Apesar de ser um gênero textual pouco apreciado por pessoas
que se consideram ‘muito adultas e realistas’ (num mundo infantilizado e
surreal, como o atual, não considero classificar-se assim – embora o
interlocutor considere o contrário - como algo muito maduro), o poema, renegado
pelo universo galanteador de trabalhos forçados e defensor da ilusão de
enriquecimento fácil, mantém seus palácios de cristais absolutos nos reinos dos
leitores e escritores mais jovens. Com base na minha experiência de professor,
o que consequentemente me permite que mantenha contato constante com o universo
adolescente, tenho o privilégio de perceber que a poesia, tão rejeitada pelos
mais rigorosos ostentadores da realidade opressiva, a poesia, essa coisa estranha
e tão linda, que não deveríamos abandonar por mais ferina que seja nossa
rotina, a poesia permanece viva, impávida, colossal, graças principalmente aos
mais jovens, aos ainda capazes de sonhar e de acreditar. Um exemplo iluminado e
singelo disso está nas solidões compartilhadas de hoje: num mundo
constantemente agredido por discursos de ódios e imbecilidades ‘adultas’ governamentais,
poetalunas brilhantes como Maria Eduarda Rodrigues conseguem sublimar a
opressão diária e dedicar valiosos momentos de sua vida para dedicarem-se à
(ainda, apesar dos pesares) maravilhosa arte da escrita poética, do rico
cultivo do lirismo, para defenderem com ardor artístico a primazia do
multifacetário sentimento chamado amor.
Trago hoje para os amigos leitores um dos maravilhosos
poemas de amor de Maria Eduarda Rodrigues, artistaluna da Escola Municipal
Alcino Francisco da Silva, da região rural de Teresópolis/RJ. O poema abaixo,
intitulado “Então”, é de sua autoria e foi escrito e entregue a mim logo no
início deste ano letivo (não, não valia ponto; é fruto da paixão lírica por
escrever sem necessidade de retribuição, tendo como base a necessidade de expressar
poeticamente suas reações diante desse sentimento confuso e ao mesmo tempo
inebriante chamado amor).
Esta é a primeira de muitas solidões compartilhadas com esta
escritora fantástica chamada Maria Eduarda Rodrigues (e rebeldemente
autointitulada como ‘Poeta sem noção’). Abram os olhos e o coração e deixem a poesia e a emoção guiarem-nos, amigos leitores!
Então
Não sei como explicar o que sinto por você,
Não sei como dizer se é pra valer,
Não sei se gosta de mim,
Não sei nem o que fazer,
Não quero me magoar,
Nem fazê-lo sofrer.
Tô me envolvendo muito,
Sem medo de me prender.
Quero ver o seu sorriso,
Quero estar perto de você,
Quero poder ajudá-lo quando mais precisar,
Quero seu corpo abraçar,
Quero fazê-lo feliz de um jeito que nunca se viu.
Não gosto de deixar de ver você,
Não gosto de vê-lo perto de ninguém,
Sei que tenho ciúmes,
Mas só defendo o que chamo de meu...
Maria Eduarda Rodrigues
Poeta querido,
ResponderExcluirQue belo poema você nos traz. Como é rica e lírica a adolescência dos sentimentos que se dão em qualquer idade. Como é intenso e genuíno o "Então" dado como início do que se quer dizer mas às vezes fica sem jeito de falar e depois que enche os pulmões de coragem, se revela. Então quero claramente expressar meu encanto pela defesa dos sentimentos e a liberdade que a poesia nos proporciona. O poema da Maria Eduarda sabe bem se colocar no mais alto da verdade pessoal, defende o que ama e cuida sensivelmente do que acrescenta também pulsão à vida. Adorei!
Beijos!
Raquel Leal
Versos adolescentes fluindo... apesar das pedras no caminho!
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