sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Homenagem ao Dia Nacional do Livro: Alguns poemas meus dedicados à Literatura, meu multiverso mais visitado e minha musa favorita

Imagem encontrada em:
https://filipemiguel.com/2018/10/29/dia-nacional-do-livro-brasil/
Ok, no Dia do Poeta, na semana passada, eu, como escritor blogueiro, dei bobeira (na verdade, procrastinei um pouco) e só realizei uma postagem em comemoração à data ontem com o magnífico poema de Mateus Machado. Mas hoje, dia 29 de outubro, Dia Nacional do Livro, não vou deixar passar. Livros são minha paixão, minha cesta básica de formação vital e meu vício inexorável. Ler livros é um ato de amor, de ofício e de bastante inspiração.
Por ser um leitor voraz, o livro foi, é e sempre será muso inspirador de diversos poemas meus. Em comemoração ao Dia Nacional do Livro, posto hoje algumas aldravias (poemas com seis palavras, colocadas uma em cada verso) inspiradas no tema “livro” e um poema sobre minhas viagens como leitor voraz, chamado “O viajante”, premiado pela Academia Volta-redondense de Letras no Prêmio Maria Maldonado de Literatura 2019, mas ainda inédito aqui no blog.
Comemoremos o Dia Nacional do Livro, prestigiando o infinito universo da literatura e curtindo aquela felicidade clandestina* que só a paixão pela leitura nos traz.

*Pra quem não sacou a referência, este é o nome de um magnífico conto de Clarice Lispector, na qual a narradora protagonista fala de sua paixão por livros e de seus percalços e impressões, quando criança, para conquistar a oportunidade de ter o livro “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato, a seu dispor.


Aldravias com o tema livro/literatura:

isolamento
social
sozinho
deus
me
livro

****  

livro
outrora
enrustido
agora
livra
ria

****

camélias
embriagam
meu
livro
depois
dumas

****

minha
barata
angustiada
vem
kafka
comigo

****

em
terras
quintanares
menino
cata
vento

****  


poema
de
estrela
muito
bandeira

****  

via
láctea
sem
foguete
transportes
bilac

****  

em
terra
de
borges
livro


O viajante

Mesmo embaçados pela neblina das noites outonais,
seus olhos beijam todas as passantes da Quai d’Anjou.

Mesmo molhados pelas chuvas no fim da tarde primaveril,
seus olhos avistam os longos céus acima de Nova Jersey.

Mesmo resfriados pelo orvalho das manhãs invernais,
seus olhos sorriem para os pedintes na Rua da Baixa.

Mesmo ressecados pelo sol do início da tarde veranil,
seus olhos planejam tempestades no Castelo de Moor.

As mesmas estações do ano no Hemisfério Sul,
os mesmos pontos de ônibus no município natal,
os mesmos olhos inquietos do passageiro que febrilmente lê,
porém cada virada de página é um outro mundo que vem,
cada livro é uma viagem diferente, é outro perto além.

Pintura de Willian Michael Harnett
Pintor irlandês (1848-1892)


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