Hoje o blog se reserva ao luto lírico: o Mestre Mais Que Fodástico jornalista
e escritor Carlos Heitor Cony morreu, por volta das 23h de ontem, dia
06/01/2018, aos 91 anos. Como diria o próprio escritor, autor de obras
memoráveis como “Quase Memória” e “O Ventre”, "meu epitáfio seria: 'Aqui
não jaz Carlos Heitor Cony. Porque, realmente, aquele que for para debaixo da
terra não vai ter nada comigo do que sou hoje e do que eu represento'".
Pensando na partida de Carlos Heitor Cony e nas variações climáticas de
hoje(ora um sol tímido, ora uma pancada de chuva agoniada, mas rápida), escrevi
um poema, meu “Soneto para Cony durante a travessia”.
Cony partiu, mas as obras que ele deixara repousam nas livrarias e
bibliotecas. Acesse-as e leve-as ao infinito, amigo leitor.
Soneto para Cony durante a travessia
O sol tímido nas calçadas tristes,
Molhadas por chuvas premonitórias,
Lê trechos de tuas quase memórias
E recita-os para os capins-alpistes:
“Que as palavras cresçam pelas estradas,
Gestem teu ontem no ventre das matas,
Nutrindo de hoje as aves mulatas
Que alam amanhãs nas manhãs frustradas
Resistirás no infinito comum,
Cada leitor será teu factótum,
Espalhando-te pra todos daqui.”
Tudo isto te falaria o sol tímido,
Se astros falassem, se fossem ouvidos,
Mas eis a chuva surda... Adeus, Cony...
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