sexta-feira, 6 de julho de 2018

Os mais que fodásticos Planos e Poemas de Nanny Oliveira


E, mais uma vez, a Seleção Brasileira, “a pátria de chuteira no pé”, é eliminada nas quartas de final  da Copa do Mundo  (já colecionamos 4 eliminações [3 nas quartas] para seleções europeias, cujos países possuem um índice muito superior ao nosso no investimento em saúde, educação e, pasmem, até no esporte do qual somos tão vidrados). Como afirma a fodástica escritoramiga valenciana Nanny Oliveira, com sua ironia lírica sutil, “pelo jeito, acabou a alegria do brasileiro, volta a rotina... Fora Temer, abaixar a gasolina.... e não ser liberado mais cedo do trabalho!”
E por que estou falando da fodástica artistamiga Nanny Oliveira? Porque, pela primeira vez no blog, tenho a honra de compartilhar minhas solidões poéticas com os mais que fodásticos escritos dela. Conheço Nanny Oliveira há tempos, antes mesmo de ela surgir com esse quase pseudônimo (na verdade, é uma espécie de diminutivo do nome dela – e fato poético: com essa diminuta alteração, ela revelou sua grandeza lírica). Conhecia-a com seu nome de batismo, com seu nome do dia a dia, da rotina e das muitas vezes que nos esbarramos na zoeira ou no caminho para casa (somos de bairros vizinhos em Valença/RJ). Já a Nanny Oliveira conheço há pouco frequentando a rede social virtual facebook (“como eu não conhecera esse lado lírico dela antes?”, minha alma sedenta pelo vigor da fodástica poesia me pergunta, constrangida) não deixa de ser a Regiane dos dias a dias às vezes loucos, às vezes simplesmente iguais a outros dias,  vive a mesma rotina, mas a sublima com um lirismo espetacular. Ela mesma se define: “Não sou fofa, não sou doce, sou amorosa com quem sabe extrair o meu melhor. Mas sei uma aspereza, uma rispidez e um sarcasmo que não desejo a ninguém. Isso pode ser chamado de crueldade. Eu chamo de posicionamento”. 
Sua prosa poética e seus contos breves, todos sem títulos, atirados à efemeridade das publicações no facebook,  trazem aquela alma esfacelada, mas rebelde, lutadora, resistente, grandiosa apesar de toda a falta de grandeza nos nossos dias (sim, combina exatamente com minha estética de “poeta da derrota gloriosa”; sim, foi fascínio à primeira vista ler as atualizações líricas de Nanny Oliveira). Como blogueiro e criador da seção das Solidões Compartilhadas, espaço onde apresento novos, velhos e eternos fodásticos autores amigos, não podia deixar esses textos apenas no espaço passageiro das publicações do facebook, pedi, implorei que Nanny Oliveira liberasse seus fodásticos escritos para serem postados aqui no blog. E ela disse sim! (Fiz o sinal da Cruz e Sousa quando ela permitiu, agradecendo a todos os Deuses da Poesia por essa sublime permissão).
Pensam que eu estou exagerando, amigos leitores? Pois então leiam, amigos, e tenho certeza de que ficarão tão fascinados quanto eu pelos mais que fodásticos escritos líricos de Nanny Oliveira. Boa leitura e Arte Sempre!

“Seu Moço, acordei me perguntando por que a vida é essa reunião de sucatas e sucessão de ressacas. Pedaços de sonhos enferrujados espalhados pelo chão. Abraços a doses de euforia escorridas pelos dedos da mão. Pés bambeiam em lugar nenhum, coração se machuca em jejum e a cabeça lateja.
Veja: o nosso intento é um infortúnio. Por que destinos e bebidas sempre fogem ao nosso intuito? A gente se embriaga de planos e poemas e, no fim, nenhum sorriso é gratuito. Eu só pretendia colocar para fora o desejo que me preenche o peito e engolir uma garrafa cheia de mundo. É pedir muito?
Eu queria só por uma vez pagar a conta e chegar em casa com a certeza de que a felicidade realmente exige pouco. Mas, se tiver somente moedas de dor, Seu Moço, dessa vez não precisa trazer o troco.”
Nanny Oliveira



“Reconstruí meus dias do que não deixei ficar pelo caminho e percebi que o que restou foi minha mais pura essência.
Mergulhada em mim,decifrei todos os meus mistérios,encontrei a saída dos labirintos que o tempo causou,cicatrizei feridas que sofriam por doer,apaguei mensagens antes gravadas,que martelavam em meu ser de forma ensurdecedora.
Busquei a coragem que se acovardara na incerteza.
Agora me vejo inteira com as quatro estações dentro de mim: sei onde buscar meu sol e a hora de me deixar florir!”
Nanny Oliveira



“E bateu a exaustão.
Não, não da quarta-feira, mas sim dessa gente hipócrita e mesquinha, que fala uma coisa e faz outra, e que não faz nada de útil.
Bateu a exaustão dessas pessoas de sentimentos passageiros, do "eu te amo" sem valor algum que é dito como se fosse um "oi, tudo bem?".
Ela anda sem paciência com a maioria das pessoas, até se culpa por isso, mas não entende como atrai tanta gente imbecil pra sua vida.
Bateu a exaustão, das promessas não cumpridas, de doar-se e não ter o menor sinal de reciprocidade, de tentar resolver os problemas de todo mundo, e só receber ingratidão em troca.
E agora ela cansou de apanhar da vida, não vai bater de volta, não vai ficar revoltada, nem muito menos querer vingança por sofrimentos passados.
Bateu o amor próprio, ela apanhou todos os sorrisos que deixou pelo caminho e seguiu.”
Nanny Oliveira



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