quarta-feira, 6 de abril de 2016

Solidões Compartilhadas (Atrasadas, Mas Infelizmente Ainda no Triste Agora): O Poema Protesto de Dio Costa

Sim, amigos, no dia 1.º de abril deste ano, acabei dando um golpe de mentira sem querer fazê-lo: fascinado com o fodástico poema “Protesto”, escrito pelo mais-que-fodástico artistamigo Dio Costa, residente em Volta Redonda/RJ, pedi ao autor que me permitisse publicar o poema citado em meu blog e previ que a postagem sairia no dia 1.º de abril (como o poema de Dio questionava as manifestações populares pedindo o intervenção militar, escolhi a data em que a farsante “revolução” (leia-se golpe militar) foi oficialmente iniciada). Pois é... mas eu não contava que iria tirar um período de folga do blog (sempre que fico abafado no trabalho ou atolado de compromissos, coloco o blog em “ostracismo programado”) exatamente na semana em que eu prometera publicar o poema de Dio Costa – o aniversário do famigerado Golpe Militar passou e a postagem não aconteceu.
Mas, como sabemos, ainda há muitos manifestantes ensandecidos a favor do retorno da Ditadura Militar e, por esse motivo, infelizmente, mesmo com atraso, o poema “Protesto”, de Dio Costa continua super-atual (yeah, tudo segue assustadoramente igual na, como diria Cazuza na canção “Medieval”, “novidade média, na mídia da Nova Idade Média”) e continua merecendo todos os destaques e aplausos pelo seu excelentíssimo conteúdo (o mesmo poema pode ser encontrado no blog de Dio Costa no seguinte link: http://diocostapoemas.blogspot.com.br/2016/03/protesto.html).
É a primeira vez (de muitas que virão) que compartilho minhas solidões poéticas com o fodástico artistamigo Dio Costa, mas não é a primeira vez que ele aparece no blog (ele já apareceu por aqui nos vídeos em que fizemos parceria lírico-musical em evento organizado pelo poeta Giglio na Toca do Arigó). Autor de diversos fodásticos livros (como o vibrante “Sarcáustico”, de 2015 – do qual falarei mais a frente em postagens posteriores), integrante do grupo lírico-musical Circunlókios, Dio Costa estreia hoje no blog uma postagem solo, uma solidão lírica compartilhada extremamente crítica contra os pensamentos retrógrados daqueles que ainda aplaudem ditaduras e golpes militares, períodos reconhecidamente sangrentos e extremamente repressivos de nossa História (ah, mas a memória é curta, então nos encarceramos em novos passados inventados por não lembrarmos corretamente do terror dos cárceres passados).
Fiquemos com o fodástico e super-atual poema “Protesto”de Dio Costa, amigos leitores – é melhor postá-lo logo, antes que a História retome sua tortuosa face torturadora.

Protesto

depois não adianta chorar
Sr e Sra Intervenção Militar
depois não adianta chorar
o choro que ninguém vai escutar
podem protestar
se o protesto de vocês é pacífico
o nosso é atlântico, em alto mar
e alto lá, mermão
não nos confunda com o Garotão da Intervenção
e seu abadá da militarização
nem com a Família Rabecão
pedindo mais repressão

podem protestar
protestem antes que todo e qualquer protesto
seja trancafiado no porão
onde tortura não é nome de torta
onde pau-de-arara não é nome de passarinho
onde doi-codi é bem mais
que a senha do wi-fi do seu vizinho

podem protestar
digam que é intervenção e não implantação
talvez seja loucura minha
me lembra muito aquele papo
de prometer botar só a cabecinha
e uma vez lá dentro, Fera,
já foi, já era


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