Olá, caros leitores, bem vindos ao blog daqueles que guardam um sorriso solitário no canto dos lábios que versam sonhos coletivos. Bem vindos ao meu universo virtual poético, bem vindos ao mundo confuso e fictício ferido de imortal realidade. Bem vindos ao inóspito ambiente dos eus líricos em busca de identidade na multidão indiferente, bem vindos ao admirável verso novo.
Um dos momentos mais especiais
que guardo pra sempre na lembrança de meu passeio pelo 40.º Salão de Humor de
Piracicaba/SP foi ter encontrado o fodástico cartunista Alex Sander, de São
José do Rio Preto/SP.
Dono de uma aura inspirada e
reluzente como há tempos eu não via, Alex Sander me deu a oportunidade de
conversar sobre o universo dos cartuns independentes, do blues rock (ele toca
baixo em uma banda fodástica chamada Motocircus – já ouvi tantas vezes o álbum
dos caras que meu vizinho já deve ter decorado a melodia rs) e da literatura
(principalmente, sobre o universo kafkiano, do qual somos fã-náticos).
Consequentemente, tive, também nesse intercâmbio artístico, o privilégio de
conhecer um pouco mais da arte mais-que-fodástica de Alex Sander. Levei para
casa duas de suas obras: a história em quadrinhos musicalmente impecável “Gibi
Jazz” e a “Memórias de um cartunista” (que, em breve, receberá também uma
postagem exclusiva). Quem quiser conhecer um pouco mais da arte de Alex Sander, recomendo o blog deste fodástico cartunista, aí vai o link: http://burraxa.blogspot.com.br/
Reservo parte da noite para
minhas leituras e, ontem, deixei um pouco de lado as páginas do romance “Por
quem os sinos dobram”, obra-prima do escritor estadunidense Ernest Hemingway,
para ler as imagens da HQ “Gibi Jazz”. É incrível como essa obra de Alex
Sander, recheada de fodásticos desenhos, leva nossos olhos, quase pausados para
a escrita (a revista quase não possui linguagem verbal, ou seja, fala mais – e
muito eficientemente bem - com imagens que
com palavras), a um show mágico de jazz visual, iniciado por um silêncio
kafkiano e soturno do cartunista, entremeado por notas de sonhos, que nos levam
para a explosão final de uma trilha sonora de desenhos brilhantes que tocam,
dançam e embalam a nossa visão carente de sons. Sim! As páginas do gibi “Gibi
Jazz” trazem música pra os olhos! É como se, à medida que folheamos suas
páginas, o melhor do jazz tocasse em forma de imagem os toca-discos esquecidos em
nossos globos oculares. Dá aquela sensação boa de nostalgia pela canção de jazz
jamais ouvida.
Foi inspirado nesse “Gibi Jazz” e
nas múltiplas sensações visuais-sonoras-instintivas que a HQ de Alex Sander
proporcionou aos meus olhos, que me nasceu a visão do poema abaixo, recém-escrito,
tocando jazz com sonhos que não tive, mas que sei que existem.
Pra ler folheando as palavras e
tirando sons do nada, amigos leitores!
Poema Jazz do café que jazia sobre a mesa na qual minha cabeça
adormecida despertava para a insônia dos sonhos que jamais sonhei
Foi naquela caneca de café sem o toque dos meus lábios
que me toquei que os sonhos me procuravam
e eu não sabia...
Eu não sabia que delírios viviam no café que não tomei.
Eu não sabia que os sonhos me bebiam
enquanto eu cochilava diante da caneca de café que eu deixei...
Eu não sabia, mas agora sei.
Sei que eu poderia ser um personagem de Kafka
dormindo na face intacta
de um livro que ele não escreveu.
Sei que os sonhos vivem nessas páginas que não li,
nessas palavras que não escrevi,
nesses desejos de outro eu.
Enquanto meu corpo jazzia
entre a escuridão de uma música jamais ouvida
e a clara neblina de outra insônia interrompida,
os sonhos gritavam canções de um jazz desconhecido,
um toque novo de Hermeto Pascoal em meus ouvidos,
lá estou eu percorrendo uma estranha estrada,
rumo ao caminho mais lindo do meu nada!
Enquanto meu corpo jazzia,
minha imaginação cantava o inaudível,
desenhava o indescritível
e o invisível dançava na dose de café que não tomei.
Antes eu não ouvia,
antes eu não cria,
antes agora é só uma fantasia que eu outrora criei.
Antes a partitura adormecia nos olhos que só sabiam ver,
e agora, com os olhos cegos, eu consigo ler
todas as notas silenciosas que nunca enxerguei.
Agora, mesmo dormindo, eu acordei
e toquei, na rotação de um tempo perdido,
o acorde inesquecível de um jazz que jamais toquei.
