Yeah, amigos e artistamigos, seguimos e frente no blog com a
liricamente riquíssima retrospectiva literária deste ano. E como tem poema
premiado aqui pra divulgar (isso sem contar os inúmeros textos iluminados,
porém [ainda...] não contemplados! 2018 foi superespecial para mim (ou melhor,
está sendo, pois hoje mesmo recebi uma notícia de uma nova premiação em outro
fodástico concurso literário) e para os jovens artistalunos da Escola Municipal
Alcino Francisco da Silva.
Hoje relembro mais algumas conquistas literárias neste ano: no Dia do
Poeta (20 de outubro), fui à Cerimônia de Premiação do 7.º Concurso Literário
da Academia Madureirense de Letras (AML), no qual conquistei o segundo lugar na
Categoria Adulto com o poema "Cemitério de Vagalumes". Além disso, os
queridos artistalunos teresopolitanos da Escola Municipal Alcino Francisco da
Silva, onde leciono, Carine Gonçalves Arruda [na época, do 8.º C, em breve 9.º
Ano], Patrick Martins Vieira [idem, também 8.º C, em breve 9.º Ano], Ester
Rodrigues Monnerat [na época,8.º B, em breve 9.º Ano] e Emily Medeiros de
Oliveira [também 8.º B, em breve 9.º Ano], apesar de não contemplados com os
primeiros lugares, receberam um Diploma de Reconhecimento da AML pelos seus
valiosos escritos líricos.
Projeto de Produção Textual Descrição Poética da Paisagem ao nosso redor. |
Cena do filme "De encontro com o amor" ("Shadows in sun") |
Antes de postar os poemas premiados, vamos à concepção dos mesmos,
afinal essas introduções que escrevo servem exatamente para dar detalhes da
pré-produção lírica. Os poemas dos artistalunos diplomadamente reconhecidos na
AML fizeram parte de uma pré-seleção do Projeto de Produção Textual Descrição
Poética da Paisagem ao nosso redor, escritas após assistirmos à comédia
romântica “De encontro com o amor” (no original – que é o título mais lírico -,
“Shadows in Sun”), que apresenta um imaginário escritor atormentado chamado
Weldon Parish, que não escreve há mais de 20 anos, mas dá dicas de
escrita/descrição poética ao editor Jeremy Taylor, apaixonado pela filha de
Weldon, Isabela, e com a difícil missão de fazer Weldon retornar às práticas
literárias – tudo isso recheado de situações românticas, dramáticas e
engraçadas no lindo cenário de um vilarejo, rico em paisagens naturais, da
Itália. A produção textual foi realizada
após uma aula passeio ao redor da área externa da escola, que envolveu educação
do olhar à cor local, revisão de adjetivos e reforço na apreensão e compreensão
das principais figuras de linguagem e do gênero textual poema em prosa ou em
verso (ficava à escolha do artistaluno) e descrição poética, e cada artistaluno
poderia escrever onde se sentisse mais à vontade – ao ar livre ou na sala. Os
poemas de Carine, Patrick, Ester e Emily se destacaram (apesar da imensa
qualidade das demais descrições poéticas – em outra postagem, trago mais
algumas, principalmente as prosas poéticas, cujas características – ser em
escrita em prosa, e não em verso - não permitiram que fossem concorrentes no
certame literário) e concorreram, com reconhecimento e destaque merecido, no 7.º
Concurso Literário da AML.
