Hoje queria vir ao blog e postar somente notícias boas,
quentes como o sol no início desta manhã, como o retorno do Sarau Solidões
Coletivas, hoje, sexta-feira, dia 03/03/2017, às 19h, no Restaurante Variedade
& Sabor, situado na Travessa 27 de Janeiro, n.º 128, no bairro Água Fria
(próximo ao posto e ao batalhão da PM, em frente ao ponto de ônibus), mas trevas
de anos anteriores tornam a manhã nublada e muito infeliz: recebi a notícia de
que, na madrugada de hoje, meu tio, mestre, companheiro, amigão de fé, irmão
camarada, grande apoiador e influenciador de meus poemas, o mais-que-fodástico
tio João Gomes faleceu, após uma árdua luta contra um câncer.
É uma daquelas notícias que você 'já espera'; nas últimas
visitas que fiz à casa dele, percebia seu estado de saúde cada vez mais
debilitado (já havia citado meu desespero e desconsolo na última postagem que
escrevi em 2016: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2016/12/a-ultima-postagem-de-2016-carta-elegia.html),
mas a gente carrega aquela chama de esperança, a gente tenta se iludir, porém a
Morte, demônio realista, sempre vem pra nos desenganar. Sinceramente, nesse
momento, finjo estar de pé, falsamente firme, numa fraca atuação de sabedor de
que a morte paradoxalmente faz parte da vida, mas a alma afunda no desconsolo,
há trombas d'águas nos olhos que a natureza do meu corpo não consegue conter,
por mais que banque o durão, a ficha cai por mais que eu finja que ela não caiu,
eu me rendo - estou no chão... tá foda!...
A elegia que posto hoje é intitulada a pior elegia, pois é a
mais indesejada, a que jamais desejei escrever. Lembro-me da canção do Biquíni
Cavadão, "Impossível": "Como é difícil viver carregando um
cemitério na cabeça". Mas é dolorido, é muito difícil, mas é preciso...
seguir em frente... Está muito em cima da hora e o Sarau Solidões Coletivas
retorna, hoje, sexta-feira, dia 03/03/2017, às 19h, no Restaurante Variedade
& Sabor, situado na Travessa 27 de Janeiro, n.º 128, no bairro Água Fria
(próximo ao posto e ao batalhão da PM, em frente ao ponto de ônibus), vamos
celebrar a vida e lembrar de todos que partem de repente, vamos fazer um evento
de dor e folia, seguir em frente apesar do desconforto dos dias (foi sempre
assim e meu tio não gostaria que fosse diferente). A morte de meu tio pesa e soma-se
às cinzas do tema, vai ser barra segurar a onda, mas precisamos ir em frente,
mesmo com a dor eterna, os olhos roxos, o luto indesejado, vamos em frente, em
nome da poesia e da resistência, em honra a tudo que meu tio defendeu e lutou.
Arte (dolorida, mas) Sempre!
A pior elegia
Para João Gomes (in memoriam)
Hoje o sol me desperta com sombras de pesar.
As trevas do ano anterior bronzeiam com dor voraz
um março febril de um novo ano que tenta sorrir
em vão
e aquela velha canção do amigo de fé, do irmão camarada
ferem nossas antigas gargalhadas,
e todas as canções que você tocou pra mim
nos milhões de rádios, que, de tanto tocar, cansavam,
quebravam
em seu saudoso corcel vermelho
que, há pouco tempo, mesmo contrariado,
você vendeu,
e todos os caracóis de seus cabelos grisalhos,
outrora extensos, agora ralos,
e todas as canções que nós ouvimos juntos
em longas viagens pelo nosso pequeno mundo imenso
hoje são sinfonias fúnebres e caladas
que gritam no céu da boca silenciada.
Eu prometi pra mim mesmo que não faria mais elegias assim,
mas, na última vez que o vi, você me disse:
"Dói demais, sobrinho, eu sinto muito...
mas a hora chegou, eu tenho que partir!"
e a esperança, antes firme, apesar de desnutrida,
abandonou seus olhos e deixou em meus ombros,
após aquele último encontro,
a pressão constante da infalível e desconcertante despedida.
E agora é o adeus certeiro, previsto, mas terrível, pois
finaliza especulações,
e agora é chuva em mim, enchente sem fim, apesar do céu
aberto e sem trovões.
Esta é mais uma elegia que eu nunca quis escrever,
esta é a poesia mais triste que eu jamais quis fazer,
esta é a poesia mais triste, pois nasce sem vida,
como estação de rádio sem sinal, numa lembrança esquecida,
cheia de chiados e sem melodia
(o programa "Good Times", no mau tempo, não sintoniza...)
esta é a pior elegia que eu poderia conceber,
este é o pior poema, pois é o primeiro que escrevo sem
você...
Boa tarde, querido colega Carlos Brunno. Sou o Paulo R. de Oliveira Caruso (Presidente da Academia Brasileira de Trova), que o recebeu mais de uma vez para a entrega das medalhas e certificados do Concurso Literário anual da ALAP, no Centro do Rio. Parabenizo-o deveras por seu poema fodástico (expressão que coincidentemente eu uso há muitos anos, irmão! kkkkkkk. Uso tb espetacional. kkkkk). Sei que o motivo do poema é imensamente triste, dor esta que também já conheci e da qual ninguém consegue fugir, infaustamente. Entrarei em contato com vc por whatsapp, visto que não me olvidei do certificado que lhe prometera. Abraço grande.
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