É isso, amigos leitores, mais uma vez re (re-re-re)torno ao
blog, após novo desaparecimento. Por favor, entendam (ou melhor, ao menos,
aceitem), tenho passado há anos por um processo de reavaliação acerca de tudo
que defendi e me dediquei minha vida toda: arte, educação e diversão. O tempo
vai passando e essa equação vai ficando complicada – minha arte passa por
momentos de ceticismo lírico e desânimo alternado a efêmeros momentos de
glorioso (mas, como já disse, passageiros) entusiasmo; o meu trabalho na
educação vive um período de incertezas e necessidade de novas sustentações; a
diversão às vezes é maravilhosa, mas a sensação de escapismo e vazios muitas
vezes a esgota. Não sei o que esperar dos novos tempos (se é que os novos
tempos são realmente novos ou apenas velhinhos retrógados querendo o fim de
eras mais contemporâneas e antenadas com os novos paradigmas...)... O socrático
“Só sei que nada sei” nunca fez tanto sentido como atualmente; desconfio de
tudo e mais ainda de mim mesmo. Sim, também não me sei. E, nesse ponto, fica
difícil às vezes vir aqui ao blog, publicar, escrever, sem me sentir, ao mesmo
tempo que uma teimosia, um senso de resistência lírica lateja em meu coração,
Por isso, retorno com um poema premiado meu, premiado com publicação há algum
tempo atrás, mas, por algum louco motivo ou estranho esquecimento, eu ainda não
havia publicado no blog. Sim, há outros recentemente premiados e ainda não
postados, há muitas solidões líricas de artistamigos e artistalunos para serem
compartilhadas; apesar da crueza do dia a dia, ainda existe muita poesia! E,
por isso, mais uma vez, voltei, e muitas vezes mais sumirei e voltarei, sempre
voltarei.
O poema de hoje, “Os últimos suspiros de Ícaro nos olhos
assustados de Dédalo” (sim, com título que remete à mitologia grega, bem ao
gosto dos clássicos, que eu curto sem vergonha, apesar de também adorar flertar
com o marginal e me relacionar ardentemente com a contracultura; sou um poeta
de fases, me equilibrando em inusitadas polaridades), foi premiado entre os 25
poemas selecionados para a coletânea do Concurso Literário Prêmio VIP de Literatura, de
Maringá/PR, e, finalmente, chega ao blog. Não poderia escolher melhor hora: o
poema reflete bem o meu estado de espírito atual; fala sobre transitoriedade da
vida, das coisas, e a busca incessante por mais uma fagulha de renovação da
vida, apesar do contínuo envelhecimento de si e do mundo ao redor. Somos meio
Dédalos; queremos a magia do voo, mas a vida, esse Ícaro sempre jovem e
impetuoso, muitas vezes se atira contra o sol e nos expõe a fragilidade do sonho,
a possibilidade do fim.
Espero que gostem do poema (demoro pra publicar, mas, quando
o faço, posto sempre de coração aberto). Abraços, Suspiros Líricos e Arte
Sempre, amigos leitores!
Os últimos suspiros de Ícaro nos olhos assustados de Dédalo
À medida que a minha idade se aproxima
dos ponteiros sem cordas, da hora mal vinda,
meus olhos ficam rasos, temo olhar pra cima;
o sol ri em minha face, mas sou noite infinda.
Quando meu corpo visita o velho quintal,
observo meu jardim de flores esquecidas;
ventos frios sopram sem sonhos o roseiral
e já assombram as alegres margaridas.
À medida que o meu verde ganha tons cinza,
lamento minha juventude colorida,
elevando alegrias ao que é ranzinza;
sou Dédalo vendo de Ícaro a partida.
Às vezes, no silêncio de meu quarto escuro,
lembro os mitos mortos pela ânsia desmedida
de alcançar o celeste, apressando o futuro
e choro a tolice de outrora, a asa ferida.
À medida que a morte bate em minhas portas,
preparo um novo discurso de despedida,
tentando retas sem fim em vãs linhas tortas;
quanto mais o céu me chama, mais chamo a vida!
Eu não sei, sempre fui a favor da alegria e entusiasmo, mas o fato é que a tristeza bem narrada se traduz numa beleza sem fim, como esse seu poema... Beijo grande, poeta!
ResponderExcluirLindo poema! Traduz bem a angustia de viver no passado e no futuro, algo tão presente nas ansiedades nossas de cada dia. Uma amiga me disse esses dias, que o futuro não existe e jamais vai existir pois ao chegar, será presente. O passado existiu e vive na nossa memória mas também não existe. Só o presente existe de fato. Essa preocupação com o que não existe nos rouba a possibilidade de contemplar e agradecer pelo presente. Como se livrar disso?
ResponderExcluirLer um bom poema nos faz imaginar coisas e viajar na emoção do autor. O tempo provoca mudanças,questionamentos,até cobranças.Que bom não sermos sempre os mesmos,oscilarmos e podermos mudar. Estaremos assim,como a natureza, nos renovando. Muito bom ler Carlos Brunno! Sensibilidade ímpar!
ResponderExcluirMeu nome é Lucy carvth Johnson , do Canadá, quero dizer ao mundo rapidamente que existe um verdadeiro feitiço on-line que é poderoso e genuíno. Seu nome é Drigbinovia. Recentemente, ajudou-me a reunir meu relacionamento com meu marido que me deixou. Quando entrei em contato com Drigbinovia. , ele lançou um feitiço de amor em mim, e meu marido, que disse que não tinha nada a ver comigo, me ligou e começou a implorar para eu voltar. Agora ele está de volta com tanto amor e cuidado. Hoje tenho o prazer de informar que este conjurador tem o poder de restaurar um relacionamento rompido. porque agora estou feliz com meu marido. Para quem lê este artigo e precisa de ajuda, Drigbinovia também pode oferecer qualquer tipo de ajuda, como curar todos os tipos de doenças, casos judiciais, períodos de gravidez, proteção espiritual e muito mais. Você pode contatá-lo através de seu e-mail doctorigbinovia93@gmail.com chamada ou adicioná-lo no WhatsApp com o seu número de telefone +2348144480786
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