quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Vamos viralizar coisas boas: A Pandemia da Leitura em Homenagem ao Dia Nacional do Livro

Hoje, dia 29 de outubro, é o Dia Nacional da Leitura e o blogueiro-professor-escritor-poeta-pateta que vos escreve e os magníficos super alunos leitores das escolas onde leciono não poderiam ficar de fora da comemoração desta data super especial!
Abaixo seguem dois vídeos com a campanha da Pandemia da Leitura: Coordenados por mim, com apoio das equipes diretivas e demais profissionais da educação das escolas, os alunos leitores da turma 602 da Escola Municipal Nadir Veiga Castanheira, onde leciono Língua Portuguesa, e os alunos leitores do turno da manhã da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva (ambas as escolas da região rural de Teresópolis/RJ) trazem, cada grupo, um vídeo para viralizar com uma campanha de muito amor ao livro, nosso grande herói e companheiro nessa prolongada quarentena: a “Pandemia da Leitura da Escola Municipal Nadir Veiga Castanheira”, com magníficas dicas de leitura para todos que nos assistem e acreditam no poder da literatura e na nossa educação pública de qualidade.
Curta, compartilhe, viralize coisas boas, viralize literatura! E contribua na pandemia: deixe nos comentários, uma dica de leitura sua.
Educação, Literatura e Pandemias de Coisas Boas Sempre!

Vídeo 1: Pandemia da Leitura da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, de Teresópolis/RJ, em Homenagem ao Dia Nacional do Livro

Vídeo 2: Pandemia da Leitura da Escola Municipal Nadir Veiga Castanheira, de Teresópolis/RJ, em Homenagem ao Dia Nacional do Livro


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

O exílio sem título e a vida em família da mais que fodástica poetamiga Gisele Pacheco

Ontem foi o Dia do Poeta (é, eu queria ter postado antes da meia-noite para a homenagem ser plena, mas a terça-feira foi frenética; ainda não parei nem me desliguei um minuto sequer, porém, contudo, todavia, apesar de todo corre-corre, não descansaria sem deixar uma postagem nova aqui para vocês). E nada melhor para homenagear a data dos navegantes que cursam seus barcos para além do infinito que relembrar poemas antigos, que até hoje me enchem de fascínio, da mais que fodástica poetamiga teresopolitana (outrora, minha poetaluna dos meus primórdios em sala de aula, na Escola Municipal Nadir Veiga Castanheira, entre 2006 e 2008) Gisele Pacheco. 
Sim, hoje (ela deve estar com aquele sorriso de orgulho, mas disfarçando a alegria, com marra: “Finalmente, né, professor...”), depois de milênios de atraso, sim, finalmente, compartilho minhas solidões poéticas com a magnífica poetamiga Gisele Pacheco! Gisele sempre teve um talento fenomenal, um lirismo maduro muito além das limitações que encontramos, quase sempre, quando iniciamos nas veredas poéticas; era a rainha do paradoxo (domava esta ardilosa figura de linguagem a seu bel talento como poucos, tanto que sua arte, em alguns certames literários escolares, era compreendida por poucos), sempre teve um senso crítico enorme, como poderão ver na paródia da Canção do Exílio que ela construiu em parceria com a colega Pâmela, no 7.º Ano (!), e sempre foi positivamente marrenta (quem é genial pode desfilar marra; poucas artistas, como ela, podem ostentar um título internacional [3.º lugar no 1.º Concurso Internacional de Poesias Gioconda Labecca, em Campanha/MG] quando ainda cursava o oitavo ano do ensino fundamental [nessa época, eu, por exemplo, engatinhava na redação comum, pois meu despertar poético só aconteceu quando eu cursava o 1.º ano do hoje chamado Ensino Médio]). Em seu facebook, Gisele já manda o recado na descrição: “O que dizem sobre mim é apenas a perspectiva deles...” É meio que uma drummondiana seguindo o verso do mestre: "Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou". 
Sim, os deuses da poesia gostam muito de mim, afinal, eu comecei minha carreira no magistério premiado com hipertalentosas artistalunas com personalidades líricas autênticas e iluminadas como a Gisele Pacheco. E lembrança boa é para ser compartilhada, poemas mais que fodásticos que flertam com o tempo infinito então nem se fala: ela tem toda razão, estes poemas deveriam estar aqui no blog há tempos. 
Sim, finalmente, amigos leitores, vamos curtir o lirismo magnífico e enamorado com o tempo infinito da mais que fodástica poetamiga teresopolitana Gisele Pacheco! 


