domingo, 26 de novembro de 2017

Solidões Compartilhadas: O Apocalipse Agora de Raquel Tavares/Kel Lestat

Há um bom tempo, pretendo compartilhar minhas solidões poéticas com a fodástica poetamiga que estreia hoje no blog: seu nome é Raquel Tavares, mas liricamente ela atende pelo codinome Kel Lestat. Conheci Raquel Tavares, através da divartistativistamiga Janaina da Cunha, em eventos do saudoso e sempre mais-que-fodástico Identidade Cultural e Movimento Culturista. Admirei e me fascinei logo pela fodástica poética de Raquel Tavares/Kel Lestat - ela levava quase sempre uma pasta com diversos poemas dela, de diversas fases e estilos e eu tive a honra de ler alguns destes poemas em primeira mão, entre eles o que destaco hoje aqui no blog: o emblemático “Apocalipse Agora”. Pode-se notar que o título é uma referência direta ao clássico Cult “Apocalipse now”, drama/aventura do renomado diretor Francis Ford Coppola, Palma de Ouro no Festival de Cannes e nomeado ao Oscar de Melhor Filme e o Globo de Ouro de Melhor Filme - Drama, com elementos de “Dispatches” de Michael Herr, a versão cinematográfica de 1965 da obra “Lord Jim” de Conrad, “Coração das trevas”, também de Conrad, e Aguirre, der Zorn Gottes (1972) de Werner Herzog.
Assim como o roteiro desse filme é super-complexo e passou por diversos percalços/momentos conturbados na produção até alcançar a glória, o eu lírico do poema de Raquel Tavares/Kel Lestat passa, verso a verso, por uma espécie de viagem de autodescoberta e destruição do que lhe foi pré-estabelecido até sua autorreconstrução (lembra muito o personagem lucidamente enlouquecido – e, ao mesmo tempo, alucinadamente são - magistralmente interpretado por Marlon Brando no filme “Apocalipse Now”).
A poética de Raquel Tavares/Kel Lestat é assim: mistura de forma genial referências cinematográficas, musicais (segundo a própria escritora, sua fase atual consiste em se inspirar em canções de seu gosto – por sinal, ela está me devendo algumas dessas produções líricas mais recentes), geeks, nerds e cults a um lirismo febril, emocionado (tanto que se torna emocionante) e vibrante, com uma linguagem sem rebuscamentos, mas por isso ardilosamente fodástica e complexa, pois esconde na primeira leitura a multiplicidade lírica maravilhosa e a riqueza de referências que pode passar despercebida à primeira vista. Aconselho aos amigos leitores que leiam e releiam o poema – na primeira leitura, já encontrarão algo fascinante; se lerem mais uma vez, ficarão ainda mais fascinados. Acompanhemos o Apocalipse agora de Raquel Tavares/Kel Lestat, amigos leitores! (segue também o link da página lírica dela no facebook, onde volta e meia, ela apresenta um novo poema: https://www.facebook.com/Meu-apocalipse-500559333420181/ )

Apocalipse agora
(Kel Lestat)

Meu apocalipse é agora
Eu quero me perder
Pra quem sabe assim poder me encontrar
E também a ti, amado meu,
Que nem sei quem és.
Destruir tudo a minha volta,
Apagar as lembranças,
Queimar as palavras,
Esquecer os rostos,
Deixar tudo em branco,
Limpo, vazio,
Libertar-me do que não me serve.
Desconstruir o meu mundo
E começar outro totalmente diferente.
Abrir espaço para felicidade.
Uma nova vida,
Um novo fôlego,
Um renascer sem último suspiro.
E continuar
Sem sustos,
Sem medos,
Sem mágoas.


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