Hoje mais uma diva deixa o palcos dos mortais e alcança os holofotes da eternidade. Faleceu hoje a sublime atriz, cantora e diretora teatral brasileira Marília Pêra. E o blogueiro-poeta-pateta que vos fala não poderia deixar de homenageá-la: deixo para os amigos leitores minha elegia a Marília, como aquele sorriso sublime que a gente sempre se lembra, mas que, em alguns momentos, nos lembramos tanto que dá vontade de chorar.
Em cartaz: Elegia para Darlene/Marília
À minha frente, Darlene segura o cigarro entre os dedos
mais apagado do que nunca, mas ela brilha.
- E agora, Darlene? O que fazemos? – encerro o silêncio.
Darlene tem aquela gargalhada trágica de Catherine
antes de atirar-se ao rio após a saída do teatro.
- Agora você bebe meu gim, meu querido,
O show deve continuar, mesmo eu partindo.
Um taxista de Truffaut toca insistentemente a buzina.
Darlene beija meu rosto com uma piada triste:
- Esse francês sempre me quis no além,
mas eu preferi excitá-lo com meu desdém.
Agora que serei sua vizinha,
que mal faz eu me divertir com ele também?
Darlene sai do palco com salto de diva,
os calcanhares de estrela morta que sempre brilha.
Antes de sair, dá outra risadinha:
- Ah, e pare de me chamar de Darlene,
meu nome é Marília;
lembre-se disso quando for me louvar
todos os dias.
Darlene/Marília parte,
mas ninguém no teatro ousa fechar a cortina.
O cartaz do teatro informa temporada infinita
para o sorriso de sua partida.
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