Exílio sem título 

Minha terra tem políticos
Onde canta o mensalão. 
As guerras que aqui têm
Nunca lá terão.

Nossos céus são mais cinzas, 
Nossas estrelas mais amarelas, 
Nossas Várzeas têm mais prédios, 
Nossos bosques têm mais favelas.

Minha terra tem ladrões
Que cantam como sabiás.
Os ladrões que aqui roubam
Não roubam como lá.

Aqui encontro crimes
Que não encontro lá. 
Minha terra tem ladrões
Que cantam como sabiás.

(Poema escrito por Gisele e Pámela, quando estas cursavam o 7.º ano [na época, ainda chamado de 6.ª série]. Percebam desde a super originalidade irônica do título até os versos críticos ferozes. Gregório de Matos, o Boca do Inferno, está louvando o nome destas duas jovens poetas até os dias atuais!)


Vida em família

Com o doce som da voz da minha mãe a me chamar,
com a voz serena e meiga a chamar
minha irmã no meio dos manguezais a namorar
e, pobre de mim, tenho que ocultar.
Meu pai a trabalhar, trabalhar sem descansar
até que o dia chega ao fim
e todos vão se deitar
pois amanhã é um novo dia
e tudo continuará.

(Poema de Gisele Pacheco, quando ela cursava o 8.º Ano, premiado com o 3.º lugar no 1.º Concurso Internacional de Poesias Gioconda Labecca, em Campanha/MG na Categoria Juvenil [de 13 a 17 anos]. O texto foi publicado em uma coletânea. Podemos perceber no poema a influência de poema como “Infância”, de Carlos Drummond de Andrade, mas com um método completamente personalizado, que me lembra mais os poemas de Conceição Evaristo sobre suas memórias de infância. Reparem o uso incomum da gradação, tornando o poema inicialmente suave e divertido para uma criticidade mordaz ao dia a dia laborioso e inexorável do pai que trabalha sem parar e da continuidade infalível da rotina do ciclo familiar).



sexta-feira, 16 de outubro de 2020

As ilusões dos anzóis, as noites e os caminhos, às vezes, sem rumos, mas só possível com amor: Pelas musas e por vocês, amigos leitores, as solidões líricas compartilhadas de Renato Galvão

