E, mais uma vez, a Seleção Brasileira, “a pátria de chuteira no pé”, é
eliminada nas quartas de final da Copa
do Mundo (já colecionamos 4 eliminações
[3 nas quartas] para seleções europeias, cujos países possuem um índice muito
superior ao nosso no investimento em saúde, educação e, pasmem, até no esporte
do qual somos tão vidrados). Como afirma a fodástica escritoramiga valenciana
Nanny Oliveira, com sua ironia lírica sutil, “pelo jeito, acabou a alegria do
brasileiro, volta a rotina... Fora Temer, abaixar a gasolina.... e não ser
liberado mais cedo do trabalho!”
E por que estou falando da fodástica artistamiga Nanny Oliveira? Porque,
pela primeira vez no blog, tenho a honra de compartilhar minhas solidões
poéticas com os mais que fodásticos escritos dela. Conheço Nanny Oliveira há tempos,
antes mesmo de ela surgir com esse quase pseudônimo (na verdade, é uma espécie
de diminutivo do nome dela – e fato poético: com essa diminuta alteração, ela
revelou sua grandeza lírica). Conhecia-a com seu nome de batismo, com seu nome
do dia a dia, da rotina e das muitas vezes que nos esbarramos na zoeira ou no
caminho para casa (somos de bairros vizinhos em Valença/RJ). Já a Nanny
Oliveira conheço há pouco frequentando a rede social virtual facebook (“como eu
não conhecera esse lado lírico dela antes?”, minha alma sedenta pelo vigor da
fodástica poesia me pergunta, constrangida) não deixa de ser a Regiane dos dias
a dias às vezes loucos, às vezes simplesmente iguais a outros dias, vive a mesma rotina, mas a sublima com um
lirismo espetacular. Ela mesma se define: “Não sou fofa, não sou doce, sou
amorosa com quem sabe extrair o meu melhor. Mas sei uma aspereza, uma rispidez
e um sarcasmo que não desejo a ninguém. Isso pode ser chamado de crueldade. Eu
chamo de posicionamento”.
Sua prosa poética e seus contos breves, todos sem títulos, atirados à efemeridade
das publicações no facebook, trazem
aquela alma esfacelada, mas rebelde, lutadora, resistente, grandiosa apesar de
toda a falta de grandeza nos nossos dias (sim, combina exatamente com minha
estética de “poeta da derrota gloriosa”; sim, foi fascínio à primeira vista ler
as atualizações líricas de Nanny Oliveira). Como blogueiro e criador da seção
das Solidões Compartilhadas, espaço onde apresento novos, velhos e eternos
fodásticos autores amigos, não podia deixar esses textos apenas no espaço
passageiro das publicações do facebook, pedi, implorei que Nanny Oliveira
liberasse seus fodásticos escritos para serem postados aqui no blog. E ela
disse sim! (Fiz o sinal da Cruz e Sousa quando ela permitiu, agradecendo a
todos os Deuses da Poesia por essa sublime permissão).
Pensam que eu estou exagerando, amigos leitores? Pois então leiam,
amigos, e tenho certeza de que ficarão tão fascinados quanto eu pelos mais que
fodásticos escritos líricos de Nanny Oliveira. Boa leitura e Arte Sempre!
“Seu Moço, acordei me perguntando por que a vida é essa reunião de
sucatas e sucessão de ressacas. Pedaços de sonhos enferrujados espalhados pelo
chão. Abraços a doses de euforia escorridas pelos dedos da mão. Pés bambeiam em
lugar nenhum, coração se machuca em jejum e a cabeça lateja.
Veja: o nosso intento é um infortúnio. Por que destinos e bebidas
sempre fogem ao nosso intuito? A gente se embriaga de planos e poemas e, no
fim, nenhum sorriso é gratuito. Eu só pretendia colocar para fora o desejo que
me preenche o peito e engolir uma garrafa cheia de mundo. É pedir muito?
Eu queria só por uma vez pagar a conta e chegar em casa com a certeza
de que a felicidade realmente exige pouco. Mas, se tiver somente moedas de dor,
Seu Moço, dessa vez não precisa trazer o troco.”
Nanny Oliveira
“Reconstruí meus dias do que não deixei ficar pelo caminho e percebi
que o que restou foi minha mais pura essência.
Mergulhada em mim,decifrei todos os meus mistérios,encontrei a saída
dos labirintos que o tempo causou,cicatrizei feridas que sofriam por
doer,apaguei mensagens antes gravadas,que martelavam em meu ser de forma
ensurdecedora.
Busquei a coragem que se acovardara na incerteza.
Agora me vejo inteira com as quatro estações dentro de mim: sei onde
buscar meu sol e a hora de me deixar florir!”
Nanny Oliveira
“E bateu a exaustão.
Não, não da quarta-feira, mas sim dessa gente hipócrita e mesquinha,
que fala uma coisa e faz outra, e que não faz nada de útil.
Bateu a exaustão dessas pessoas de sentimentos passageiros, do "eu
te amo" sem valor algum que é dito como se fosse um "oi, tudo
bem?".
Ela anda sem paciência com a maioria das pessoas, até se culpa por
isso, mas não entende como atrai tanta gente imbecil pra sua vida.
Bateu a exaustão, das promessas não cumpridas, de doar-se e não ter o
menor sinal de reciprocidade, de tentar resolver os problemas de todo mundo, e
só receber ingratidão em troca.
E agora ela cansou de apanhar da vida, não vai bater de volta, não vai
ficar revoltada, nem muito menos querer vingança por sofrimentos passados.
Bateu o amor próprio, ela apanhou todos os sorrisos que deixou pelo
caminho e seguiu.”
Nanny Oliveira