedofilia também fica evidente e se trata de como Sam perdeu a virgindade com um cara mais velho. Já o abuso sexual – que também é considerado pedofilia – não fica muito exposto, mas se trata da estranha relação da tia com Charlie, crime que ocorre sem os pais do garoto suspeitarem.
                O filme e o livro contam com um final surpreendente. A história foca na amizade, na maneira que um confia no outro e como se entregam uns aos outros. Não podemos deixar de citar o poema “Em uma folha amarela com linha....”, que não tem no filme, porém foi citado no livro e deu mais uma emoção ao drama que tocou fundo nos corações de leitores e cinéfilos.



Conto de Maria Gabriela:

Na beira do abismo

                Há uns dias atrás, vi umas coisas acontecendo na minha escola na minha turma: havia uma menina bem magra, quieta, porém muito sorridente. Tanto os garotos como as garotas faziam piadas sem graça, brincadeiras e até colocavam apelidos nela. Ela não gostava muito, sempre pedia para pararem, mas eles sempre a ignoravam.
                Passou um tempo e ela começou a faltar e, quando ia, não ria e não participava. Ninguém deu muita bola, mas eu vi as forças dela se esvaindo, o mundo dela estava preto e branco; queria ajudar, mas eu também estava na beira do abismo, parece que alguém estava me segurando, me impedindo de chegar até ela.
                No primeiro dia da primavera, ela se matou, cortou os pulsos e sangrou até a morte, uma morte lenta e dolorosa. Não a culpo por ter se matado. Como Augusto Cury mesmo disse, em seu livro “O vendedor de sonhos”, “o suicida não quer se matar, ele quer matar a dor que existe dentro dele.
                Mesmo assim, quando lembro daquela menina, penso que ela não merecia isso, esse não era para ser o fim dela, ela não sabia o tanto de coisas que tinha para viver, ela não sabia que nós somos infinitos...




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