Agora, assim perdido no completo,
sentindo o longe tão perto,
agora sim eu vivo desperto
nesse oculto descoberto
dentro do saboroso café que não provei.
O vídeo acima traz um dos "Discos Inspirações" do "Gibi Jazz" e foi a trilha sonora que ouvi enquanto elaborava o poema
Esse é mais um poema que surgiu durante a jornada pelas
terras de Gonçalves Dias, no Maranhão. Quando descíamos as escadarias de um
mirante, após termos assistido ao espetáculo de imagens da natureza de Guimarães,
a poeta Ana Neres me parou e disse-me esses belos versos:
“No meio da escadaria da vida,
pare pelo menos uma vez
e dê uma olhadinha pra trás” (Ana Neres)
Ao ouvir os versos de Ana Neres, Assenção Pessoa se
aproximou e complementou:
“Esqueça os amores perdidos
E viva o amor voraz” (Assenção Pessoa)
E esses versos desceram comigo a escadaria e, desde então,
dançam em minha memória. Já faz um tempo que deixei as terras de Gonçalves Dias,
mas a poesia incontida contida naqueles dias ainda me acompanha a cada degrau
da minha vida.
Talvez a adolescência seja um receptáculo das dores de amor:
é a fase em que desejamos o outro com mais intensidade e, consequentemente,
também é o período em que mais nos decepcionamos com o outro e, em troca de
nossas paixões febris, recebemos doses e doses de rejeições e frustrações.
Mas, como diria Renato Russo na canção “Metal contra as
nuvens”, “Mas tudo passa, tudo passará...” Se as dores de amor são mais intensas
na adolescência, a nossa escrita também é. E não há melhor remédio para
descarregar dores de amor que a arte escrita; eternizar a dor também significa
transferi-la pro papel, cicatrizá-la em nosso corpo e eternizá-la nos olhos de
quem às vezes nos ignorava.
Baseado nisso, numa certa tarde em que vi Laís Rodrigues
Martins sofrendo por um amores frustrado, aconselhei que ela escrevesse pra
aliviar seu jovem coração. O resultado está aí embaixo; hoje compartilho com os
amigos leitores o poema da jovem e fodástica poetaluna Laís Rodrigues Martins, do 7.º Ano da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, de Teresópolis/RJ. Uma obra poética nascida da
paixão e da dor, em busca da cura na eternidade da escrita.
Se é pra sofrermos por amores perdidos, amigos leitores, que
soframos então com estilo.
Tudo começou quando me deparei com uma discussão entre
amigos do facebook sobre o valor musical de um funk que versa “Pisa na barata /
Pega a galinha / Foge do mosquito” (era algo assim; lamento se errei a complexa
letra). Como não tenho nada contra ou a favor da música citada, o que senti
mesmo foi pena da coitada da barata que é pisoteada durante toda a canção; me
lembrei do personagem Gregor Samsa, de Kafka, metamorfoseado em barata,
correndo dos furiosos pisoteadores de baratas. Foi assim que saiu o microconto
“A metamorfose de Antonio”. E quem diria: o microconto foi premiado com a
publicação na coletânea de classificados do 3.º Concurso de Microcontos de
Humor de Piracicaba/SP.
Como não posso dar um livrinho a cada amigo leitor, posto
aqui no blog o microconto, premiado com as graças da barata de Kafka:
A metamorfose de Antônio
Viu a barata dançando pela sala e
nada fez.
Nunca mais pisaria em uma
companheira depois de ler Kafka.
Outro capítulo importante em minha viagem pelos caminhos
poéticos de Gonçalves Dias foi ter visto a grande festa popular com a
tradicional dança do boi na noite do dia 11 de agosto, em Caxias/MA. Foi um
momento de pura alegria, todos dançavam, sorriam, poesia viva! Destaco nesse
capítulo da viagem o poetamigo baiano Marcelo Moreira, que dançara
empolgadíssimo durante toda a celebração festiva a Gonçalves Dias. O poetamigo
comprovara que o povo de Salvador nasce com uma mola no corpo – a música rola e
eles se requebram completamente entregues ao ritmo.
Na manhã seguinte, parodiando os versos da maldição do pai em
“I-Juca Piranha”, popular poema indianista de Gonçalves Dias, brinquei com
Marcelo:
“Dançaste em presença do boi maranhense?
Filho da Bahia não és!”
Marcelo Moreira, todo azul
A partir destes versos, durante o percurso de Caxias para
Guimarães/MA, resolvi dar mais substância lírica à brincadeira poética e
continuei a paródia que eu iniciara. Dentro do poema-paródia coloquei o termo
indígena icrá de brincadeira, pois ele significa filho, logo a expressão usada
no primeiro verso significa “filho do filho”, já usada por Gonçalves Dias em
seus poemas indianistas. O nome do ‘guerreiro’ de minha saga-paródia é
inspirado no nome de um popular funk carioca. Também brinquei com neologismos e
rimas pobres - resumindo, esculhambei o pobre coitado do poema I-Juca Pirama original.