Esta semana que vai chegando ao fim é um período que traz datas importantíssimas; foi nela, por exemplo, que, em 12 de outubro, comemoramos, além do Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e do Dia das crianças, também saudamos o Dia do Mar e o Dia Nacional da Leitura (sim, precisamos, com milhares de datas, lembrar muito desta prática pouco exercida – ou exercida preguiçosa e descuidadamente - pela maioria da população brasileira). Além de muitas outras datas comemorativas desta semana, o blog, na seção Solidões Compartilhadas, institui o Dia do Mais Que Fodástico Multiartistamigo Renato Galvão, Artista Plástico, Escritor e Poeta na empresa Ateliê Ren-Artes, além de idealizador do Jornal Alecrim (segue o link deste formidável site: https://www.jornalalecrim.com/ ) e nosso artistamigo aniversariante do dia 15 de outubro (sim, ele teve a proeza lírica de nascer no comemorativo e super louvável Dia dos Professores). Como podem já perceber, hoje, compartilho minhas solidões coletivas neste espaço lírico-virtual com o grande mestre multiartistamigo Renato Galvão, autor de quatro de livros de poesia e de milhões contribuições poéticas nas artes plásticas (ele próprio confessa que a arte plástica lhe veio quando começou “a escrever um livro sobre ficção e realidade...”).
O próprio Renato Galvão humildemente se define: “Sou o que se pode chamar de escritor amador. Um homem que gosta de juntar letras, formar palavras e construir textos que tentam traduzir gestos, olhares, sorrisos. Simplesmente traduzo sentimentos”. Sobre seus temas, o autor comenta: “Escrevo para pessoas, sobre pessoas, suas palavras e frases, suas lágrimas, seus sorrisos, suas alegrias, suas paixões, seus sofreres, suas felicidades, suas nostalgias. Enfim, seus sentimentos. Também escrevo sobre situações e ações do nosso dia a dia, protestos e desigualdades sociais, contos e outros gêneros. A grande maioria dos textos que escrevo são frutos da observação da vida humana. Costumo também retratar e até homenagear pessoas que sequer me conhecem, que não fazem a menor ideia de minha existência e que figuram ou são a razão de minhas palavras. Naturalmente aos amigos(as), parentes e tantos outros se incluem nesta procura por palavras observando o ser humano. Escrevo também sobre os meus sentimentos e os externos através de poesias...”
Foi o mais que fodástico multiartistamigo Renato Galvão quem comemorou, ontem, mais um aniversário de infinidade lírica (como ele próprio diz, “Continuo fazendo arte e não devo parar nunca mais...”), mas quem ganha as oferendas líricas são vocês, amigos leitores! Naveguemos nos universos líricos que a arte do mais que fodástico multiartistamigo Renato Galvão nos traz! 

Série Lua Drágna - Tela n.º 13


Ilusão do anzol 


Quem irá se perder,
Praticando o medo de uma nova relação
Ou distanciando-se de um nobre coração?

Quem irá se perder,
Pela própria culpa ou
Por trocar a coragem pela dúvida?

Quem irá se perder,
Por não se permitir uma nova chance
Ou por encarar tudo como revanche?

Você está me perdendo, 
Não para uma nova relação
Ou para outro coração.

Você está me perdendo
Para suas cansadas desculpas
Ou por não admirar a lua.

O tempo escurecerá,
Quando a ilusão do anzol passar,
Quando o fim chegar.

Aqui também escurecerá,
Mas sem ilusão ou anzol.
Encontrarei o caminho de volta ao sol...



Não há caminhos que se possa trilhar 

Não há caminhos que não se possa trilhar.
Não há rainhas ou reis de gelo, de ouro ou prata
Que o amor possa enclausurar.

Nem sábios ou ignorantes,
Nem poderosos ou humilhantes
Que possa o amor descartar.

Foi por amor que viemos,
Foi por amor que Michael de Nebadon
Surpreendeu os universos com seu dom.

Foi por amor que recebemos
A dádiva do Criador.
Foi por amor que o Criador Michael nos enviou.

Foi por amor que o mais
Humilde dos humanos
Ousou despertar o amor nos estranhos.

Foi por amor que tudo se fez luz.
Foi por amor que nos perdoou.
Foi por amor que, nossas vidas, transformou.

Não há caminhos que não se possa trilhar.
Não há amor que se possa desprezar.
Não há amor que se possa ignorar.

Sem amor só haverá escuridão.
Sem amor não se praticará o perdão.
Sem amor somos servos da solidão.

Sem amor não haverá luz,
Sem amor não se pode brilhar.
Sem amor não haverá caminhos que se possa trilhar...



Série Lua Drágna - Tela n.º 14


Noites

Pelas noites a procuro em espaços errados.
É nas noites que descubro que estou abandonado.
São em noites escuras que sonho sonhos desesperados.
Pelas ruas não a encontro nem mesmo para um abraço.

