Hoje
retiro uma vídeo-lembrança direto do túnel do tempo e a posto no blog,
juntamente com o poema declamado, minha lírica homenagem à fodástica escritora
maranhense Maria Firmina dos Reis. É um vídeo que andava meio perdido no meio
do caos de arquivos de meu bagunçado notebook. Trata-se de minha participação
no evento de lançamento da antologia "CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA
FIRMINA DOS REIS”, no ano de aniversário de cento e noventa anos de nascimento
de Maria Firmina dos Reis, em 12 de outubro de 2015, m Guimarães/MA.. Na
ocasião, declamei meu poema "Recado ao moço branco que folheia minhas
páginas negras", em homenagem à fodástica musa-escritora Maria Firmina dos
Reis.
Em
tempo: O meu livro mais recente, o meu 9.º livro-filho "O nada temperado
com orégano (Receitas poéticas para um país sem poesia e com crise na
receita)" traz esse poema e, neste fim de semana, realizo um sonho que não
pude realizar no final do ano passado: a convite da divartistamiga Dilercy
Aragão Adler, no sábado e domingo, respectivamente, dias 18/11 e 19/11,
estarei, durante a tarde e a noite, no estande da Academia Ludovicense de
Letras (ALL) e em outros espaços, expondo e comercializando a preços
promocionais meus livros na 11.ª Edição da Feira do Livro de São Luís/MA
(FeliS) que homenageia a própria escritora-musa-inspiradora do meu poema.
Será
um excelentíssimo momento pra fazer aquele intercâmbio cultural que eu amo (São
Luís/MA) já se tornou uma das minhas cidades afetivas - tanto que no meu livro
mais recente dedico vários poemas a autores queridos maranhenses - e rever
fodásticos artistamigos que conheci lá!
Abaixo
seguem o poema citado, de minha autoria, e o vídeo que registra a minha
interpretação para ele.
Que
a poesia siga em frente, alcançando todos os cantos do Brasil!
Saudações
Firminianas e Gonçalvinas! Até breve e Arte Sempre!
Recado
ao moço branco que folheia minhas páginas negras
(Carlos
Brunno S. Barbosa)
Olá,
moço branco, jovem estranho desses novos tempos selvagens,
onde
o preconceito desfila com novos disfarces, outras maquiagens,
se,
mesmo ignorada, recebo a visita de teus olhos sedentos pela minha estrada
lírica,
ainda
existe esperança pra ti, pro novo mundo, pra toda prosa e poesia
que,
mesmo abandonadas, continuo a defender muito além da vida.
Não
és como os novos bárbaros que repousam minha arte na ignorância-marasmo,
és minha chance de ressuscitar a herança que
sempre me negaram:
a
honra de ser rainha numa literatura que sempre me fez de escrava cativa e
esquecida.
Gravaram
em meu nome apenas o adjetivo-infortúnio “bastarda”,
como
se este fosse meu único dom, minha única característica,
quando,
na verdade, fui a filha mais agraciada
pelos
encantos da língua de Gonçalves Dias.
Domei
e conquistei todas as palavras da pátria colonizadora de Camões
e
derrubei os vocábulos do patriarcado
para
transformá-los em refúgio da Liberdade
pro
meu povo outrora escravo e sem mãe.
Com
meus cantos a beira mar, me fiz princesa e, mais tarde, rainha das Praias do
Cuman.
Com
minha escrita libertária, desfiz a mentalidade escravagista e precária
que
outrora reinava em minhas terras cansadas de grilhões
e
dei sonhos mais sublimes aos milhões de oprimidos do Maranhão.
Até
Úrsula, a mais clara constelação,
ganhou
comigo uma cor mais mulata,
orgulhosa
de sua escuridão:
sou
e sempre serei a dona do primeiro romance
brasileiro abolicionista;
por
mais que me neguem essa ousadia,
estou
nas principais estantes das bibliotecas
livres dessa injusta negação;
sim,
minha escrita ainda brilha nos céus despidos de tanta ingratidão!
Bem-vindo,
bom moço branco, que desliza as mãos pálidas
por
minhas páginas negras,
meu
nome é Maria Firmina dos Reis,
escritora
da mais alta nobreza
–
nasci bastarda sim, mas bastarda não permaneci!
Meu
último sobrenome já informa a todos inimigos,
que
fazem da intolerância um vício:
mesmo
que me atribuam apenas derrotas,
ainda sou e sempre serei a filha adotada mais
gloriosa
da
vila mais formosa e linda de todo Brasil.
Bem-vindo,
moço branco e bonito, despido das opiniões anciãs,
meu
nome é Maria Firmina dos Reis, tenho muitos fãs,
sou
a eterna rainha da vila de São José de Guimarães!
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