sábado, 16 de outubro de 2021

Relembrando meu primeiro poema pandêmico de 2020 em um sábado nublado de 2021: O último teorema de Fermat ([En]ferma{t})

Quadro "Dia Nublado",
de Jose Navarro Llorens
Dia nublado, ambiente melancólico, mais um sábado pandêmico pra refletir, buscar forças em si, em qualquer lugar (somos sobreviventes; parece pouco, mas, dado o contexto necro-ilógico, não é), recordar, retomar o presente e re-acordar os sonhos.
Hoje trago “O último teorema de Fermat ([En]ferma{t})”, o primeiro poema que escrevi no período da pandemia (data de maio/junho de 2020, quando a ansiedade e incerteza e solidão e reflexões de passados explodiam em melancolia escrita buscando a felicidade de um bom verso mesmo que triste – eterna necessidade de manter a chama viva, ainda que adoecida).
Em tempo: o poema do qual vos falo foi premiado com o 1.º lugar no Concurso Contemporânea de Literatura 2020, em Santos/SP, e, consequentemente, entrou na Coletânea Contemporânea 2020 (interessados em comprar o livro e ajudar na continuidade deste fodástico projeto de promoção cultural, recomendo que procurem o organizador e superartistativistamigo santista Maurilio Campos – por sinal, no vídeo dos premiados [que pode ser assistido no link https://fb.watch/8GD2dZJmTB/ vocês também conferem a versão em vídeo do poema que trago abaixo, numa interpretação maravilhosa feita por ele e reinterpretada em vídeo pelo Mestre da Mídia Lírica Jardel Pacheco] pelo e-mail maurilio.campos@hotmail.com ). Em tempo II: esta postagerm também celebra o mais-que-fodástico fato de que sou um dos 30 finalistas do Concurso Contemporânea de Literatura 202’ (consequentemente, meu poema concorrente deste ano também estará em antologia Contemporânea 2021, o que já é fodástico demais, independentemente do resultado final).
Fiquemos com “O último teorema de Fermat ([En]ferma{t})”, uma tentativa de calorosa leitura lírica para um sábado melancolicamente nublado (e ainda que triste, magnífico).


O último teorema de Fermat ([En]ferma{t})


A primeira variante é o contágio:
a febre dos lábios encontra apenas travesseiros gelados
- a morte ronda o colchão imenso
cheio de espaços.
O que não é, o que não deveria ser
agora é permanente
                  presente
                     doente!
Pandêmicas, as ausências se espalham,
contaminam toda casa.
E a nós, ilhas de um continente despedaçado,
resta o pertencimento ao mesmo arquipélago
aglomerado de naufrágios.
O que quase não foi é o que nunca vai ser.
A segunda variante é o isolamento,
o ato forçado de evitar ruas, praias e festas,
pois estás em todas elas.
Mesmo trancado pro mundo,
tua falta desfila em meus mais obscuros pensamentos
me intimando
      intimidando
        intumescendo a minha nova solidão...
Passadas as variantes mais graves,
chega-se à resolução irresoluta do novo normal:
distância calculada em proximidade casual,
sorrisos amarelos em coloridas máscaras
- Oi, tudo bem?
(No céu da boca, o sol da verdade se cobre em nuvens que o implodem)
Resposta superficial, até logo... tchau,
como gripe que passa, doença banal...



Um comentário:

  1. Este poema me tira do lugar, me oferece a mão, convida pra visitar um tempo que nunca passada porque está fora da curva. Angústia, medo e saudade. As lembranças da antiga realidade estão cada vez mais distantes, no entanto outras intensas transbordam de suas asas, pólem, no quarto de voar. Há lugares nublados, dias cansados de nada, letras cheias de variantes. E tua poesia ensina, apesar da distância ninguém está sozinho dentro de si.

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