Todo ano, desejo a todos um Feliz e Próspero Ano Novo e todo
Ano Novo Próspero e Feliz é substituído por outro Ano que promete ser Ainda
Mais Próspero e Feliz. Ok, desta vez resolvi contrariar as estatísticas e tradições
do blog e postar um novo poema de Feliz Ano Novo, um poema nem tão novo, com um
desejo de felicidade nem tão feliz assim...
Feliz Ano Novo Antigo
Mais um ano novo começa
pisando no ano que finda
como todo novo engano
diante do velho em desencanto que agoniza.
365 dias, algumas horas e drogas legais etílicas
pra me desconhecer
(mesmo que eu prometa não mais beber,
o copo me convida
e sou objeto do objeto que me incita
mais me desconhecer
- é só mais um novo ano
de ilusões bem sucedidas,
período cheio de promessas vazias),
preparo-me para outra farsa festiva
ritualística
tradicionalmente iludida:
feliz ano novo, meu velho,
zeremos o jogo mais uma vez
sem ganhar nem perder.
Esperanças renovadas como trapos bem passados,
dançamos, prometemos, rezamos e retribuímos
o sorriso branco de futuro amarelecido do novo ano
que vem altivo
como todos os anos antigos quando recém nascidos,
como aquela eterna cena de cinema,
quando somos felizes para sempre
até que o The End passa
e a realidade se arrasta
e nos arrasta
pra fora das fábricas de ilusões.
E, mesmo assim, sonhamos,
continuamos
em novos velhos anos.
Vem, ano novo antigo,
vem sorrindo
e, mesmo que fugidio,
me beija, me abraça,
como chuva de alegria
que oculta velhas lágrimas.
Que se dane o amanhã de velhas ruínas inalteradas;
hoje governamos os castelos invisíveis
até que as sete ondas novamente os desmanchem:
feliz ano novo, meu velho, iluminemos as salas opacas
e abracemos felizes as estrelas impossíveis
até que os prósperos céus novamente as apaguem.
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