É, amigos, mais uma vez deixei meu blog aos fantasmas (me desculpem; a
realidade anda tão perigosamente e alucinadamente psicótica que a boa loucura
lírica tem se escondido na desesperada interrogação não escrita e na
procrastinação que flerta com a crise existencial).
E falando em fantasmas, crises existenciais, ares poéticos melodiosos
e sublimemente melancólico sorriem para o blog neste retorno, pois retomo as
postagens compartilhando solidões líricas com a jovem e hipertalentosa
poetamiga teresopolitana Laryssa Fernandes.
Laryssa já foi uma das artistalunas mais enigmáticas durante seu período escolar na Escola
Municipal Alcino Francisco da Silva – participava ativamente do grupo teatral
escolar Luz, Câmera...Alcino! (principalmente nos meses finais de seu último
ano letivo na escola, ou seja, quando estava no 9.º ano), frequentava às vezes
o Clube do Livro Alcino Voraz, mas ainda não apresentava tantos poemas e prosas
poéticas tão profundos quanto após sua saída da escola. Na sala, era mais
silenciosa, falava pouco e, algumas vezes, aparentava uma sonolência lírica (só
aparente, pois demonstrava conhecimento de tudo que se passava à sua volta).
Foi após sua saída que Laryssa Fernandes revelou sua faceta poética mais cristalina, quando
tomou coragem e me mandou belíssimos textos seus pelo whatsapp (fiquei num
misto de alegria pela beleza lírica dos escrito e um leve desespero – como não
reparei melhor nesta jovem escritora durante o ano letivo? Entendam: já havia
talento nas redações escolares, eram excelentes textos, mas o que ela me enviou
depois estava além do excelente, eram cristais raros em múltiplas formas e
fórmulas poéticas).
Depois, quis o destino atrasar estas solidões compartilhadas – meu celular,
antes mesmo de dar perda total, por duas vezes, deu tilt e perdi as primeiras
remessas poéticas de Laryssa Fernandes. Ontem e anteontem, foram mais dois
adiamentos: um dia falhou a internet, no outro faltou luz. É, amigos, deixei o
blog nas trevas e os fantasmas fizeram a festa. Mas hoje é noite dos bons
fantasmas, dos espectros magnificamente líricos que acompanham os fabulosos
poemas de Laryssa Fernandes.
Hoje vocês têm diante de seus ávidos olhos, amigos leitores, dois
espetaculares poemas (o emocionante e melancólico “Fantasma” e a loucura lúcida
lírica chamada “Mais um poema sem nexo”) da mais que fodástica poetamiga
teresopolitana Laryssa Fernandes.
Apreciem sem moderação. Boa leitura e Arte Sempre!
Fantasma
Toda noite quando vou dormir
Ela está ali a me observar
Vem de mansinho
Acorda meu demônios interiores
Suga toda a minha vontade de viver
Desvanece o meu sorriso
E me afogo em minhas lágrimas
Até quando isso vai durar?
Até quando essa depressão vai me destruir?
Estou em um labirinto
E a saída não existe
A cada dia meu brilho se obscurece
Parece que isso nunca vai acabar
Estou me tornando um fantasma sem alma_
E meu ser implora socorro.
Laryssa Fernandes
(04/12/2018)
Mais um poema sem nexo
Mais uma madrugada daquelas
Trazendo sua insônia
Abrindo um buraco no meu peito
Me matando por dentro
Quebrada de novo
Vazia de novo
Insegurança
Lágrimas pesadas
De uma garota machucada
Mais um poema sem nexo
De uma pessoa solitária
Usando a caneta como remédio
Minha alma está desgastada
Meu coração ainda bate
Pois sinto ele se partir todos os dias
Me afundei de novo
E a culpa é desse passado manchado.
Laryssa Fernandes
(28/12/2018)