É, amigos leitores, sei que andei sumido, mas, yeah, estou de volta ao
blog! Às vezes, passamos por períodos de tormenta/instabilidade na maré
existencial, momentos de reavaliações/renovações artísticas, muitos
compromissos na vida real – todos esses fatores somados acabam nos
distanciando, ou melhor, entrando em recesso na vida virtual. Mas é momento de
retornar e, se a palavra de ordem é retorno/retomada, trago de volta à vida um
velho poema juvenil de minha autoria, publicado em meu primeiro livro “Fim do
fim do mundo” (1997).
O velho poema juvenil “Pedras salgadas” foi inspirado em minhas
releituras da obra “Mensagem”, de Fernando Pessoa, com o objetivo de
subverter/alterar o jargão lembrado nos poemas de Pessoa “Viver não é preciso /
Navegar é preciso”, dos “navegadores antigos” ["Navigare necesse; vivere
non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC.,
dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf.
Plutarco, in Vida de Pompeu], somado a uma leve referência ao “Lobo do mar”, de
Jack London, mais um tanto de filosofia mitológica grega em louca mistura ao seu
estilo oposto, o romantismo de Álvares de Azevedo na primeira parte da “Lira
dos Vinte Anos”. É um poema que já rascunha parte de uma característica minha
que segue cada vez intensa e frequente em minha poética: o ”intertextualismo”,
ou seja, o habitual uso e abuso do
diálogo subversivo de meus textos com textos de outros autores. E, como o poema
propõe diálogos líricos, defini que ele seria o “reiniciador” de minha retomada
de postagens no blog.
Naveguemos nos mares líricos de ontem, hoje e sempre, amigos
leitores!!! (#voltandoaospoucos)
Pedras Salgadas
Chove no porto
Barcos ao mar
As águas excitadas pela chuva
Excitam os pequenos barcos
E afogam os grandes navios
Com a vontade de naufragar.
Marinheiros vêem
sereias
Quando olham pra
própria imagem
(Quando olham pro
mar...)
Tolos narcisos
saboreiam o egoísmo
Arrumam um salgado
motivo
Pra se afogar.
Pedras salgadas que encalharam navios
Não pegam os barcos que desviam dos riscos
Pois os seus marinheiros
Seguem o caminho
Do velho lobo do mar:
“VIVER NÃO É PRECISO
NAVEGAR TAMBÉM NÃO É TÃO PRECISO
É MAIS PRECISO APRENDER A AMAR!”
A chuva cala
A enchente das
águas
A mágoa do mar
Pelos marinheiros
que morrem
Por não saberem
nadar
(Por não saberem
amar...)
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