As chuvas lentas e tímidas de outono sempre me provocam poemas estranhos. Este é mais um, inédito, acróstico com diagnóstico de loucura
sã. Não sei o que dizer sobre ele – a chuva outonal o fez assim e assim ele
abraça os seus olhos de outono encharcado de lágrimas preguiçosamente caída
como folhas desabadas das árvores, levemente em vão.
O que eu quis dizer? Nem meus eus mais secretos, nem eu mesmo sei, amigo leitor, e, mesmo se eu soubesse, não diria, pois muitas vezes a arte consiste em não dizer os segredos que ela tem, é 'subjetivativativista', depende dos olhos de quem lê, de quem lhe dá vida. Leia-me e diga-me você, amigo leitor inimigamigo, possuidor e possuído da minha estranha poesia.
Acróstico sereno
outonal
Cá estou eu em
trevas solares.
Hoje a noite pálida
amanheceu timidamente tempestuosa em mim
Unindo cansaços
bem sucedidos à melancólica preguiça existencial
Vicejando
begônias e ervas daninhas no solo ácido e misto de meu jardim outonal.
A chuva fina e
frígida abre calorosas cicatrizes obscuras em meu sol sereno.
Deveria o sorriso
torto e sem jeito fazer rima tosca com leves desesperos?
Espero respostas
que os pingos franzinos deste orvalho equivocado não têm.
Outra vez me
surpreendo dançando atabalhoado e quase parado entre poças mal formadas,
Urdidas por uma
garoa artista que pacientemente expõe suas telas sinfônicas de impaciência
Tracejadas nas ruínas
gritantes das públicas calçadas solitárias e abandonadas.
Outrora a tarde
sorria sem pudor; hoje também sorri, mas com indisfarçada monotonia:
Nobre natureza
rainha invade o reino urbano cinza com rurais lamentos de verdes vãos.
Outra vez a chuva
lenta e tardia irriga meu frágil deslumbramento com sins banhados de nãos...
"Chuva de outono", óleo sobre tela, de Isabella Busato. Disponível em: http://www.isabellabusato.com.br/portfolio_page/chuva-de-outono/ |
Boa noite Carlos
ResponderExcluirAchei o seu Blog
Eu sou o Joãozinhogibi..Lembra?
Muito legal o seu espaço para compartilhar poesias
Queria deixar um pequeno poema ,que me veio a mente aqui agora...direto dos meus pensamentos...vou começar a digitar para não perder a idéia...
SONHOS
sonhos sonhados
Sonhos perdidos
Sonhos vividos
Sonhos lamentados
Sonhos distantes
Não importa os sonhos que sonhamos ..
Se estão perto ou longe
Se são apenas sonhos ou desejos não alcançados
Quando sonhamos damos sentido a vida
vislumbramos uma meta a alcançar
criamos força e coragem para superar os obstáculos da vida
Quando sonhamos nos desafiamos
vivemos de desafios e sonhos
Isto nos motiva a lutar e viver
quando alcançamos e realizamos um sonho
nos renovamos e criamos outros sonhos
Porque sonhos são desafios que nos mantém vivos
Quando deixamos de sonhar
perdemos o sentido da vida
perdemos a graça de viver e realizar...
Por isso sonhamos
Não importa se vou alcança los ou não
Mas o desafio de vive los
Já me torna Feliz
Viva sempre os seu sonhos , contagie outras pessoas ,chame as para viverem também...
Se um sonho acabar ,comece outro ,invente....Mas não deixe de sonhar.
Uau! Fico muito feliz em revê-lo mesmo à distância virtualmente e mais feliz ainda em ver a poesia ressuscitar em ti de forma tão esplendorosa! Belíssimo sonho poema, querido e fodástico superartistamigo Joãozinho!
ExcluirQuando quiser, fazemos uma 'solidão compartilhada' com textos novos (yeah, fico muito, muito feliz em ver tua poesia renovada!) e antigos. Pode me enviar também via e-mail: carlosbrunno2010@gmail.com . Bem-vindo, mestre poetamigo!
Ps.: Em saraus próximos, hei de declamar poemas seus! ;)
Achei o livro, mandei a capa e duas poesias para o seu email...não sei se vai dar para ler
ExcluirOlá, poeta!
ResponderExcluirGosto muito desse poema seu. Nele, vejo claramente a imagem dos versos lidos e lindos à iluminarem a garoa fina da cidade cinza que sempre disfarça alguma lágrima perdida.
Beijos,
Raquel Leal