Segundo
o Ibope, sete em cada dez brasileiros estão insatisfeitos com governo Temer. E
olha que essa pesquisa é de abril deste ano – nem a greve dos caminhoneiros tinha
ocorrido, nem o aumento abusivo dos preços do combustível, nem a crise de
abastecimento, etc... A insatisfação com a classe política em geral é tão
grande quanto a que temos com o desgoverno atual do Brasil. E isso não é de
hoje, como podemos comprovar pelo poema da fodástica poetamiga teresopolitana
Gisleny Almeida.
No
ano passado, Gisleny (que já foi uma das grandes poetalunas da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, onde leciono) me enviou o fodástico poema de elevada revolta e crítica
social com o qual compartilho minhas solidões poéticas hoje. Na época, ela me
pediu que eu o declamasse em um evento, porém não tive a oportunidade de
realizar o desejo dela (não houve microfone livre; entrei mudo e sai calado rs).
Seja como for, outras oportunidades para declamá-lo virão. Por enquanto,
divulgo-o como um grito calado, com um eu lírico feroz e disposto a atirar em
versos cortantes todas as suas mágoas com os descaminhos da pátria que há tempos
deixou de ser “mãe gentil”. Vale a pena destacar a energia lírica do poema,
impulsionada pelo ritmo forte, pela escolha de palavras e expressões
contundentes e pela rebeldia inabalável transformada em apelo poético (não se
pode ignorar o vigor lírico da premiada poeta, traduzindo em versos a
insatisfação de nossa nação).
Reflitamos
e nos revoltemos juntos com o feroz eu lírico da fodástica poetamiga Gisleny
Almeida, amigos leitores.
Ei,
a injustiça tá demais
E
ninguém se importa mais
Já
cortaram nossas pernas
Já
cortaram nossos braços
E
ai, vai deixar que cortem mais?
Zumbi
lutou tanto pra conquistar a liberdade
Tiradentes
teve o corpo espalhado pela cidade
E
hoje a liberdade tá ai, cativa e liberta
Será
que a gente a utiliza de forma certa?
Justiça
só contra pobre
Não
é justiça, é ditadura
Não
vão calar minha voz,
Nem
vou me fazer de surda!
Teve
quem tentou calar minha boca
E
até me calava
Mas
só com o meu dedo do meio
Falei
tudo que eu precisava
No
meu mundo, o dinheiro traz comida pra mesa...
Mas
lá fora eu o vi levando maldade e frieza
Tristeza,
fome, poluição
O
mundo anda assistindo o mundo
Em
defecação
Pessoas
sendo compradas e vendidas
Sem
nem ter noção.
Criminosos amadores são presos,
Os
profissionais são eleitos,
Um
Brasil que não sabe lidar
Com
seus eternos defeitos!
Eles
ficam com a carne
Nós
ficamos com a banha
A
gente que dá duro
E
só a massa corrupta e rica que ganha
Se
isso é ordem o que é desordem então?
Então
vamos lutar
E
fazer nossa parte
Pessoas
ordinárias
Não
calarão nossa arte.
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