Momento de pandemia, tempo de quarentena, isolamento, dias e noites de
solidões coletivas, data marcada como o Dia Mundial da Poesia, é a hora do blog
Diários de Solidões Coletivas retornar.
Como a notícia do novo fim do mundo é uma novidade antiga, trago um
poema meu muito antigo, um dos primeiros que já escrevi, num clipoema novo, um
museu de grandes novidades.
Apesar de antigo (foi o meu primeiro poema publicado em antologia [na “Pérgula
Literária I”, de 1996] e republicado em meu segundo livro solo [“Promessas
Desfeitas”, de 1997], o poema “Declaração de amor à flor do vaso” foi pouco
exposto on line por mim (se não me engano, é a primeira vez que o posto no
blog). Traz um ultrarromantismo adolescente perdido com a solidão e melancolia
do mal bem estar meio fora de lugar.
Nasceu assim, vai assim, meio assim, meio assado, passado no presente bem
mal passado, gosto antigo com novo design.
Declaração de amor à flor do vaso
Aí esta você!
Confinada a um lugar que não é seu,
Longe de sua casa,
Longe de suas amigas,
Perto de tudo que você nunca quis,
Perto de mim.
Oh, flor deste vasto vaso vazio,
Somos tão próximos e tão sozinhos...
Gostaria até de beijar suas pétalas,
Mas tenho medo do perigo,
Tenho medo de me apaixonar...
Se eu tocasse você,
Se eu beijasse você,
Se eu pudesse sentir você,
Eu nunca seria eu,
Eu nunca sentiria medo...
Oh, minha pobre flor rica,
De que adianta a ousadia de nossos sonhos
Se acovardamos nossos desejos?
Oh, minha flor menina,
Nossos corações são iguais;
Talvez, por isso,
Sejamos tão indiferentes com eles.
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