Esse poema eu devia ter postado no blog há tempos e destaco-o hoje,
neste dia 20 de novembro, quando comemoramos o Dia da Consciência Negra.
Escrevi o poema, inspirado nas saudosas e fodásticas aulas da Doutora Mestre
Escritora-Mais-Que-Fodástica Conceição Evaristo, divartista de imenso destaque
da literatura afrobrasileira, durante as aulas na Pós-Graduação sobre Literatura e Cultura Africana, cujo
curso iniciei, mas não encerrei, apesar de, até hoje, trazer e me aproveitar (e
muito!) dos materiais e das lições aprendidas em seus módulos. Tenho o
privilégio e o orgulho imenso de ter lido o poema em primeira mão para a
mais-que-fodástica Conceição Evaristo e ter recebido elogios dessa superadmirada
escritora. No mesmo ano em que o escrevi, publiquei-o algum tempo depois no meu
quinto livro “Eu & Outras Províncias – Progressos & Regressos” (2008).
Eis o poema logo abaixo, amigos leitores! Boa leitura e Arte Sempre!
Negro (além do bem e do mal)
Negros escravizadores de negros na África
foram meus irmãos.
Negros escravizados também foram meus irmãos.
São minha herança das grandes batalhas,
minhas tribos, meus ritos,
a consagração de meu sangue sedento por expansão,
meus conquistadores negros,
guerreiros, IMENSOS!
Negros capitalistas comunistas estáticos pós-modernos
opressores oprimidos seminus ricamente vestidos
são todos meus irmãos.
O trapo e o ouro,
a dureza do carvão e a maleabilidade do mar,
a sereia sedutora que mata e fascina,
o bronzeado da sombra que reflete a euforia do sol,
tudo isso sou eu, aiué, aiuê, sou eu:
Negro, além do bem e do mal!
Me embala a contradição...
Abraçar um lado de qualquer questão
é embaçar minha cor, me passar em branco,
é cegar o Nilo que me rega mas que também me afoga,
é não enxergar a humanidade de minha vida,
a negritude luzidia de minha vida!
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