quarta-feira, 26 de junho de 2013

Protesto linguístico: Microconto contra a reforma ortográfica cheia de ideia errada

Já que estamos num período de intensos protestos, venho aqui, como escritor e professor, manifestar minha insatisfação com a mais recente e mais famigerada reforma ortográfica, que nada modificou na nossa complicada Língua Portuguesa (os acentos que possuíam lógicas cabíveis foram derrubados, enquanto o bendito hífen continua com regras loucas e cheias de exceções e a nossa ortografia permanece cheia de letras com bilhões de sons parecidos – pra complicação [não era pra facilitar?] comercial e educativa do Português, tantas vezes amaldiçoados por nossos alunos e demais pessoas usuárias dessa droga de língua confusa. Entendam, amo nossa Língua Portuguesa, mas detesto como os gramáticos a maltratam – eles podiam ter dado umas vestes mais simples no armário de perua que nossa língua possui, mas preferiram só retocar a maquiagem com produtos importados (a supressão dos acentos diferenciais é mera imitação da língua inglesa – vide to live [morar] and to live [viver]) e deixá-la mais perua ainda na última reforma ortográfica. A reforma foi tão escrota que precisamos comprar os manuais de explicação - que custam caro pra k...aramba - dos mesmos que reformaram a língua para 'o nosso bem' e melhor relação com o que cada vez nos afasta mais da lucidez.
O microconto abaixo surgiu num desses momentos de revolta com a reforma, foi classificado no ano passado numa coletânea de microcontos da Sul Info Publicações, mas, como não tenho como dar um exemplar para cada amigo leitor, divulgo o microconto aqui no blog, junto com os manifestos “Fora CH – dígrafo é pra contrariar; se já existe o x, pra que complicar?”, “X e S com som de z é só pra nos f..azer de otário”  e “Sem acento como posso fazer meu verdadeiro voo? Quero voo com o acento do enjoo de volta!” 

Reforma ortográfica  

Chorou mais uma vez a morte de sua personagem. O conto do pássaro visto à beira do mar estava falido. Queimou os escritos. Sua ave não voaria mais no horizonte longíquo. Os novos tempos rejeitam os seus velhos escritos.

     O voo não possuía mais o circunflexo da gaivota.


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