sexta-feira, 8 de junho de 2018

Solidões Compartilhadas: A Revolta Lírica da Revolucionária Poetamiga Gisleny Almeida


Segundo o Ibope, sete em cada dez brasileiros estão insatisfeitos com governo Temer. E olha que essa pesquisa é de abril deste ano – nem a greve dos caminhoneiros tinha ocorrido, nem o aumento abusivo dos preços do combustível, nem a crise de abastecimento, etc... A insatisfação com a classe política em geral é tão grande quanto a que temos com o desgoverno atual do Brasil. E isso não é de hoje, como podemos comprovar pelo poema da fodástica poetamiga teresopolitana Gisleny Almeida.
No ano passado, Gisleny (que já foi uma das grandes poetalunas da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, onde leciono) me enviou o fodástico poema de elevada revolta e crítica social com o qual compartilho minhas solidões poéticas hoje. Na época, ela me pediu que eu o declamasse em um evento, porém não tive a oportunidade de realizar o desejo dela (não houve microfone livre; entrei mudo e sai calado rs). Seja como for, outras oportunidades para declamá-lo virão. Por enquanto, divulgo-o como um grito calado, com um eu lírico feroz e disposto a atirar em versos cortantes todas as suas mágoas com os descaminhos da pátria que há tempos deixou de ser “mãe gentil”. Vale a pena destacar a energia lírica do poema, impulsionada pelo ritmo forte, pela escolha de palavras e expressões contundentes e pela rebeldia inabalável transformada em apelo poético (não se pode ignorar o vigor lírico da premiada poeta, traduzindo em versos a insatisfação de nossa nação).
Reflitamos e nos revoltemos juntos com o feroz eu lírico da fodástica poetamiga Gisleny Almeida, amigos leitores.

Ei, a injustiça tá demais
E ninguém se importa mais
Já cortaram nossas pernas
Já cortaram nossos braços
E ai, vai deixar que cortem mais?

Zumbi lutou tanto pra conquistar a liberdade
Tiradentes teve o corpo espalhado pela cidade
E hoje a liberdade tá ai, cativa e liberta
Será que a gente a utiliza de forma certa?

Justiça só contra pobre
Não é justiça, é ditadura
Não vão calar minha voz,
Nem vou me fazer de surda!

Teve quem tentou calar minha boca
E até me calava
Mas só com o meu dedo do meio
Falei tudo que eu precisava

No meu mundo, o dinheiro traz comida pra mesa...
Mas lá fora eu o vi levando maldade e frieza

Tristeza, fome, poluição
O mundo anda assistindo o mundo
Em defecação
Pessoas sendo compradas e vendidas
Sem nem ter noção.

Criminosos  amadores são presos,
Os profissionais são eleitos,
Um Brasil que não sabe lidar
Com seus eternos defeitos!

Eles ficam com a carne
Nós ficamos com a banha
A gente que dá duro
E só a massa corrupta e rica que ganha
Se isso é ordem o que é desordem então?

Então vamos lutar
E fazer nossa parte
Pessoas ordinárias
Não calarão nossa arte.



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