quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Meu filho-poema selecionado na Copa do Mundo das Contradições: CarnaQatar



Dia de estreia da teoricamente favorita Seleção Brasileira Masculina de Futebol na Copa do Mundo 2022, no Qatar, e um Brasil, ainda fragilizado pelo crescente de protestos violentos bancados e/ou estimulados por uma extrema direita ofendida com o resultado desfavorável a ela em uma eleição legítima e constantemente ultrajada por grupos radicais, amanhece nublado, com chuvas torrenciais (pelo menos, aqui, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro).
Nesse momento, várias perguntas trazem um clima contraditório em nossa cabeça canarinha... Será que o clima reflete a atmosfera cinza do momento? Será que vestiremos a camisa amarela da Seleção, como tantos que bloqueiam estradas, ficam em frente a quartéis pedindo intervenção militar e rogando por um regime antidemocrático? Será que nossa Seleção vai fazer valer seu favoritismo, como Inglaterra, França e Espanha fizeram, ou vai ‘amarelar’ e tropeçar como Argentina e Alemanha? Vai tomar aperto, como a Bélgica, ou vai ser insossa, como Croácia e Dinamarca? E será que vamos torcer com energia para uma Seleção com tantos jogadores de patriotismo apático (as chamadas da Globo com os jogadores convocando a torcida, em sua maioria, é de uma artificialidade gritante), e/ou alienígenas aos anseios e necessidades populares e/ou apoiadores abertos do que tem sido mais retrógrado no Brasil? Será que, caso saia um gol, ficaremos tão encantados que abraçaremos outros que gritam gol-pe? Será que,, caso saia um gol, esses outros gritarão apenas gol ou acrescentarão no grito da palavra uma segunda sílaba “pe”? Vivemos um momento tão complicado que até torcer – e como torcer - pela Seleção Brasileira Masculina de Futebol virou uma decisão política. É, amigo leitor, vivemos tempos, há tempos, muito estranhos...

Toda essa complicação se refletiu em minha cabeça quando me deparei com um concurso cultural chamado Poesia Urbana, realizado pelo Centro Universitário de Brusque (Unifebe), cujo tema, neste conturbado 2022, foi Copa do Mundo. Confesso que tive certa dificuldade para encarar o tema, mas acabei, como sempre de última hora, construindo um poema para disputar um espaço no certame literário. Como vocês lerão, minha obra poética ficou em cima do muro – como esta postagem, meu filho-poema traz mais interrogações que segurança e certeza. Mas, pelo menos o poema, teve um final relativamente feliz – não ficou entre os primeiros colocados, mas foi um dos selecionados para publicação em e-book no Concurso Cultural Poesia Urbana - Edição 2022 Copa do Mundo, da Unifebe, no Brusque/SC (O link com os selecionados é: https://www.unifebe.edu.br/.../comunicado-proppex402022.pdf ). . É minha segunda classificação consecutiva para publicação em e-book neste certame cultural (ano passado, quando o tema era “Gostinho de casa”. classifiquei com o poema “Saboroso resgate” , que pode ser lido aqui no blog, no seguinte link:
https://diariosdesolidao.blogspot.com/2022/07/poema-literalmente-moda-da-casa.html ).
Agora posto o poema premiado deste ano, “CarnaQatar”, para a fruição dos amigos leitores, enquanto o e-book não sai (e a Seleção não inicia sua contraditória escalada rumo ao hexacampeonato mundial).

CarnaQatar

2022, 22.ª Copa do Mundo, 22 jogadores,
bola bolada por globos oculares supersticiosos zagallares,
rolando unidos pelos campos inéditos longínquos,
feitos pés pelés conduzindo glórias esquecidas,
uh, ora, encarando traves scolaris de suplícios,
ou, ah, feitos mãos taffarelas, qatarndo chute perigo.
Canarinhos em Qatar: garrinchas reerguidos ou manés desperdícios?



2 comentários:

Meu filho-poema selecionado na Copa do Mundo das Contradições: CarnaQatar

Dia de estreia da teoricamente favorita Seleção Brasileira Masculina de Futebol na Copa do Mundo 2022, no Qatar, e um Brasil, ainda fragiliz...