Parece que foi ontem, mas
aconteceu há algum tempo atrás: o ano era 2010, eu lecionava na Escola Municipal
Nadir Veiga Castanheira, na região rural de Teresópolis/RJ (naquela época, nem
se fazia ideia de que, em menos de um ano depois, as trágicas chuvas de janeiro
de 2011 inundariam a escola e mudariam os rumos de nossos sonhos) e decidi
trabalhar poemas do Poeta-Maior Carlos Drummond de Andrade com os poetalunos do
nono ano da escola. Após apresentar-lhes os poemas do mestre itabirano, pedi
aos escritores-alunos que fizessem uma redação (crônica, prosa poética ou
conto) sobre Drummond. Foi mais um dia mágico (sim, tive muitos dias mágicos
com aquelas turmas) de produção textual drummondiana - cada artistaluno brindou
meus olhos leitores e outrora fatigados com um texto em prosa lírico e
renovador, um mais fodástico que o outro. Enviei diversos deles para concursos
literários, mas eles jamais ganharam uma honraria sequer - fato que julguei
injusto, pela extrema qualidade dos textos. Mantive-os guardados em pastas e em
arquivos no meu computador.
Gaby Ferreira |
Atualmente, Gaby Ferreira também dedica-se à música |
Um dos autores desses fodásticos
textos inspiradíssimos em Drummond foi Maria Gabriela Ferreira, que
reencontrei, há alguns dias, virtualmente, através da rede social facebook com
o nome Gaby Ferreira (na verdade foi Gaby quem me encontro e me deu a honra de
adicioná-la e reencontrá-la ao menos virtualmente). Foi uma espécie de sinal:
vi como um momento oportuno para trazer à tona alguns dos fodásticos textos
drummondiano que guardei por tanto tempo. Pedi a Gaby Ferreira e ela me
permitiu que eu publicasse o texto dela aqui no blog. Hoje compartilho pela
primeira vez minhas solidões poéticas com essa escritoramiga eternamente
talentosa, Maria Gabriela, a Gaby Ferreira - amigos leitores, vocês terão o
privilégio de ler uma das fodásticas prosas poéticas (no caso de Gaby, bem
metapoética, pois reflete fodasticamente sobre o próprio ato de escrever, como
Drummond curtia fazer) em homenagem a Drummond (e, é claro, esperamos outros
fodásticos textos de GAby Ferreira num futuro não muito distante!)
Fascinem-se, amigos leitores, com
a fodástica noite que o eu lírico de Gaby Ferreira teve com Drummond!
Uma noite com Drummond
Certa noite
tive um sonho, e, nesse sonho, me
encontrei com você, Drummond. Ouvi você suspirando e seus suspiros surgiam como
inspiração que entraram em minha mente e alimentaram a minha alma, mas você
nada me dizia...
Na noite seguinte,
tornei novamente a sonhar com ele e assim foram as três semanas seguintes:
todas as noites, eu dormia e lá estava ele, mas nem uma palavra.
Então
resolvi perguntar para aquele estranho e misterioso homem porque não
falava. Ele me respondeu que as palavras não podiam simplesmente ser ditas, mas
sim, examinadas, reescritas e
inspiradas, que pudessem ser entendidas e compreendidas de forma diferente.
Acordei e vi
que não serei poeta se as palavras forem jogadas ao vento, não serei poeta se profanar as palavras, palavras ao vento
não comovem ninguém. E o mundo não é mundo, se as palavras não fizerem
sentidos.
Depois disso
passei a ver a vida por outro ângulo, comecei a pensar antes de escrever, de
falar... Palavras, só por palavras, não valem a pena serem ditas...
A palavra tem
que penetrar, ser compreendida e amada,
pois, de todos os sentidos, o maior são as palavras. Palavras que encantam,
palavras que comovem, que dão vida, vida a um poeta que será eterno...
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