Ontem, na chuvosa noite de terça-feira, 13/06, cumpri uma promessa antiga:
finalmente visitei a casa do mestre-poetamigo Roberto Esteves Siqueira Jr. no Canteiro,
em Valença/RJ, e tive a oportunidade de trocar meus livros mais recentes com
ele e, glória dos deuses da psicodelia poprrockprogressista!, de participar e assistir
ao fodástico ensaio de sua banda, a Banda do Canteiro, formada por ele
(guitarra e voz), Carlos Roberto (percussão, vocal e dança), Edinho Batera
(bateria) e Vany Junior (baixo). Foi uma noite fabulosa de muito som e poesia
(não, não há registros de fotos ou vídeo; alguns momentos fodásticos só ficam
registrados no facebook da memória).
Fiquei tão empolgado com o show que acabei escrevendo um
poema em homenagem à banda. Espero que os músicos-amigos e amigos leitores
gostem.
A nova cor do som do Canteiro
Em homenagem e à moda de A Banda do Canteiro
Após a porta, existem as portas, outras portas,
sou viajante na tempestade buscando abrigo na casa do som,
no lar do lirismo:
“Olá, louco amigo, eu vim conhecer as harpas, tambores e
violinos modernos
que você me prometeu.”
A noite nas minhas costas recebe o primeiro beijo inodoro da
chuva iluminada
e a violência das gotas d’água frenéticas outrora contidas
são pancadas pacíficas, macias,
que acompanham os tons, semitons, harmonias e inexistentes
microfonias
de meus velhos e novos amigos, que tocam pra si numa
dimensão paralela, coletiva.
Agora um cachorro me sorri latindo em frente ao portão
invisível,
declamando algum roteiro que nunca foi escrito pra Fellini
filmar;
a nova cor do som de Canteiro tem as pétalas róseas de
Floyds infinitos,
cheira ao espírito juvenil de um nirvana que flutua contra o
precipício,
aceita o gingado das folhas pueris que balançam nos ventos
da liberdade
e traz em sua base as árvores seculares que fazem sombra pra
chama não se apagar:
“Ainda é cedo pra envelhecer o desejo, velho companheiro, ainda
é cedo,
ainda há muita arte pra se tocar.”
O relógio acompanha a banda sem mexer os ponteiros,
mas o verdadeiro tempo insiste em passar,
então um último solo de guitarra pra outra nota de chuva
acompanhar,
então o baixo, cada vez mais baixo, anunciando sua partida
pra outro dia, outra noite, outro depois, retornar
e a bateria hipnótica vai diminuindo a aceleração
progressiva,
acompanhando as mãos múltiplas do percussionista
que se prepara pro último toque, pra canção encerrar.
È aí que as portas temporariamente se fecham, todos partem,
é hora de descansar,
mas,às minhas costas, a primeira porta, a que abriga as
outras portas,
falsamente se fecha, fica entreaberta.
A chuva ainda intensa, mas agora alucinadamente serena
alerta cada um dos morros extensos e receosos do Canteiro:
“Não temas o silêncio, velho companheiro, não é o fim, e sim
outro entremeio,
outro dia, outra noite, nós voltamos, tu podes esperar!”
Lindo
ResponderExcluirA porta está sempre aberta. Realmente paralelo e coletivo. Você é o cara.
ResponderExcluirQue fera! Quero ouvir!!!!!
ResponderExcluirEles ensaiam nas terças-feiras à noite, Pinheiro, fala com o Roberto. Tive a oportunidade divina de folgar no dia da Santo Antônio rs, vale a pena conferir, camarada, o som é fodástico!
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