Hoje tenho o prazer de compartilhar mais uma vez minhas solidões
poéticas com a poetamiga Luana Cavalera, que, junto da poetamiga Karina Silva,
assume o título de artista-musa da poesia underground valenciana.
Não é a primeira vez que compartilho minhas solidões poéticas com Luana
Cavalera, mas este compartilhamento traz um diferencial especial: além da
poética cada vez mais madura, Luana abraça nos poemas abaixo a filosofia
poética do foda-se com um estilo único, vibrante e paradoxalmente iluminado em
suas trevas, sem tirar os pés flutuantes e oníricos do choque com o chão opressor
e realista. Seus eus líricos pisam nas terras da realidade, mas não aceitam sua
gravidade opressiva; eles deliram, mas não se refugiam na loucura, usam-na como
artifício pra proteger a alma livre e sobreviver e resistir ao constante vazio.
Em tempo: amanhã, sábado, dia 24/01, a partir das 15h, terei o
privilégio de representar o Sarau Solidões Coletivas, de Valença/RJ, na 3.º
Edição do Sarau Feira Moderna, realizado pelo Feira Moderna Zine, no Metallica
Pub, em Porto Novo, em São Gonçalo/RJ, e esses poemas de Luana Cavalera estarão
no meu repertório lírico.
Yeah, amigos leitores, bem-vindos aos delírios líricos fodásticos de
Luana Cavalera!
I
O que te faz feliz não é da conta de ninguém
Porque a felicidade é o caminho certo que sua alma achou.
Se, às vezes, esse caminho não agrada pessoas ao redor e o mundo,
Foda-se!!!!!
É imprescindível que continues.
Porque, se negas tua felicidade, morrerá tua alma.
Sua alma é tua essência
E não há essência no vazio.
II
Bem-vindo ao meu delírio
No subterrâneo retroativo
Alheio ao sistema
Que distorce as verdades pra que não haja caos.
Tudo que eles fazem é lavagem cerebral,
Mas os olhos gradeados não vêem...
O prestígio do saber em mim é liberdade.
O covil da sociedade a mim não cabe.
Minha vitrine agora é lixo...
Não muda nada!
O teto continua de vidro, nisso eu acredito;
Mas se pensamos,
Protestamos,
Questionamos
Aí somos os poetas loucos, né!
Verdade é o que a alma diz,
Conceitos pré-formados não dizem nada sobre mim.
Enquanto você se importa,
Os sábios dizem foda–se por aí.
E se somos os poetas loucos,
Se temos nossa fuga,
Se a nave nos leva a dimensões literárias inimagináveis,
Se derrubamos os muros da moralidade,
Se enfrentamos o opressor,
Se temos na voz a tempestade,
Foda-se quem não compreende nossas verdades,
O nosso grito é por liberdade!!!!!!
Somos os mesmos antes e depois do rush
Não nos pare,
Não nos cale,
Não nos mate,
Faça parte!
Dos seus delírios procedentes de loucuras sensatas
Ouvindo a alma gritar calada
Do querer que quer e renega...
Conduza, reflita, busque as chances quase perdidas
Fique... sonhe
E não se cale por medo de ser diferente,
Tomado pela estupidez de ouvir o eco do mundo e não a sua verdade,
Sempre dando a outra face!
Não se renegue!
Loucos, sábios
Dizem foda-se!!!!!!!
E são quem são
Porque querem SER!
São quem são, e não
Quem fingem ser!
Luana Cavalera
Luana
ResponderExcluirO poema tem seus transes hobbesiano... “o que te faz feliz não é da conta de ninguém”, porém pressupõe uma felicidade engajada e se pressupõe propõe que haja (veja a relação entre os verbos aja e haja), pois veja, se diz que a forma como sinto-me não seja de sua conta (não é uma negação, ou seja, esta afirmando que é da minha conta?). Você diz: “- Se, às vezes, esse caminho não agrada pessoas ao redor e o mundo, foda-se!!!!!” não esta reafirmando que existe a necessidade de está acompanhado e de compartilhar a felicidade? Vejo na estrofe II... uma relação intima com o personagem de Dostoievski o Homem do Subsolo ou notas e uma percepção de alienação sobre a sociedade consumidora. Gosto de pensar que a profissional do sexo viva num estado de simulacro, pois ela tem consciência que o seu corpo está à venda (ou seja, não é uma alienada) e assim, mesmo vende seu corpo, pois considera que é um produto no mercado e um produto de alto valor, ou seja, é capital extremamente valorativo, eu digo, mais é um belo capital (mas não irei fazer teses apologéticas). Você diz: “E se somos os poetas loucos (somos?) / se temos nossa fuga” (temos?) analisemos na perspectiva kantiana: se existe o canto esquerdo é porque existe o canto direito, mas existe uma desobediência civil ( negar o rebanho- Schopenhauer e Nietzsche) se eu seguir o lado esquerdo só porque a grande maioria esta caminhando para o canto direito( fazendo uma negação de valor. Se tu gosta de bolo de chocolate então eu não gosto) e não estaria apenas obedecendo a uma pratica que foi estipulada por alguém (valor moral) continuemos... ”se derrubamos os muros da moralidade ( será que o poeta não fala de um lugar social? Será que ele não vive numa moralidade ( se eu critico a moralidade não estou criando uma?; lembremos o caso de Robson Crusoé na ilha e os valores que ele embutiu no sexta feira).Não seria uma alienação visceral pensar que não vive numa forma de alienação e julgar se paladino da liberdade conta a tirania moral. Outro valor moral que expõe; “se enfrentamos o opressor, se temos na voz a tempestade,/ foda-se quem não compreende nossas verdades, ( a verdade é um valor moral, ou seja, praticas sociais/ ela só existe porque alguns legitimaram como um totem ou dogma) se eu digo aceite a minha verdade ou foda-se! Não estou afirmando que a sua moral é errada, mas a minha é a certa...não é a mesma coisa?
Da horaaaaaaa valeuu#solidõescoletivas#
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