Há poucos dias atrás, aconteceu mais um epísódio triste de hipocrisia da
Era de Trevas Coloridas de Mark Zuckerberg! Fabiano Cafure, notório cineasta, natural
de Valença/RJ, mestre na arte da fotografia libertária, expunha em seu facebook
uma série de ensaios fotográficos chamada “Janela do Fabiano”, na qual ele
explorava o lirismo do corpo de modelos nus no cenário cotidiano de sua janela,
transformando um ambiente comum na mais sublime poesia. Há poucos dias atrás, o
golpe das trevas coloridas: sua exposição fotográfica virtual foi “denunciada”
por outros facebookianos, numa atitude não declarada, mas claramente hipócrita,
homofóbica e racista. E tal atitude foi condenada? Não, amigos leitores: quem
virou crime foi a arte de Fabiano Cafure. As fotos foram censuradas pelo
facebook e o artistamigo Fabiano Cafure teve sua conta temporariamente
cancelada. E mais: Fabiano Cafure não teve direito de resposta na “democrática”
rede social de Mark Zuckerberg.
Se os aliados das trevas coloridas do facebook ganharam essa disputa,
lembro que jamais ganharão essa pacífica guerra, pois a arte mantém-se viva
apesar de todos os pesares (ou seja, apesar deles) e, por mais hostil que seja
o ambiente hipocritamente sociável, a arte vai continuar expondo as lindas
feridas e, como sempre, vai ensinar aos virtuais “vencedores” a sublimação da
dor, a glorificação da mais vitoriosa derrota. O blogueiro que vos fala apóia a
revolta de Fabiano Cafure e, como ele, tenta manter as janelas da arte
libertária viva na eternidade, mesmo quando ameaçada da mais velada e covarde
censura. A arte jamais perde, tolos aliados das trevas coloridas do facebook,
um dia vocês aprendem, pois, por mais que evitem, rá, rá, rá, a arte vai
penetrar em vocês sem vocês notarem e só lhes restará tentar esconder o coito e
negar o implacável gozo.
O poema de hoje é uma homenagem à lírica “Janela de Fabiano Cafure” –
se ela está trancada no facebook, ah, pobres mortais, na memória, ela permanece
escancarada, mais lírica e linda do que jamais se esperava!
A vizinha e a janela fechada
Para Fabiano Cafure e sua janela lírica
Há tempos que aquele garoto mantém a janela fechada
Antes o menino desfilava por ela com seus sonhos nus
Iluminando de lirismo as minhas vistas cansadas.
Hoje a janela trancada marca o retorno de minha crônica catarata.
Alguns dizem que o menino virou homem e parou de despir seu sonhar,
Mas meu olhar outrora tão límpido, agora embaçado
Sabe que o garoto tão vizinho e tão conhecido
Jamais deixaria de revelar seu universo despido e destemido,
Pois o que é lindo é pra se mostrar.
Se o menino trancou o quarto lírico foi por causa de outros homens,
Ex-meninos que não sabem mais o que é crescer sem os sonhos abandonar,
Mas deixa estar, meu vizinho querido,
Sei também que, por entre as frestas de sua agora trancada janela,
Ainda escapam vestígios nus de seu eterno sonhar.
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