Estocolmo (ou Colmo Estamos)
De tanto apanhar psicologicamente, a população escrava do Sítio Nova Decrepitolândia pegou simpatia pelas chibatadas invisíveis.
Seu senhor chicoteador de todos, o autoproclamado Dom Ito Varom, preguiçoso e abusivo, decidiu dar um Dia de Liberdade aos seus violentados:
“Hoje vocês têm independência para passearem comigo às Praias de Estocolmo e escolherem onde carregarem essas minhas trouxas farpadas e pesadas: no ombro esquerdo, no direito ou nos dois. Hoje comemoramos a liberdade, mas com responsabilidade: cada um precisa carregar meus fardos de fardas pesados, mas com direito de escolhas de onde pretendem melhor os músculos desgastar”.
Todos aplaudiram (havia um velho mandamento decrepitolandinense, das Abençoadas Escrituras da Tortura, que dizia: “Tudo posso naquele que sobre mim se impusesse”, e, por isso, toda população sabia que a formalidade era aplaudir toda vez que Dom Ito Varom terminasse de falar – por mais ininteligível que fosse, a palavra de seu senhor chicoteador é lei soberana).
E seguiram juntos com Dom Ito Varom às Praias de Estocolmo, contentes com a liberdade impossível, tão etérea que parecia fazer milagres nas costas das almas marcadas. Os fardos de fardas de seu senhor chicoteador, mesmo que podres, farpados e pesados, naquele fatidivínico dia, não fediam, não doíam, nem pesavam tanto assim...
Muito foda.
ResponderExcluirMuito foda.
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