Deito-me na cama do acaso,
Do direito de perder,
Mesmo que o desejo venha me dizer
Que você não quer fazer parte do meu viver.

As estrelas me visitam
E recolhem o brilho das lágrimas
Que iluminam o delírio de um
Coração apaixonado.

As lembranças se transformam em
Abismos de saudades.
E assim sigo esperando por milagres,
Castigado pela sua falta de coragem...


Por você... 

Por você
Dedicar-me-ia.
Perseguiria o impossível. 
Controlaria o impassível.

Por você
Desenharia seu infinito.
Seria um soldado lutando por sua paz.
Mudaria sua vida fugaz.

Por você
Transformar-me-ia num escudo.
Tiraria você desse poço fundo.
Defender-lhe-ia de suas dores,
Curaria suas feridas. 
Dizimaria seus horrores.

Por você.
Eu seria você.
Mas... Se, somente se,
Você fizesse por me merecer...

Sem rumos

Quando vieste
Era puro encanto.
Quando partiste
Veio solidão ao meu encontro.

Quando eu disse: amo-te.
Meu mundo eu esqueci em instantes.
Quando saíste, trancaste as portas,
Esquecendo-me num canto.

Quando sorrias
Via-se a magia.
Quando vinhas
Era pura alegria.

Tua voz enchia de alegria a casa.
Hoje, não há mais nada.
Ficamos para trás na tua estrada.
Só restou o silêncio das frias madrugadas.

Agora não tenho teu sol.
Só me deixaste a chuva.
Os dias são escuros.
Vivo sem destino, sem rumos.

Esquecer-te meu coração não quer.
A saudade me deixa triste.
Amar-te é o que me mantem de pé
Sem ti, nem eu e nem a nossa casa existe.

Sonhar? Sim...
Foi o que me restou.
Com teu sorriso,
Tua alma
E teu amor...

Alguns livros de Renato Galvão

CurtaPoesia: 
Renato Galvão ao vivo
no Sarau em Cores,
organizado por Thay Lucas





domingo, 11 de outubro de 2020

Solidões Compartilhadas: A premiada poeta Andresa Ferreira da Silva nos conta como foi depois que tudo começou

Hoje o blog traz uma notícia cultural chique demais: Andresa Ferreira da Silva, aluna do 9.º Ano A na Escola Municipal Alcino Francisco da Silva (e da Sociedade dos Poetas Vivos do Alcino), unidade de ensino onde leciono Redação, em Teresópolis/RJ, foi a representante de Teresópolis na 8.ª Edição do Festival Intermunicipal de Poesias nas Escolas, evento organizado pelo artistativistamigo Alex Sandro Oliveira (quem quiser assistir ao maravilhoso evento é só clicar neste link da live do Festival: 
https://www.facebook.com/100003913187579/videos/1851958098277945/ ) e, na última sexta-feira, dia 09/10, conquistou, com louvor merecido, o 3.º lugar neste tradicional e formidável certame literário estudantil!
Por esse motivo, retomo as Solidões Compartilhadas do blog com o premiado poema “Depois que tudo começou”, de autoria da magnífica e hipertalentosa poetaluna Andresa Ferreira da Silva, por escrito e declamado pela própria autora, em vídeo dirigido pela também magnífica e hipertalentosa (e também premiadíssima) poetaluna do 8.º Ano A e cinegrafista Jamile Ferreira Silva, irmã de Andresa, membro também da Sociedade dos Poetas Vivos do Alcino e artistaluna efetiva-faz-tudo do Grupo Teatral Escolar Luz, Câmera...Alcino! 
Em tempo: Além de ser uma obra prima, rica em recursos (ritmo, figuras de linguagem, etc), o belíssimo poema “Depois que tudo começou” também merece destaque especial pela visão lírica diante do problema contemporâneo – a pandemia de Covid-19 -, retratado de maneira tocante, singela e com uma mensagem final de esperança que todo nosso universo em crise merece ler. 
Agradeço a todos os amigos leitores que sempre deixam sua torcida lírica e vibração positiva pelo blog, pelas conquistas de nosso ensino público, cheio de poesia e luz, mesmo em tempos de crises e insanidades. Meus aplausos a todos os envolvidos direta e indiretamente nesta nossa maravilhosa conquista; todos vocês tornam a íngreme trajetória em defesa da boa educação e da poesia mais linda e mais aprazível para ser seguida e continuada! Ao infinito e avante! Educação, Amor e Arte Sempre! 