É propositalmente e simpaticamente tosco, traquinagem poética despida de
sarcasmo e contente com a folia de toda a galera festiva que canta, dança e é
feliz.
Com e para vocês, “I-Muleke Piranha”, o meu inédito poema-paródia
‘baiacarienense’, para ler declamando, dançando e sorrindo, liricamente feliz:
Tudo continuou como um sonho no breve período eterno que
fiquei no Maranhão. A festa de lançamento da antologia “Mil Poemas para
Gonçalves Dias”, no dia 10 de agosto deste ano, data na qual o poeta faria 190
anos, em São Luís/MA,
me reservou novas emoções e surpresas. Vi pessoas de várias idades, de vários
Estados, de vários países, um mundo mestiço como Gonçalves Dias, declamando e
homenageando o poeta romântico maranhense. A “Canção do exílio” ecoava durante
a festividade, ora como samba enredo, ora declamado por todos, como uma oração
milagrosa; Gonçalves Dias devia estar sorrindo no céu dos poetas, observando
tudo aquilo.
O único acontecimento que deve ter feito o poeta fazer uma
careta, no exílio lírico-celeste em que se encontra, foi a palestra do
Professor Weberson Grizoste, do Centro de Estudo da Universidade de Coimbra,
quando este fodástico estudioso das obras gonçalvinas nos revelou que a visão
popular de eterno herói romântico, vitimizado pela impossibilidade de juntar-se
à amada, imagem dada a Gonçalves Dias não condizia completamente com os feitos
do poeta maranhense. Como todo ser humano, Gonçalves Dias teve seus momentos de
anti-herói: se sofreu com a perda de sua amada Ana Amélia, dores maiores e mais
intensas o poeta provocou em sua esposa Olímpia, conforme revelavam suas
cartas. Olímpia, mulher apaixonada com quem Gonçalves Dias casou por
conveniência, sofreu com o desprezo e a infidelidade de Gonçalves Dias. “Deveríamos
sim render homenagens e reverências a essa grande mulher chamada Olimpia.
Graças a ela, temos as obras completas de Gonçalves Dias. Está na hora de
desfazermos a injustiça histórica dada à importância de Olímpia na vida de
Gonçalves Dias.” Esse comentário de Weberson Grizoste ficou em minha mente,
como uma ordem, uma necessidade.
Fiquei imaginando Olimpia, apaixonada e
desesperada pelas longas e constantes ausências do esposo poeta... imaginei o
momento em que ela descobria que seu ausente marido morrera e que jamais
responderia suas cartas, suas súplicas, a constante ausência se tornando
permanente, irreversível.
Na viagem de São Luís para Caxias/MA, minha imaginação
sobressaltava, Olímpia gritava em minha mente e, assim, essa Olímpia imaginada,
sofrida, se tornou um novo eu lírico meu e gerou o poema que posto hoje,
escrito no ônibus onde fazíamos o percurso na direção da terra natal de
Gonçalves Dias. Inicialmente o intitulei “Olimpia”, mas, seguindo as sugestões
do poetamigo baiano e companheiro nessa viagem gonçalvina Marcelo Moreira,
mudei o nome do poema para “Oh Olimpia”. Logo que terminei o poema no ônibus,
entreguei-o para Weberson Grizoste, o pai criativo destes escritos. Tentei
cumprir o pedido que o professor fizera na noite anterior: Olímpia agora é um
poema gonçalvino nosso, dando adeus ao esquecimento e buscando beijos ausentes
na eternidade. Weberson não apenas leu o poema para si; declamou em voz alta
minha obra inédita no ônibus (o vídeo contido nesta postagem registra esse momento).
Espero que Olímpia, assim como Gonçalves Dias, esteja sorrindo lá de cima, no exílio-celeste dos poetas e das musas lembradas e
esquecidas.
Oh Olimpia
E agora teu silêncio é mais pleno...
Antes a mudez de outrora
que este sereno sem volta...
Sabia, sempre soube
que teus sabiás cantavam
por outras terras,
para outras palmeiras,
mas ainda havia penas de esperança
no ninho vazio
à espera do retorno do brilho
do teu sorriso traiçoeiro...
Antes flertar com teu desprezo
que beijar pra sempre este desespero permanente...
Na verdade tudo começou com um sonho antigo: ver os poemas
de meus poetalunos novamente publicados em livro (isso acontecera duas vezes,
em 2007 - na época eu lecionava na E. M. Nadir Veiga Castanheira e tive a
oportunidade de ver 5 poetalunos terem seus textos publicados em antologias de
concursos de poesia nacionais e internacionais, porém, na E. M. Alcino
Francisco da Silva ainda não tinha conseguido êxito em concursos que davam tal
premiação).
