Hoje o carnaval das solidões compartilhadas continua e, desta vez,
compartilho minhas solidões poéticas, pela primeira vez, com outra poetamiga
voltarredondense, a fodástica Regina Vilarinhos, artistamiga que, assim como eu
e Rosangela Carvalho, consagrou-se como finalista na Categoria Poeta, do Prêmio
Olho Vivo 2015 (cujo resultado será divulgado numa cerimônia de gala,no Teatro
Gacemss, em Volta Redonda/RJ, na sexta-feira, dia 19/02, às 20h).
Conheci Regina Vilarinhos no dia
11 de maio de 2011, quando fizemos parte de uma Mesa Redonda chamada "A
Criação Literária e a Obra Exposta" , organizada pelo Mestre-Amigo Fábio
Elionar, na Universidade Geraldo di Biase, em Volta Redonda/RJ e só realmente
nos reencontramos (ao vivo, fora das interações virtuais) no ano passado,
quando ela me concedeu um espaço para lançar meu oitavo livro "Foda-se! E
outras palavras poéticas..." na II Bienal do Livro de Volta Redonda/RJ,
juntamente com a oportunidade de fazermos, unidos a outros artistamigos, uma
roda poética no evento (foi nesse evento do ano passado que conheci e reencontrei grandes poetamigos). A roda de poesia a que
me refiro pode ser vista em vídeo no link: https://www.youtube.com/watch?v=pd8_IqHvSkc
.
Regina Vilarinhos traz um lirismo vigoroso, profundo e fascinante, coleciona
premiações literárias e possui vários grandiosos projetos culturais. Hoje,
trago ao blog o mais-que-fodástico "Palavras na manhã fria", de sua
autoria, maravilhoso poema pra ser lido e relido, degustado não só em manhãs
frias, mas em todos os tempos, em todo passageiro eternamente. Também trago
hoje ao blog o clipe do poema, declamado pela própria Regina Vilarinhos.
Que nossos olhos amanheçam liricamente nestas noites de
quase-quarta-feira-de-cinzas-de-verão com o encantador poema de Regina
Vilarinhos, amigos leitores!
Palavras na manhã fria
As palavras foram colocadas lado a lado
friamente, naquela manhã,
e foram perdendo o sentido e
doçura que tiveram antes.
Os nomes das coisas, as luzes das coisas,
os dentes das coisas,
as orelhas das coisas
todas que sempre tiveram lar
ficaram permanentes
na natureza morta que estava na parede
e sobre a mesa de centro.
Não, um café não estava pronto
nem cheirava na cozinha o seu dia
amanhecendo.
O leite e o pão deixei para trás e
ainda ouvi os passos do leiteiro correndo pela
varanda, tonto e tropeçando no jornal caído na porta.
Pobre manhã a dele e a minha.
Um apito longe daquela usina longe
lembrou que a vida continuava do outro lado
da cidade, da porta, do jardim, do outro lado da neblina.
As horas riam loucamente do meu rosto no espelho,
as vozes da noite arranhando a parede do banheiro,
irritando a lembrança,
doendo o cinza na alma
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