Já o poema “Cemitério de vagalumes”, de minha autoria, .º Lugar na
Categoria Adulto no 7.º Concurso Literário da AML, teve seu rascunho escrito
por mim há algum tempo – na época, eu estava muito sensibilizado com os tristes
acontecimentos no mundo, principalmente a guerra na Síria, que vitimava muitos
inocentes, com triste destaque às crianças (aquela foto da criança exilada
morta na beira da praia não me sai da cabeça e, como no filme “Crianças
invisíveis”, me lembra o quão trágico e sem sentido é a violência em ambientes
hostis em guerra), somado às lembranças do excelentíssimo anime “Túmulo de
vagalumes” (1988), ao qual havia assistido recentemente graças ao mais que
fodástico blog “Sonata Première” (segue o link: https://sonatapremieres.blogspot.com/2014/11/o-tumulo-dos-vagalumes.html
). No trágico e icônico desenho do
diretor Isao Takahata (é tragédia sobre
tragédia, melancólico demais, daqueles que você chora diante de tanta crueldade
e sofrência da humanidade em eterna guerra consigo mesma), os irmãos Setsuko e
Seita vivem no Japão em meio a Segunda Guerra Mundial. Após a morte da mãe num
bombardeio americano e a convocação do pai para a Guerra, eles vão morar com
alguns parentes. Insatisfeitos, saem da cidade e acabam num abrigo isolado na
floresta, onde lutam contra a fome e as doenças e se divertem com as luzes dos
vagalumes. Amigos leitores, se quiserem chorar e temer a desumanidade humana,
assistam a esse anime desesperançado! Pois bem, diante de tais tristes e
desesperadoras inspirações, construí o meu poema, forjando uma nova situação,
na qual o eu lírico em um cenário de violenta guerra, encontra o corpo de uma
criança morta, vítima da guerra. O poema sofreu várias transformações desde sua
primeira concepção – primeiramente, o construí como soneto, mas o formato e as
emoções vazavam e pediam mais que 14 versos. A única formatação mantida desde o
primeiro esboço foram os versos decassílabos, que refletem a impotência do eu
lírico diante da criança morta, vítima da guerra – os sentimentos de desespero
e melancolia se expandem nele e tentam extravasar a medida, mas o universo bélico
está no formato rígido, impassível. O conteúdo traz influências simbolistas de
Alphonsus de Guimaraens e de Cruz e Souza – o diálogo melancólico com a
paisagem viva versus a visão da inocente morta no antinatural cenário da floresta
queimada e violentada pela guerra. Assim como veteranos de guerra, o poema “Cemitério
de vagalumes” sofreu diversas derrocadas em concursos literários durante anos
(mesmo amplamente derrotado, insisti nele) até ser finalmente consagrado no 7.º
Concurso Literário da AML.
Bem, considero que já falei até demais, afinal a melhor interpretação
sempre será a de cada um de vocês, amigos leitores, pois é a leitura e visão
pessoal de cada um de vocês que enriquecem os cenários da arte literária, dessa
nossa estimada, amada, idolatrada arte de solidão coletiva compartilhada. Na
ordem, posto os poemas dos iluminados artistalunos Carine, Patrick, Ester e
Emily, seguidos de meu poema premiado “Cemitério de vagalumes” e um vídeo com
minha leitura do escrito contemplado durante a Cerimônia de Premiação do 7.º
Concurso Literário da Academia Madureirense de Letras (AML), na tarde de 20 de
outubro deste ano.
Espero que gostem, curtam, questionem e comentem, amigos leitores! Paz
e Arte Sempre!
Linda paisagem ao redor
Vejo uma linda paisagem ao meu redor
com várias árvores e várias flores,
pássaros fazendo seus ninhos
e o sol exaltando as cores.
À noite, uma linda lua no céu
e várias estrelas a brilhar;
nunca vi nada tão lindo
quanto o sol de manhã chegar.
Vejo várias nuvens no céu
movimentando-se lentamente,
várias montanhas maravilhosas
e vários lugares diferentes.
Um dia lá fora
Fui lá pra fora e vi as nuvens brilhando.
Olhei pra meu lado
e vi meus amigos me acompanhando.
Olhei e fiquei emocionado
só de saber que tenho amigos de verdade
ao meu lado.
Outra maneira
Eu vejo o contraste
do sol com o céu azul,
as nuvens cobrindo
as montanhas verdes,
o vento balançando
as belas folhas
das árvores,
as flores vermelhas
que combinam com o amor.
Sinto o ar puro
das árvores,
o sol iluminando
seu lindo olhar.
E, por fim,
finalmente te enxergo
de uma outra maneira.
Conforme o vento
Eu vejo um lindo céu azul
em meio às montanhas
com o contraste do sol
entre as nuvens
iluminando seu sorriso.
As folhas balançam
conforme o vento.
As belas flores
pintam em meu coração
uma bela paixão.
E, no fim de tudo,
percebo que encontrei
um grande amor.
Cemitério de vagalumes
Foi ali, entre o verde sobrevivente
da floresta ferida pela guerra,
que encontrei seu corpo beijando a terra:
era uma menina, um pingo de gente.
Seu rosto trazia a noite que aterra
almas que buscam um sol no poente
e só encontram a morte iminente;
era mais um astro que a treva encerra.
Seus dedos inúteis para brinquedos...
Infância frágil que abranda rochedos...
Seu sangue tem cheiro de asa quebrada...
Corpo sem luz como estrela apagada...
- Por que os vagalumes morrem tão cedo? –
Pergunto em vão para o surdo arvoredo.
Levo o anjo morto pela leve estrada
E a paz breve pesa mil toneladas...
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