Ano passado, visitando o blog de Concursos Literários de
Rodrigo Domit encontrei o regulamento do Projeto Mil Poemas Para Gonçalves
Dias: desafio – fazer um poema em homenagem ao genial poeta romântico
maranhense; premiação – publicação na antologia dos mil poemas gonçalvinos; o
mais importante: não havia limite de idade.
Sabendo do prazo apertado (encerrava em fins de julho do ano
passado e eu tinha apenas algumas semanas antes do recesso escolar), adequei
conteúdos e planejamento para que meus poetalunos dos oitavos e nonos anos
pudessem conhecer a vida e obra de Gonçalves Dias e, assim, produzissem poemas
sobre o poeta, desafio esse que preferi não obrigá-los a fazer – todos
conheceram a trajetória poética de Gonçalves Dias, mas ninguém era obrigado a
ficar depois da aula para produzir o poema. Mesmo sem a obrigatoriedade, 16
poetalunos aceitaram viajar poeticamente com os sabiás de Gonçalves Dias.
Enviei os poemas via e-mails para a organizadora Dilercy
Adler, ilustre poeta que eu já conhecia pelo seu envolvimento brilhante com a
Sociedade de Cultura Latina do Brasil e com a organização de grandes Concursos
Literários como o “Latinidade” (o qual eu já havia vencido uma vez em 2002).
Conhecia o histórico cultural de Dilercy Adler, fato que gerava confiança nesse
novo projeto que ela realizava. Mas toda glória passa por períodos de tensão:
uns meses depois de enviar os poemas, recebi um e-mail de Dilercy informando
que os organizadores não haviam conseguido ainda completar a soma de mil poemas
para Gonçalves Dias, o que inviabilizava a continuidade do projeto. O tempo
passou e o sonho ficou adormecido.
Entre maio e junho desse ano, recebo a notícia-presente
através de um e-mail de Dilercy Adler: a antologia foi concretizada e o lançamento
aconteceria no aniversário de vida do poeta, em São Luís/MA, no dia 10 de
agosto de 2013, quando Dias completaria 190 anos [seu corpo nos deixou há
tempos, mas sabemos que o poeta, quando continuamente lido e jamais esquecido,
nunca morre, amigos leitores, por isso comemoramos sua eternidade na data de
aniversário do artista].
O sonho não saiu perfeito: devido a algum daqueles
misteriosos extravios virtuais, 7 poemas gonçalvinos de 6 alunos somados ao meu
poema-homenagem (aquele que publiquei a algumas postagens atrás) não chegaram a
Dilercy Adler. Porém, contudo, todavia, os 11 poemas – a Suelen Cristina
escreveu dois poemas, tamanha a sua empolgação com o tema - dos 10 poetalunos
da primeiro e-mail estavam na antologia [logo, mais de 1% dos mil poemas
gonçalvinos de todo o mundo vieram da E. M. Alcino Francisco da Silva, de Teresópolis/RJ],
uma festa lírica para os privilegiados, e Mayara Silva Jorge, uma das
poetalunas contempladas, ainda recebeu uma comenda gonçalvina por ter vencido
com seu poema em homenagem a Gonçalves Dias o Concurso Nacional de Poesias da
ALAP-RJ do ano passado. Não dá pra esconder meu sorriso, amigos leitores, me
vem sempre as frases da protagonista do filme “Quase famosos” – ela, de vez em
quando, parava e dizia fascinada: “Olha! Você está vendo? As coisas estão acontecendo!” Os sonhos não
morrem, amigos leitores, eles adormecem e acordam mais fortes que nunca e estão
sempre rondando nossos caminhos; às vezes por seguirmos cabisbaixos não
percebemos o brilho raro das estrelas que nos acompanham.
Hoje posto os 11 poemas dos 10 poetalunos classificados na antologia
“Mil Poemas para Gonçalves Dias” e também os outros 6 (o meu, como já disse,
está publicado aqui em postagem anterior) que não entraram em livro [ainda,
pois se a estrela não brilha naquela constelação, vai brilhar em outra, com
certeza!], mas que também são frutos da dedicação e crença em mundo poético,
mais gonçalvino, onde o sabiá canta em paz no mundo do sonhar. Posto também o
vídeo com minha participação na festa de lançamento do livro, quando declamei o
premiado poema da fodástica Mayara Silva [seus escritos várias vezes ganharam o
Top das postagens desse blog].
É importante destacar também que os poetalunos não só se
preocuparam em produzir os poemas com dados biográficos de Gonçalves Dias (ou
seja, não se prenderam apenas ao conteúdo), mas também em resgatar em seus
poemas os versos ritmados consagrados pelo fodástico poeta maranhense (ou seja,
o estilo dos poemas deles também é gonçalvino).