Depois
de demorar uma era, finalmente trago ao blog os mais que fodásticos contos da jovem
e talentosa escritora Mariana Sessa, cujos enredos me fascinaram muito.
Dei
aula para Mariana Sessa no ano passado, quando ela concluía o nono ano, na
Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, no interior de Teresópolis/RJ, e, mesmo que aparentemente tímida,
ela sempre buscou se envolver nos projetos da escola, como nos saraus que realizamos
na escola, nos quais a jovem artista cantava famosas canções gospel, em
companhia de sua amiga Jaqueline (que já mostrou seu talento como poeta
revelação em postagens e concursos literários, em 2016). O talento de Mariana
Sessa como escritora de contos (eu sabia que ela era uma leitora voraz de
livros de contos e romances e que ela já havia feito alguns poemas e cartas em
parceria com Wellington e Jaqueline, mas esta foi sua primeira incursão
literária solo na prosa) só me foi revelado no meio do ano letivo de 2016,
quando ela tomou coragem e me mostrou suas fantásticas histórias. Seus contos
me chamaram logo a atenção pela competência criativa, escrita envolvente, que
deixa o leitor vidrado com cada momento da história, e a densidade dos temas
(que apresentam desde a violência contra mulher, depressão, escravidão sexual (sutilmente sugerido) até tráfico de
pessoas!
Para
a publicação, só precisei dar uns pequenos ajustes no conto de Kate e alguns
maiores acertos no conto da Lia, resolvendo algumas quase
imperceptíveis pontas soltas para que parecessem mais realistas. Mas a essência
genial das obras de Mariana Sessa permanece em ambos os contos, os maravilhosos
contos que escreveu continuam super-fodasticamente seus; só lapidei diamantes
que já brilhavam.
Leiamos
com atenção os mais que fodásticos contos da jovem e promissora escritora
Mariana Sessa para que nos emocionemos com suas fabulosas narrativas e
reflitamos sobre os aspectos bons e ruins da condição humana. Boa leitura e
Arte Sempre, amigos leitores!
Kate
Kate tinha muitos sonhos. Era uma
menina pura, ingênua, que possuía uma beleza extremamente perfeita. Seus pais,
Dona Alice e seu José, tinham muito orgulho de Kate, pois sua filha era muito
adorável, muito amada por todos à sua volta. Só que Kate sonhava muito alto e
não via maldade em nada...
Um dia, Kate saía da escola
distraída, quando esbarrou com um menino que passava por ali. Seu nome era João
e foi amor à primeira vista! Ele parou diante dela com cara de bobo, puxou
conversa e ficou admirando a beleza de Kate. Desse dia em diante, eles passaram
a se encontrar e começaram a namorar.
Mas João não era o príncipe com o
qual Kate sonhava: com o tempo, o rapaz passou a maltratá-la. E aquela menina
amável e sonhadora virou uma menina triste, amarga e cruel. Kate, que outrora
tinha um brilho no olhar, já não era mais aquela menina sonhadora. Seu namoro
com o violento João a tornou uma pessoa infeliz e cheia de ódio.
Seus pais se entristeceram com a
mudança de sua filha e tomaram as devidas providências: levaram Kate a um
psiquiatra. O doutor logo percebeu que Kate perdera a capacidade de sonhar e
percebeu que a paciente sofria de depressão, devido à forma que João maltratava
a garota.
Porém era tarde demais: sem seus
sonhos, Kate enlouquecera completamente, jamais voltou a ser a menina adorável
de antes. João, apesar de não ser preso pelos maus tratos que praticara com
Kate, carregou a culpa por toda vida por ter destruído a mais bela e perfeita
sonhadora, por ter acabado com toda pureza de Kate.
Conto de Mariana de Souza Sessa
Lia
Lia era uma garota estranha, saía
pouco de casa, era sempre vigiada pelos tios Sr. Conde e Sra. Condessa, não ia
para a escola como as outras adolescentes e tinha poucos amigos. Sua vizinha,
Ana Beatriz, com a mesma idade que ela, era uma de suas poucas amigas. Isso
porque Ana Beatriz era insistente, sempre que podia se aproximava de Lia, mesmo
com a vigilância constante do Sr. Conde e da Sra. Condessa.
O que mais chamava a atenção de Ana
Beatriz era que Lia sempre parecia com medo, falava pouco e se negava a falar
sobre sua vida ou sobre seus pais. Sempre curiosa com as atitudes estranhas da
vizinha, Ana Beatriz resolveu insistir em sempre se encontrar Lia nas poucas
vezes que ela saía até o quintal de sua casa e investigar melhor a vida de sua
estranha amiga. Sua insistência acabou irritando Lia, que brigou com a curiosa
Ana Beatriz. Diante dessa discussão, os tios de Lia, sempre próximos de Lia, se
aproximaram ainda mais e pediram que Ana Beatriz parasse de se encontrar com
sua sobrinha, até porque em breve Lia viajaria e, por isso, a garota não
deveria criar laços de amizade com ninguém. Ana Beatriz se afastou, mas reparou
que um caderno de anotações caíra do bolso do Sr. Conde. Quando os tios e Lia
viraram as costas, Ana Beatriz se imaginou num filme de suspense policial,
catou rapidamente do chão o caderno perdido, enfiou no bolso e levou-o apressadamente
pra casa sem avisar seus estranhos vizinhos.
Ao ler o caderno, Ana Beatriz
descobriu que, na verdade, o Sr. Conde e a Sra. Condessa não eram os tios de
Lia, e sim traficantes de pessoas. E mais: eles pretendiam, na semana seguinte,
vendê-la para alguém no exterior, que pretendia usá-la como escrava. Ana
Beatriz avisou seus pais, que logo avisaram a polícia. Os policiais chegaram,
prenderam Sr. Conde e a Sra. Condessa e libertaram Lia. A garota que jamais
sorria, pela primeira vez, parecia aliviada. Lia não era mais uma garota
estranha. Os policiais lhe explicaram quem foi a responsável pela sua
liberdade, então Lia correu e abraçou a amiga Ana Beatriz.
- Obrigada, Ana Beatriz! Serei
eternamente grata a você! Me desculpe por nunca te falar nada. É que o Sr.
Conde e a Sra. Condessa sempre me vigiavam e sempre ameaçaram que algo de ruim
poderia acontecer comigo ou com você caso eu lhe contasse algo. Obrigada por
insistir e me salvar desses bandidos.
Depois disso, descobriram que, na
verdade, Lia era órfã e foi sequestrada de uma casa de menores carentes.
Percebendo a amizade de sua filha com a garota, os pais de Ana Beatriz
decidiram adotar Lia. E agora Lia e Ana Beatriz não são apenas amigas, vivem
felizes como duas irmãs.
Conto de Mariana de Souza Sessa
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