Depois que tudo começou 

A vida mudou bastante 
Depois que tudo começou 
E parece que, em um instante, 
A porta se fechou. 

Sair não posso mais; 
Muita gente se isolou, 
Pois esses vírus são mortais 
E a nossa rotina ele mudou. 

Logo tudo vai voltar ao normal, 
Acredite que tudo vai passar, 
Mas, enquanto esse dia não chega, 
Você precisa se cuidar. 

Tenha esperança, 
Juntos vamos além, 
Porque, depois da tempestade, 
O arco-íris sempre vem. 
Poema de Andresa Ferreira da Silva, aluna do 9.º A da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, de Teresópolis/RJ



sábado, 3 de outubro de 2020

Um poema meu relembrado no momento de espanto: O sentido do amor na falência de sentidos

Olá, caros amigos leitores deste contemporaneamente empoeirado blog (minhas visitas e ânimos têm sido cada vez mais raros para uma plena continuidade), como super-herói de grandes HQs americanas, tenho morrido e ressuscitado constantemente como escritor e atualizador das postagens deste meu espaço lírico-virtual de confissões, nerdices, geekices, literatices e outras chat-ices (sim, no fundo, no fundo, é assim que muitos veem a arte – quando não estão em campanhas políticas ou posando de pimbas [pseudointelectuais metidos a bestas]; poucos trazem o germe kamikaze-masoquista-rimbaud-maníaco-bipolar-melancólico-agressivo-ensandecido de curtirem como eu um verdadeiro amor pela desassossegante arte, que nos salva a partir da perdição sublime, inquietação, estranheza, espanto e gosto pela beleza do bizarro associado ao não bizarro, e isso não é um ato de vaidade, arrogância e superioridade - é mais um sacrifício voluntário apaixonado, até porque nós, artistas, somos vistos como autênticos ETs [perceba que a palavra poetas traz as 3 letras que formam a sigla ETs] para a maioria da sociedade que tão inusitadamente representamos, ironizamos, cuspimos e abraçamos).
O Mestre Poeta-Maior Ferreira Gullar dizia que a poesia vem do espanto (ele citava isso, associando ao episódio em que sentiu dor na coluna e, assustado, percebeu a importância desta, tornando-a matéria prima lírica de um poema seu). E meu retorno está associado a este sentimento ferreira gullarniano de inspiração: o espanto. Recentemente, passei por uma possível virose muito próxima da Covid-19: tive dores no corpo todo, falta de olfato e de paladar (descartei a doença da mais recente pandemia pela ausência de febres e problemas respiratório). As dores no corpo, após alguns dias, passaram, mas ainda sofro com os resquícios da falta de olfato e de paladar. E aí veio o lírico espanto: a percepção da falta dos dois sentidos, o susto do novo normal sem sabores e cheiros.
Isso trouxe-me à memória o apocalíptico, dramático e sublimamente romântico filme, com o irônico título de “Perfect Sense” (no Brasil, foi traduzido com a figura de linguagem mais implícita, mas com título ainda icônico e maliciosamente apelativo de “Sentidos do amor”). A história é marcante, emocionante e bem desenvolvida: Um casal vive um romance enquanto uma estranha doença assola a sociedade. Aos poucos, as pessoas começam a perder os sentidos humanos. Sem olfato ou audição, eles insistem na sua história de amor e experimentam sensações desconhecidas. A grande ironia paradoxal do filme é que o protagonista Michael, interpretado pelo mais que fodástico Ewan McGregor, outrora constante escapista de relações amorosas duradouras, finalmente encontra o amor por alguém (a também protagonista Susan, interpretada pela mais que fodástica – fã da exposição de nudez de seus belos seios [ainda não vi um filme em que ela o oculte] Eva Green), logo quando os seus sentidos humanos estão sendo perdidos. É um daqueles filmes que estão no meu top 10 dos mais emocionantes e fodásticos a que já assisti. Marcou-me tanto que me inspirou um poema. Aproveito para deixar-lhes o link de um blog parceiro, o mais que fodástico Sonata Première, para que possam assistir ao filme aqui recomendado: 
https://sonatapremieres.blogspot.com/2012/04/sentidos-do-amor_1676.html
No meu poema, intitulado “O sentido do amor na falência de sentidos”, diferente do enredo do filme, a perda de sentidos humanos ocorre à medida que a relação amorosa humana vai sendo perdida (sim, dei toda essa tradicional volta alucinada como introdução para o poema que compartilharei hoje; se isso não lhe fez sentido, bem, acho que é meio novato[a] aqui nas postagens do blog, pois sempre faço assim, mas, nesse caso especial, sentir falta de sentido tem muito sentido para o poema e para tudo que escrevi até o momento). Em 15 de outubro de 2018, meu poema “O sentido do amor na falência de sentidos” foi selecionado no II Concurso Literário da Fundação Cultura Barra Mansa (FCBM) e da Biblioteca Municipal Adelaide Franco. Agora, em outubro de 2020, completando quase exatos 2 anos depois, o poema retoma destaque em minha memória lírico-afetiva diante desse momento de quase rigoroso isolamento social completo (com muita carência de relações amorosas concretas, confesso) e diante do espanto com a minha temporária falta de alguns sentidos humanos, como o olfato e o paladar. Por esse motivo, resolvi retornar ao blog, compartilhando esse marcante poema meu.
Espero que gostem, amigos leitores! Abraços saudosos na distância, muito amor mesmo sem todos os sentidos e Arte Sempre!
 
