Faz quase um ano que eu aguardava um sinal positivo dessa fodástica
poetamiga para compartilhar seus poemas... E finalmente a espera terminou, amigos
leitores: hoje trago ao blog a poética multifacetada da hiper-talentosa Ana
Karolina, jovem artistamiga que conheci no ano passado, durante um Sarau
Solidões Coletivas, realizado na Comuna da Quinta das Bicas, no quintal da casa
de Gilson Gabriel, na Biquinha, em Valença/RJ.
Como todo artista revolucionário na escrita, Ana Karolina apresenta uma
poética múltipla, como podemos perceber nos dois poemas abaixo: em “Heaven and
Hell?”, seu eu lírico retoma a discussão de um tema já debatido na fodástica
canção “Heaven and Hell”, de Black Sabbath, porém, no poema de Ana Karolina, a
antítese, a oposição se apresenta de forma ainda mais acirrada, questionadora,
com uma vibração ora furiosa, ora melancólica, ora quase desesperançada, é um
poema-tempestade-da-desesperada-não-santa-trindade-dúvida-lirismo-e-fúria (o eu
lírico estende-se e atira todas as questões nas mazelas do inferno-céu de nossos
dias). Mas, se após ler “Heaven and Hell?”, você se julga capaz de desenhar o
estilo completo da poetamiga Ana Karolina, depara-se com uma outra face
completamente oposta em “Ainda é carnaval” – em completa oposição ao seu
antecessor, o eu lírico do segundo poema traz versos cheios de leveza, mística
euforia, amor e sutil sensualidade.
O Céu, o Inferno ou o Eterno Carnaval de Ana Karolina? Não sei a
resposta, amigo leitor. Faça como eu: na dúvida entre os 3, meus olhos ficam
com todas as opções, hipnotizados pela poética fodástica e singular de Ana
Karolina.
Em tempo: É claro que os fodásticos poemas de Ana Karolina estarão
presentes na próxima edição do Sarau Solidões Coletivas (ainda não sei se a
autora optará que ela própria leia ou se outros lerão por ela – o certo é que
os poemas serão lidos) no próximo sábado, dia 28/02, às 18h, quandorolará a
próxima edição do evento na Biblioteca Municipal D. Pedro II, em Valença/RJ
(Rua Padre Luna, 68, sl. 101, Centro, em frente ao Shopping 99).
Bom Céu, Bom Inferno e Bom Eterno Carnaval, amigos leitores!
Heaven and Hell?
Procurando pelas respostas vazias
De um algo amargurado
Com a noite cobrindo toda a alma
É o céu ou o inferno?
Um sonho que não sei se foi real
Um dejavu
Uma nostalgia
Responda-me é o céu ou o inferno?
Vidas perdidas
E consumidas
Ora, isso não é vida!
É o céu
Ou então inferno.
Um Deus que nos cala
Um paraíso gélido
E um inferno quente
Não fume, não beba,
Compre isso e aquilo
Não faça nada de errado
Siga os dogmas
Ou morra!
Serás punido!
É o céu ou o inferno?
É escuro,
Sussurram vozes, já cansadas de chorar
Que não aguentam mais gritar
Se há um Deus
Escute minha prece,
Dessas vidas que estão em decadência,
Do meu espírito que agora está em desistência!
É o céu ou o inferno?
É o vazio que nos consome
É o algo que nos corrompe
Faz parte do plano de Deus?
Ou tudo isso é apenas um inferno?
E eu grito!
Atrás de liberdade
Nossas almas suplicam:
Piedade!
Isso aqui é um pedaço esquecido
Eu não posso dizer
Eu não consigo entender.
É o céu ou o inferno?
Quantas almas compõem esse lugar?
Você consegue ver amor?
Você consegue ver por trás daquelas câmeras?
Em frente, sorria.
Céu ou inferno?
"It's heaven and
hell"
Eu não posso
questionar
Vão me castigar
Preciso fechar meus olhos e concordar.
Vão me castigar.
Não podem saber que descobri o que omitem!
É o céu ou o inferno?
Para onde as almas vão?
Depois de todos os gritos e dor?
Tolos!
Por que ainda sonham com o paraíso?
Não há céu nem inferno
Pois congelamos os dois
É só uma estrada
Repleta de espinhos!
Deus nos castigou.
Malditos pecadores!
Agora estamos sozinhos
É o céu ou o inferno?
Onde verdades não podem ser ditas
Onde verdades foram esquecidas
Esperando pelo dia que vão nos libertar!
Eu clamo em desespero pela quebra de tais correntes aqui em minhas
mãos.
Correntes invisíveis
Que me prendem a um nada!
É o céu ou o inferno?
Um Deus nos castigou!
Eu ainda busco a janela
E tento ainda respirar
Você consegue ouvir?
Acho que as almas estão morrendo
Ninguém aguenta mais
É só decadência
"Ficará tudo bem
Há um paraíso acima de nós
Que aguarda aquele que seguiu as leis"
Esse alguém não existe!
Essa alma também foi consumida!
Esquecida!
Estuprada!
Céu ou inferno?
Já não tem qualquer diferença.
Você consegue ouvir?
Os pecados consumiram todos.
Aquele grande livro se contradizia demais
Acho que só devemos seguir em frente
Sem olhar para os lados
Ou para cima.
Nenhuma alma foi salva
Deus castigou todos nós
Só há uma casca vazia
Que chamam de corpo
Uma massa fria
Que é controlada
Por alguém do céu...
Ou do inferno?
Eu já não sei qual é qual..
Eu só espero pelo dia que vão quebrar minhas correntes
Eu só espero pelo dia que o céu e o inferno serão diferentes
Diferentes daqui
Diferentes dessa vida.
Eu só espero
Esperarei nessa estrada de espinhos
Sempre em frente!
Eu estarei por aqui
Andando com as correntes invisíveis nos pés
Até o dia que não aguentar e cair
E perecer
E ver meu corpo
Sendo jogado na terra
sendo consumido pelos vermes.
Meu corpo não significa nada
E aqui onde estou não há dignidade
Talvez os vermes n ãoestejam apenas na terra
É o céu ou o inferno?
Eu não compreendo nada mais.
Onde estão os sonhadores?
Eu repito:
Onde estão os sonhadores?
E quem vai nos salvar agora?
É um apocalipse
E que deus nos proteja...
Não mais!
Porque ele está nos punindo
Ninguém aguenta a fúria dos deuses
O céu e o inferno agora são iguais
Você não pode ir contra o destino
A hora de fazer isso passou, você podia, não pode mais
Um último grito
Eu pergunto a vocês
É o céu ou o inferno? É uma casca vazia
É o nada
São só pessoas sonhando com o modo de vida perfeito
Engolindo mentiras
E aceitando tudo o que é imposto!
Oh malditas correntes!
Quebrem-se!
Preciso dar um fim nos protótipos.
Por favor! Eu suplico!
Eu vou aguardar
Vou rezar
Ajoelhar
Eu preciso sobreviver
O resto de minha alma vai aguentar
Eu vou sustentar meu corpo
Até essa corrente que nos prende quebrar.
Ainda é carnaval
Meu coração é pura folia
Por te guardar
É samba
É riso
É fantasia
E mais um pouco
Ao te abraçar
É uma alegria repentina
Poder te chamar de meu
Se enrola que nem serpentina
Meu corpo no seu.
Minha felicidade como confete
Se espalha por aí por te ter como vendaval
E em mim, então,
É sempre carnaval.
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