sábado, 21 de março de 2020

Declarações juvenis de amor à flores antigas em vastos vasos vazios em tempos de pandemia


Momento de pandemia, tempo de quarentena, isolamento, dias e noites de solidões coletivas, data marcada como o Dia Mundial da Poesia, é a hora do blog Diários de Solidões Coletivas retornar.
Como a notícia do novo fim do mundo é uma novidade antiga, trago um poema meu muito antigo, um dos primeiros que já escrevi, num clipoema novo, um museu de grandes novidades.
Apesar de antigo (foi o meu primeiro poema publicado em antologia [na “Pérgula Literária I”, de 1996] e republicado em meu segundo livro solo [“Promessas Desfeitas”, de 1997], o poema “Declaração de amor à flor do vaso” foi pouco exposto on line por mim (se não me engano, é a primeira vez que o posto no blog). Traz um ultrarromantismo adolescente perdido com a solidão e melancolia do mal bem estar meio fora de lugar.
Nasceu assim, vai assim, meio assim, meio assado, passado no presente bem mal passado, gosto antigo com novo design.


Declaração de amor à flor do vaso

Aí esta você!
Confinada a um lugar que não é seu,
Longe de sua casa,
Longe de suas amigas,
Perto de tudo que você nunca quis,
Perto de mim.
Oh, flor deste vasto vaso vazio,
Somos tão próximos e tão sozinhos...
Gostaria até de beijar suas pétalas,
Mas tenho medo do perigo,
Tenho medo de me apaixonar...
Se eu tocasse você,
Se eu beijasse você,
Se eu pudesse sentir você,
Eu nunca seria eu,
Eu nunca sentiria medo...
Oh, minha pobre flor rica,
De que adianta a ousadia de nossos sonhos
Se acovardamos nossos desejos?
Oh, minha flor menina,
Nossos corações são iguais;
Talvez, por isso,
Sejamos tão indiferentes com eles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Meu filho-poema selecionado na Copa do Mundo das Contradições: CarnaQatar

Dia de estreia da teoricamente favorita Seleção Brasileira Masculina de Futebol na Copa do Mundo 2022, no Qatar, e um Brasil, ainda fragiliz...