O sentido do amor na falência de sentidos
Carlos Brunno Silva Barbosa
 
Primeiro a dor sequestrou meu sorriso,
lembrando-me de todos os cheiros não sentidos
e outros tantos esquecidos
como o perfume de amor em nosso último jantar a dois...
Foi assim que perdi meu olfato
- todo aroma se tornou um passado sem fragrância...

Depois veio o desespero, a agonia da solidão, 
o desassossego despertando uma fome sem freio
e sem solução:
meus lábios famintos pelos teus seios fartos e macios...
Foi duro acordar sozinho e sem paladar
- o alimento mais saboroso passou a ser temperado com vazios...

Em seguida a fúria afagou minha fronte,
joguei em ti a culpa por todos os meus rompantes
e te vi ainda mais distante de mim;
o apartamento quebrado preservou apenas o teu retrato sem vida...
Em cacos, perdi minha audição
- a raiva externada passou a ecoar apenas em minha consciência culpada...

Agora só me resta a busca obstinada pelo perdão,
a corrida desenfreada pela reconciliação,
mesmo que isso me custe a visão;
por isso te abraço tão desesperado,
com o peito aberto e os olhos fechados:
preciso retomar o contato com teus lábios,
mesmo cego, surdo, sem paladar e sem olfato,
preciso reencontrar o amor, antes que eu perca o tato...






Meu filho-poema selecionado na Copa do Mundo das Contradições: CarnaQatar

Dia de estreia da teoricamente favorita Seleção Brasileira Masculina de Futebol na Copa do Mundo 2022, no Qatar, e um Brasil, ainda fragiliz...